Pelos seus frutos os conhecereis
Pelos seus frutos os conhecereis
Jorge Linhaça
Não importa a aparência de penitente que uma pessoa traga em seu semblante.
Não importa quantas reuniões de igrejas ele participe na esperança de ser notado pelos seus irmãos quando congregam aparentemente envolvidos pela força das palavras dos ministros e professores.
Pode-se usar a mais bela roupa de domingo e ir a igreja várias vezes ao dia, não importa a denominação da mesma.
Pode-se conhecer as escrituras de fio a pavio, saber de cor cada história ou parábola contida na bíblia ou outro livro santo.
Pode-se conhecer todo o ritual , manter a aparência de santidade e jamais incorrer na quebra dos dez mandamentos de forma clara.
E ainda assim, sermos como a figueira seca que não dá frutos. Servindo apenas como lenha.
Os frutos da obediência a Deus vão muito além das reuniões das igrejas, vão muito além da aparência santificada ou do bater no peito reinvidicando a salvação.
Os frutos só podem ser germinados quando deixamos fluir em nossos corações o verdadeiro amor ao próximo que não se resume à troca de ósculos e amplexos e cumprimentos sorridentes antes e depois das reuniões.
Os frutos também não são contados pelo número de conversos que pastores ou irmãos trazem para a sua congregação, Deus sabe hora e o momento certo de chegar aos corações dos homens, seja através de outros homens ou por sua própria interseção.
De que adianta alguém sair gritando aos quatro cantos a sua fé se quando encontra alguém necessitado finge não o enxergar? E nem me refiro aos mendigos e pedintes que se espalham, mesmo dentro das ditas congregações existem pessoas necessitadas não apenas de auxílio financeiro emergencial, mas existem aqueles que passam por momentos sensíveis em suas vidas e para os quais uma palavra de conforto, uma conversa suave podem fazer toda a diferença.
Infelizmente, alguns confundem ajudar com criticar, elevar com descarregar uma montanha de culpa sobre as costas do debilitado irmão.
Não é preciso apenas fazer, é necessário fazer com amor não fingido, é preciso importar-se realmente com as pessoas à sua volta.
Muitos darão a desculpa de que não podem deixar d comparecer a uma das centenas de reuniões mensais de sua igreja para, por exemplo, ajudar uma irmã atolada de serviços domésticos e com crianças pequenas, a dar uma "geral" em sua casa.
Os homens alegarão que são muito ocupados para poderem ajudar um seu irmão a erguer mais um cômodo em sua residência humilde ou ao menos ajudá-lo com a pintura dos cômodos.
É aí que me pergunto...quais são os frutos que estamos gerando na árvore de nossa vida ?
Frutas de cera que apenas enfeitam a mesa, ou frutos reais e suculentos que alimentam a nós mesmos e ao nosso próximo?
As igrejas existem para nos ensinar a agir e não para nos escravizar com reuniões sem fim que nos impeçam de agir em prol de nosso próximo e de nós mesmos.
A fé, sem obras, é morta ...mortíssima.
Salvador, 3 de março de 2012