Porque sou "mórmon"

Porque sou "mórmon"

Jorge Linhaça

Em primeiro lugar deixem-me esclarecer...não sou Mórmon...meu nome é Jorge, assim como Mórmon é um nome próprio de um profeta antigo, bem como o nome de um livro que para nós é sagrado.

Aos mais afoitos esclareço que o Livro de Mórmon não substitui a Bíblia, apenas é um outro testemunho sobre Jesus Cristo.

Portanto não existe a tal Bíblia Mórmon que muitos querem fazer crer.

Vou tentar não me estender sobre questões doutrinárias pois isso geralmente suscita mais confusão do que esclarecimento.

Meu intuito também não é fazer proselitismo com meu texto, é apenas esclarecer o porquê de minha opção que vem desde 1978.

Como muitos outros membros de " A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias" nome real do que acabou sendo conhecido, muitas vezes pejorativamente, como Igreja Mórmon,

minha vida pregressa à minha conversão, deu-se em outras denominações. Fui criado em família católica, fui batizado, fiz catecismo, primeira comunhão e fui crismado.

Depois, como muitos brasileiros, passei também pelo espiritismo e pelos cultos afro ( Umbanda e Candomblé) ao mesmo tempo que me declarava católico...

Durante a minha adolescência interessei-me por ler e por história e filosofia, ao ler sobre os movimentos protestantes, e a contra reforma e aprofundar-me um pouco no assunto, percebi que minha mente tinha muitas perguntas que o catolicismo era incapaz de responder com coerência.

Vejam bem, eram dúvidas minhas, e à mim as respostas não serviam...portanto trata-se de uma visão pessoal.

Visitei várias denominações movido pela curiosidade, fiz cursos por correspondência de algumas delas e ainda assim minhas perguntas ficavam sem resposta. Quanto mais lia a Bíblia mais algumas perguntas se fixavam em minha mente.

Para mim era ( e ainda é) inadmissível que os céus tivessem se fechado e que um Deus amoroso nos deixasse sem a orientação de um profeta vivo. Haveria Deus de fazer acepção de pessoas ao longo dos séculos? Teria vindo Cristo fechar as portas do céu de maneira tal que os homens tivessem de caminhar por si mesmos sendo privados dos profetas que sempre existiram?

Seriam apenas os judeus dignos de tal atenção?

Nessa época eu devorava livros sobre todos os assuntos...não apenas religião, a vida seguia mas a inquietação permanecia nesse quesito.

Encontrei o "mormonismo" por puro acaso, se é que se pode assim dizer, através de amigos que comigo frequentavam a biblioteca da Penha , em São Paulo.

Minha curiosidade levou-me a querer saber porque aquele grupo de jovens como eu não tomava café. Alguém me disse...é porque nossa religião não permite...caí na gargalhada, achando tratar-se de alguma brincadeira já que na época era comum o uso da frase: "mamãe não gosta, papai não deixa e a minha religião não permite"

No entanto, ao insistir vi que estavam falando sério e acabei por me convidar para conhecer os missionários ( élderes)

No decorrer das palestras ( lições) sem que eu revelasse minhas perguntas que trazia no peito, as mesmas foram sendo dadas, encaixando-se como uma luva ao meu arsenal de perguntas.

Falaram-me sobre a restauração do evangelho, sobre profetas vivos, sobre a visita de Jesus às Américas onde ele realizou feitos semelhantes aos que realizara em Jerusalém...

Deram-me o Livro de Mórmon para que eu o estudasse e orasse a respeito e disseram-me que eu teria de encontrar a resposta sobre a veracidade ou não da Igreja, perguntando diretamente a Deus. Na verdade havia um tripé sobre o qual eu deveria buscar esse testemunho pessoal.

Estudar , meditar e orar com fé.

Foi o que fiz e meu peito foi tomado por um sentimento de imensa paz, testificando-me que tais coisas eram verdades.

Para mim foi a primeira de outras revelações pessoais que recebi. Os céus afinal não estavam fechados...Se Deus respondia às minhas orações por que não responderia ou se comunicaria com os homens através de profetas?

Aguardei ansioso a chegada da data marcada para o meu batismo e o início de minha nova vida.

O Texto já parece-me um tanto longo, portanto voltarei ao assunto mais tarde.

Sintetizando, sou "santo dos últimos dias" porque recebi uma revelação pessoal. Para mim era o bastante.

Até o próximo texto.

Salvador, 27 de fevereiro de 2012