O ninja e o mentecapto
A milenar batalha entre Deus e o diabo tem o planeta como cenário, e a vontade humana, como alvo. Afinal, ensina a Bíblia: “Sois servos de quem obedeceis...” Rom 6; 1.
O contraditório disso, é que o traidor conquistou obediência, ao prometer independência. Tanto que, na soleira da porta dos que querem entrar para o Reino de Deus, o Senhor escreveu: “Negue a si mesmo, tome sua cruz e siga-me”. Luc 9; 23
Por que demandaria o Senhor esse aparente niilismo, essa negação da personalidade, Deus quer nos anular? Não. Esse “si mesmo” já não é o si original, está poluído pelo modo de pensar e agir do príncipe desse mundo. “A criação ficou sujeita a vaidade por causa do que a sujeitou.” Rom 8; 20
Ademais, mesmo essa autonegação, é um exercício da vontade. De que é feita essa, a vontade? Bem, para movê-la, é preciso comunicar, convencer, em alguns casos, coagir, o que demanda certa violação.
Comunicar, quer dizer, tornar comum, determinada meta, visão, valoração, propósito... precisamente o que faço agora. Convencer são outros quinhentos. Como a palavra sugere, é uma vitória conjunta, vencer com. Para tanto, às vezes é preciso dobrar concepções, conceitos e preconceitos, contando sempre com a lisura intelectual do interlocutor, leitor, ouvinte.
Porém, ao colidirem o intelectivo e o volitivo, não raro, esse último prevalece, a vontade atrofia a inteligência, engendrando a desonestidade intelectual, refém que está do querer enfermo.
Por exemplo, a teoria da evolução, afronta a uma inteligência honesta, uma vez que, é eivada de lacunas e incongruências; ademais, com a descoberta do DNA, que, ensina a imutabilidade do genótipo, como poderia acontecer essa mudança do fenótipo a ponto de termos tal diversidade em nossa fauna? (Genótipo: tipo genético; fenótipo: aparência, forma, das espécies)
Contudo, ainda figura incólume nos currículos escolares, possivelmente porque não é vontade dos que controlam isso, ensinar a existência de um Criador.
Ontem, deparei com um texto no Recanto, onde seu autor fazia uma terra arrasada dos “crentes” chamando-os (nos) de “sepulcros caiados” “fariseus hipócritas” entre outros impropérios, sem fazer distinção ou ressalva alguma; disse mais, que temos o péssimo hábito de apresentar a Jesus “como antídoto do inferno”.
Depois de seus elogios, exortou aos seus leitores a “viverem um cristianismo verdadeiro, segundo as palavras de Cristo”. Ora, tal diatribe pecou pela generalização e pela incoerência, me levando a pensar que, uma imensa má vontade, tornou obtusa a mente desse virtuoso paladino da verdade.
Quem lê o que escrevo sabe que pego pesado com toda sorte de hipocrisia religiosa, seja de crentes, católicos, ateus, mas, sempre refiro objetivamente o que critico, não faço acusações ocas, ou genéricas.
Ora, o sujeito primeiro nos acusou de apresentar Cristo como a fuga do inferno, depois, nos exortou a vivermos segundo as palavras Dele? Pois, essas palavras abaixo, são Do Senhor: “Mas eu vos mostrarei a quem deveis temer; temei aquele que, depois de matar, tem poder para lançar no inferno; sim, vos digo, a esse temei.” Luc 12; 5 “Quem crer e for batizado será salvo; mas quem não crer será condenado” Mc 16; 16
Desconheço que tipo de experiências ele teve com “crentes” e sei que nem tudo que reluz é ouro. Todavia, golpear adversários de olhos vendados é coisa para ninjas, ou mentecaptos, e duvido que tenha feito seu estágio no oriente.
A negação da vontade natural requerida pelo Senhor não é outra coisa, senão, colidir com a vontade do inimigo que governa provisoriamente esse mundo, e adotar uma nova versão, a de Deus. Daí, conversão.
Isso só é possível nos termos de Deus, de outra forma, seria fraude, mais do mesmo. Mediante Isaías, Deus ensina em quê consiste a conversão: “Deixe o ímpio o seu caminho, e o homem maligno os seus pensamentos, e se converta ao SENHOR, que se compadecerá dele; torne para o nosso Deus, porque grandioso é em perdoar. Porque os meus pensamentos não são os vossos pensamentos, nem os vossos caminhos os meus caminhos, diz o SENHOR.” Is 55; 7 e 8
E uma mente renovada pela vontade de Deus, descobre que sequer precisa anelos próprios, pois o melhor para si, já é a Vontade de Deus, como Paulo ensina: “E não sede conformados com este mundo, mas sede transformados pela renovação do vosso entendimento, para que experimenteis qual seja a boa, agradável, e perfeita vontade de Deus.” Rom 12; 2
Deus labora, pois, mediante seus servos para comunicar e convencer, enquanto o traíra não se furta de coagir. Já ouviram falar de alguma “possessão” benigna? Não. O Espírito Santo só repousa sobre os que o desejam, o que já é pleno exercício da vontade livre.