O julgamento de Deus
Cada um, ou melhor, cada religião possui um conceito de como seremos julgados por de Deus a partir da nossa morte.
Para uns, Deus é justo, e o sentido de ser justo é o de fazer justiça, portanto, não é concebido alguém viver uma vida completamente fora dos princípios mínimos que Deus nos pede e ao morrer ganhar a vida eterna junto de Deus, pois, se assim for, Deus não seria justo.
Para outros, Deus é misericordioso, e sua misericórdia está acima da sua justiça. Então, Deus acolhe a todos sem questionamentos. Ao refletirmos a história contada por Jesus do filho pródigo. Ele recebe o filho, sem nenhuma distinção e ainda o cobre de beijo e lhe devolve o anel, ou seja, o acolhe como filho.
Pois bem, nossos pensamentos não são os pensamentos de Deus, por isto, torna-se difícil analisarmos como é este julgamento. Mas, Jesus deixa sinal de como ele se dá, ao dizer que seu Pai não julga pelas aparências, mas sim, pelo coração. Ainda poderíamos pensar que Deus não nos julga pelas nossas ações e sim, pelo nosso coração, mas ao mesmo tempo, poderíamos questionar: onde está as nossas ações está o coração.
Porém, acredito que Deus, não nos julga, mas sim, aceita a nossa escolha, desde que seja livre e consciente. Durante nossa caminhada neste mundo vamos fazendo escolhas, ou seja, ou buscamos viver de uma maneira ou de outra. Procuramos viver em comunidade, junto com os irmãos ou viver apenas para nós. Buscamos nosso crescimento humano, social, de partilha ou apenas o crescimento financeiro e assim, por diante. Da mesma forma, buscamos aceitar Deus como principio, meio e fim de nossa vida ou procuramos viver negando sua existência. Porém é importante frisar que, mesmo o negando, Deus não nos nega, mas aceita nossa decisão.
Portanto, como coloquei, Deus não nos julga, mas nós quem fazemos em vida nossa opção para o pós morte. Se o negamos durante toda a vida, dizendo não, certamente, Deus respeitará nossa decisão, desde que ela foi livre, desde que, mesmo o conhecendo optamos em não o aceita-lo.
O amor de Deus é livre, e também nos permite a liberdade. O amor de Deus é misericordioso, portanto, Ele entende nossas misérias. O amor de Deus é justo, por isto, age com justiça ao conceder-nos a liberdade de escolha.
O que nos salva não são nossas obras, mas sim a misericórdia de Deus que conhece o mais profundo de nosso Ser (Salmo 138). Somos salvos pela graça que está relacionada à misericórdia de Deus para conosco, pois nenhum de nós, por si só, é capaz de conquistar a salvação, por sermos todos pecadores sem exceção. Quando praticamos coisas boas, não somos nós quem o fazemos, mas é Deus que faz em nós, mas quando praticamos o mal, este sim, somos nós que o fazemos pela própria natureza humana que nos leva a pratica-lo.
Portando, seja pela misericórdia ou pela justiça, nenhum de nós podemos julgar quem vai e quem não vai para junto de Deus na eternidade. Talvez o único que pode dizer se vai ou não somos nós, de maneira particular, não tanto de nossas ações, mas sim, pelo nosso coração, quando temos consciência e somos livres para distinguir o que é certo ou errado diante aos olhos de Deus.