O Púlpito e o Esgoto
Jorge Linhaça
Confesso que fico abismado com certas pregações que vejo na TV ou com as quais sou brindado por este ou aquele “servo de Deus” mais afoito em promover a sua fé.
Claro que manifestar a sua opinião é lícito e às vezes proveitoso, no entanto, no mais das vezes, tais pregações são sufocantes e impositivas. Não se trata de apresentar as boas novas às pessoas, trata-se de querer demonstrar o quão superiores eles se julgam em relação aos outros.
Existem aqueles que, em nome de Deus ( pobre Deus, o que ele tem de aturar...) fazem de sua pregação uma pregação de ódio explícito ou implícito a quem não partilha de seu sectarismo.
Parecem analfabetos que não sabem a diferença entre um acento numa palavra e que isso muda-lhe o significado.
Cristo, a quem eles dizem pregar, no sentido de difundir sua palavra, disse que ”Amássemos uns aos outros”, no entanto, tais pregadores ou melhor, prega dores, parecem ter lido de maneira equivocada e entendem que Cristo espera que “amassemos” uns aos outros.
Ao invés de pregar o amor ao próximo, parecem querer pregar a todos na cruz dos pecadores se não seguirem as suas ( deles) palavras e não abrirem as suas carteiras para contribuírem com seu ministério.
O contraditório é que amealham fortunas com todo tipo de subterfúgio, alegando custos elevados para manter seus programas em rádios e televisões e são tratados como pop-stars
pelos seus seguidores. Usam roupas caras, carros blindados, habitam mansões e tem investimentos nem sempre bem explicados.
Têm editoras próprias e quase exclusivas e anunciam seus produtos durante seus programas televisivos, como os vendilhões do templo.
Dizem a todos que sigam o exemplo de Cristo, mas eles próprios comportam-se como os fariseus com suas ricas vestes e filactérios alargados com grandes franjas.
Nada mais contrastante com o Nazareno que não buscava e nem ostentava riqueza alguma senão a de sua alma.
Já não bastassem os casos de pedofilia na Igreja de Roma, agora pastores usam seus cultos para praticar sexo com suas seguidoras como se isso fosse a coisa mais natural do mundo.
Junte-se a isso o fato de vários líderes religiosos de pequenas ou médias igrejas conviverem com a criminalidade explícita com a desculpa de estarem buscando a salvação das ovelhas perdidas e ao mesmo tempo recebendo altas somas de origem duvidosa, tornando-se assim um tentáculo a mais do tráfico e crime organizado e o quadro nos parece bastante aterrador.
Não é de se estranhar que cada vez mais pessoas de declarem ateístas já que o exemplo que vem de tais igrejas apenas reforça a crença de que Deus é algo inventado pelo homem para encontrar uma fonte de lucro para satisfazer suas paixões pelo mundano.
Há tanto ódio pregado aberta ou veladamente nos púlpitos que a impressão é de que algumas denominações sentem-se participando de uma guerra santa contra todos os demais.
São tantas as interpretações dúbias das escrituras que muitas vezes parece-me que tais pregadores são como os sepulcros caiados, por fora limpos e bem cuidados e por dentro cheios de putrefação de suas almas, eivadas de tamanho orgulho e sequiosas das honras do mundo que esquecem que são os humildes que herdarão o reino dos céus.
Alguns de tais pregadores devem achar-se superiores ao próprio Cristo já que se este último pregou a 5 ou 10 mil pessoas de uma só vez, para eles esse número é fichinha já que atingem milhões de ouvintes e espectadores com o seu horário pago nas redes de televisão.
Figuras carismáticas não falta, cada qual ao seu estilo e maneira.
Há os que parecem mais serenos e os que pulam e dançam sobre o púlpito realizando milagres nem sempre reais.
O que os iguala é sempre a mesma coisa... A febre por dinheiro! Não existe um só deles que diga: não precisam dar ofertas ou comprar nada, não estou vendendo nada.
Pelo contrário, a pregação é apenas o pano de fundo para o marketing pessoal e institucional, oferecendo produtos e bugigangas ao espectador, prometendo bênçãos maiores aos que se tornarem associados, pagando um carnê, como se os dons e as bênçãos de Deus pudessem ser compradas em qualquer loja de varejo.
Claro que dizem que ninguém é obrigado, mas quem paga é mais abençoado... Quem paga mais triplica as bênçãos... E por ai vai... Quem não paga depende da misericórdia divina para ser abençoado... É a mensagem embutida no discurso.
Nesse sentido, os fios dos microfones acabam, mais além, tornando-se canos de esgoto por onde vaza toda a podridão escondida por detrás dos falsos arautos de Deus.
