RELIGIÃO E SEITA
A conotação pejorativa da palavra seita foi dada pelos seres humanos. Estes mesmos é que costumam adotar palavras chaves para demonstrar menosprezo por outros seres humanos, querendo sentir-se superiores. Por exemplo: os gregos e romanos com o fim de menosprezar os estrangeiros os chamavam de bárbaros (barbaroy), querendo dizer que eles nem sabiam falar, por isto grunhiam como os porcos, o que significa a palavra bárbaro ou bárbara. À mulher que querem menosprezar muitos chamam vadia, ao homem, vagabundo, aos pobres, marginais, aos simples, analfabetos, aos advogados, mentirosos, aos pedreiros, bêbados, aos mendigo, preguiçosos, aos médicos, açougueiros, aos pastores, ladrões e aos negros, chamam de sujos, fazendo deles piads maldosas. Tudo isto se faz com imensa profundidade preconceituosa, porque o preconceito aí está destituído do mínimo conhecimento, ou mero raciocínio sobre a expressão em uso. Primeiro porque é preciso conhecer os caracteres (não as letras, mas o caráter) que configuram cada palavra, como seita, por exemplo, que o Cristianismo inicialmente foi enquadrado como tal. Etnologicamente, seita é uma crença que ainda não foi estabelecida, talvez como uma instituição, ou que não tem uma fundamentação aceita universalmente.
Alguns usam a expressão porque tal crença não tem explicação, ou é obscura, quem sabe, satânica.
Todavia, como uma crença deixa de ser seita? Como se estabelece essa crença como religião e não seita? Seria através da aprovação da uma sociedade onde ela está contextualizada, através de um grupo de pessoas ou de um grupo de clérigos? Seria assim?
Então qual seria a fundamentação aceita universalmente para que uma seita deixasse de ser seita?
Em verdade não existe, pois as novidades sempre contradizem a teoria estabelecida e mesmo a Bíblia não é aceita por boa parte da humanidade, parecendo aos olhos de muitos como algo mistico, sem explicação. E mesmo que fosse, a maioria das denominações cristãs não suportam uma investigação acurada da Bíblia sem que sejam banidas do cristianismo pelas palavras sagradas que ela contém, as quais as reprovam. Nem mesmo o judaísmo é autenticamente bíblico. Logo, a atribuição seita usada correntemente se gera pela opinião de alguns clérigos que entendem que determinadas doutrinas, das quais eles discordam, de certas denominações, não se enquadram no perfil que eles atribuem à religião a qual eles entendem que pertencem.
Por exemplo: "evangélicos". Uma denominação por eles entendida por seita não é evangélica, mas somente em sua opinião particular, não obrigatoriamente na opinião da Bíblica, pois se fosse pelas Sagradas Escrituras a maioria dos cristãos seriam decretados seitas. No caso dos católicos, dizem que todo não católico é pagão, desconhecendo que adorar ídolos e imagens, bem com batizar criancinhas, são as práticas pagãs mais características, o que os livros de história bem confirmam.
Portanto, a definição de seita depende do ponto de vista e quem atribui a palavra a alguém, dependendo de como o que atribui olha para si mesmo.
Wilson Amaral