A correção do plano "C"

Normalmente quando encetamos algo que contenha certo risco de insucesso nos precavemos de um plano “B”; um passo alternativo, o pulo do gato de pessoas prudentes. Agora, falar de plano “C”, além disso, carente de correção, denota uma escalada de fracassos preocupante em qualquer empresa.

Nosso protagonista, o profeta Jonas. Comissionado por Deus a anunciar Seu juízo em Nínive, considerou tal tarefa fora dos planos, ou, pensou evadir-se.

Plano “A”, fugir. “...Jonas se levantou para fugir da presença do SENHOR para Társis. Jonas 1:3 Parece que o primeiro efeito colateral da desobediência é a indigência mental. Deus dissera: “Esconder-se-ia alguém em esconderijos, de modo que eu não o veja? diz o SENHOR. Porventura não encho eu os céus e a terra? diz o SENHOR.” Jer; 23:24

Ainda que tivesse ido dormir no porão do navio, a tempestade do Senhor o achou e revelou culpado diante de todos os colegas de viagem. Uma vez posto que ele era o pivô da crise, foi questionado sobre uma possível solução; ele, expôs o plano “B”, morrer. “...Levantai-me, e lançai-me ao mar, e o mar se vos aquietará; porque eu sei que por minha causa vos sobreveio esta grande tempestade.” Jonas 1:12

Tá certo que o histórico dos assírios era de violência e barbáries, até mesmo contra Israel, o povo de Jonas; agora, preferir morrer à pregar-lhes a mensagem de Deus faz no mínimo estranha a opção do profeta. Como diante de grande pavor, se faz coisas que contrariam o senso, a lógica, os marinheiros fizeram como ele disse, e o lançaram ao mar.

Já vi esse filme, de crentes que falham, e tentam lavar-se com lama, ou seja, deixam a congregação antes que confessar e deixar seus erros. Mais da aludida indigência mental que faz supor que esse suicídio espiritual solucionará algo. Do ponto de vista dos marinheiros, até que solucionou, porque o problema de Deus era com Jonas.

Muitos suicidas reais fantasiam esconderem-se sob a sombra da morte dado o pavor que suas vidas frustradas lhes causam, todavia, “Ao homem está ordenado morrer uma vez, depois, o juízo” Heb; 9; 27, de modo que, ainda há algo depois da morte, chamado de juízo, que perece furtar-lha o predicado de ser uma solução.

A ideia de morrer seria levar a fuga a consequências tais, que até Deus estaria impotente para evitá-la; ao que parece, ele pensou assim. Aliás, a fuga nos é apresentada sempre como qualidade de ímpios, jamais, de santos. “Os ímpios fogem sem que haja ninguém a persegui-los;..” Pro; 28:1 “O homem carregado do sangue de qualquer pessoa fugirá até à cova; ninguém o detenha.” Pro; 28; 17 “...Um homem como eu fugiria?” Nee 6:11

Acontece que o plano dois de Jonas ainda conflitava com o intento Divino, que, foi manifesto fazendo um grande peixe engolir ao desventurado fugitivo, permanecendo ele vivo, no ventre do animal, por três dias e três noites. Após 72 horas de meditação, ele resolveu optar pelo que se revelou o plano “C”, ainda que fosse a vontade única de Deus, obedecer.

Orou prometendo cumprir ao mandado do Senhor, e o peixe o vomitou na praia. Anunciou a sombria mensagem na capital assíria, o que produziu impacto impressionante. O Rei fez da conversão um assunto de estado, e ordenou: “...homens e os animais sejam cobertos de sacos, e clamem fortemente a Deus, e convertam-se, cada um do seu mau caminho, e da violência que há nas suas mãos.” Jonas 3:8

Diante do arrependimento coletivo, “Deus viu as obras deles, como se converteram do seu mau caminho; e Deus se arrependeu do mal que tinha anunciado lhes faria, e não o fez.”

Jonas 3:10

Isso foi demais para o vingativo Jonas que deixou patente que não se pode confiar em Deus. “...Por isso é que me preveni, fugindo para Társis, pois sabia que és Deus compassivo e misericordioso, longânimo e grande em benignidade, e que te arrependes do mal.” Jonas 4:2

Frustrado ele acampou fora da cidade, torcendo que Deus se arrependesse do bem, e destruísse Nínive, conforme a mensagem original. Então, Deus fez nascer a aboboreira relâmpago, que com um dia de idade, já dava sombra refrigerante sobre o profeta; ele alegrou-se pela dádiva, porém, no dia seguinte, Deus a fez murchar, e o rancor voltou a aflorar.

“E disse o SENHOR: Tiveste tu compaixão da aboboreira, na qual não trabalhaste, nem a fizeste crescer, que numa noite nasceu, e numa noite pereceu; E não hei de eu ter compaixão da grande cidade de Nínive em que estão mais de cento e vinte mil homens que não sabem discernir entre a sua mão direita e a sua mão esquerda, e também muitos animais?” Jonas 4:10-11

Ficou claro, pois, que o plano “C” de Jonas, obedecer, foi, apenas para salvar a própria vida, e Deus o corrigiu dizendo que deveria ter compaixão pelos pecadores, só assim, seria perfeita a obediência. Ironicamente, Deus mencionou até os animais de Nínive como alvos de seus cuidados. Primeiro, um fugitivo; depois, um suicida; um egoísta, um vômito, um vingativo amargurado... quantas ervas daninhas nascem, se o canteiro do amor não for devidamente cultivado...