Jorge Linhaça
Confesso que fico abismado com certas pregações que vejo na TV ou com as quais sou brindado por este ou aquele “servo de Deus” mais afoito em promover a sua fé.
Claro que manifestar a sua opinião é lícito e às vezes proveitoso, no entanto, no mais das vezes, tais pregações são sufocantes e impositivas. Não se trata de apresentar as boas novas às pessoas, trata-se de querer demonstrar o quão superiores eles se julgam em relação aos outros.
Existem aqueles que, em nome de Deus ( pobre Deus, o que ele tem de aturar...) fazem de sua pregação uma pregação de ódio explícito ou implícito a quem não partilha de seu sectarismo.
Parecem analfabetos que não sabem a diferença entre um acento numa palavra e que isso muda-lhe o significado.
Cristo, a quem eles dizem pregar, no sentido de difundir sua palavra, disse que ”Amássemos uns aos outros”, no entanto, tais pregadores ou melhor, prega dores, parecem ter lido de maneira equivocada e entendem que Cristo espera que “amassemos” uns aos outros.
Ao invés de pregar o amor ao próximo, parecem querer pregar a todos na cruz dos pecadores se não seguirem as suas ( deles) palavras e não abrirem as suas carteiras para contribuírem com seu ministério.
O contraditório é que amealham fortunas com todo tipo de subterfúgio, alegando custos elevados para manter seus programas em rádios e televisões e são tratados como pop-stars
pelos seus seguidores. Usam roupas caras, carros blindados, habitam mansões e tem investimentos nem sempre bem explicados.
Têm editoras próprias e quase exclusivas e anunciam seus produtos durante seus programas televisivos, como os vendilhões do templo.
Dizem a todos que sigam o exemplo de Cristo, mas eles próprios comportam-se como os fariseus com suas ricas vestes e filactérios alargados com grandes franjas.
Nada mais contrastante com o Nazareno que não buscava e nem ostentava riqueza alguma senão a de sua alma.
Já não bastassem os casos de pedofilia na Igreja de Roma, agora pastores usam seus cultos para praticar sexo com suas seguidoras como se isso fosse a coisa mais natural do mundo.
Junte-se a isso o fato de vários líderes religiosos de pequenas ou médias igrejas conviverem com a criminalidade explícita com a desculpa de estarem buscando a salvação das ovelhas perdidas e ao mesmo tempo recebendo altas somas de origem duvidosa, tornando-se assim um tentáculo a mais do tráfico e crime organizado e o quadro nos parece bastante aterrador.
Não é de se estranhar que cada vez mais pessoas de declarem ateístas já que o exemplo que vem de tais igrejas apenas reforça a crença de que Deus é algo inventado pelo homem para encontrar uma fonte de lucro para satisfazer suas paixões pelo mundano.
Há tanto ódio pregado aberta ou veladamente nos púlpitos que a impressão é de que algumas denominações sentem-se participando de uma guerra santa contra todos os demais.
São tantas as interpretações dúbias das escrituras que muitas vezes parece-me que tais pregadores são como os sepulcros caiados, por fora limpos e bem cuidados e por dentro cheios de putrefação de suas almas, eivadas de tamanho orgulho e sequiosas das honras do mundo que esquecem que são os humildes que herdarão o reino dos céus.
Alguns de tais pregadores devem achar-se superiores ao próprio Cristo já que se este último pregou a 5 ou 10 mil pessoas de uma só vez, para eles esse número é fichinha já que atingem milhões de ouvintes e espectadores com o seu horário pago nas redes de televisão.
Figuras carismáticas não falta, cada qual ao seu estilo e maneira.
Há os que parecem mais serenos e os que pulam e dançam sobre o púlpito realizando milagres nem sempre reais.
O que os iguala é sempre a mesma coisa... A febre por dinheiro! Não existe um só deles que diga: não precisam dar ofertas ou comprar nada, não estou vendendo nada.
Pelo contrário, a pregação é apenas o pano de fundo para o marketing pessoal e institucional, oferecendo produtos e bugigangas ao espectador, prometendo bênçãos maiores aos que se tornarem associados, pagando um carnê, como se os dons e as bênçãos de Deus pudessem ser compradas em qualquer loja de varejo.
Claro que dizem que ninguém é obrigado, mas quem paga é mais abençoado... Quem paga mais triplica as bênçãos... E por ai vai... Quem não paga depende da misericórdia divina para ser abençoado... É a mensagem embutida no discurso.
Nesse sentido, os fios dos microfones acabam, mais além, tornando-se canos de esgoto por onde vaza toda a podridão escondida por detrás dos falsos arautos de Deus.