“Guardai-vos do fermento dos fariseus e do fermento de Herodes."
Naquele tempo: Eles haviam esquecido de levar pães e tinham apenas um pão no barco. Jesus recomendou, então: “Cuidado! Guardai-vos do fermento dos fariseus e do fermento de Herodes”. Eles, no entanto, refletiam entre si, porque não tinham pães. Mas, percebendo, Jesus disse: “Por que pensais que é por não terdes pães? Ainda não entendeis e nem compreendeis? Tendes o coração endurecido? Tendo olhos e não vedes, ouvidos e não ouvis? Não vos lembrais de quando parti os cinco pães para cinco mil homens, quantos cestos cheios de pedaços recolhestes?” Disseram-Lhe: “Doze”. – “E dos sete para quatro mil, quantos cestos de pedaços recolhestes?” Disseram: “Sete”. Então Jesus lhes disse: “Nem assim compreendeis?” (Mc 8,14-21)
Sem dúvida alguma, a Cristologia de São Marcos é admirável, apresentando-nos um rico e surpreendente entendimento sobre quem era Jesus.
Jesus é apresentado por Marcos como verdadeiro homem – orando, sentindo fome e comendo, sentindo sede e bebendo, tocando as pessoas e por elas sendo tocado, entristecendo-se, indignando-se, cansando-se e descansando. A Sua natureza humana aflora-se no evangelho de São Marcos.
Entretanto, ainda por Marcos, Jesus é também apresentado como verdadeiro Deus – dominando os demônios, os elementos da natureza, as enfermidades e até mesmo a morte; Ele conhece o coração humano e prediz o futuro.
Percebe-se, então, as duas naturezas intimamente ligadas – humana e divina – encontrando-se perfeitamente apresentadas, de forma harmônica, na Cristologia de São Marcos.
Ocorre que, além das naturezas de Jesus, Marcos apresenta-nos Jesus como Filho de Deus, estabelecendo, assim, sua messianidade. Não é por acaso que seu evangelho inicia-se com a pregação de João Batista, relembrando profecias de Isaías, para se apresentar como o preparador do caminho do Senhor, do verdadeiro Cristo, do esperado Messias.
Destaca-se, também, em Marcos, a missão redentora de Jesus, dedicando um trecho sobre sua morte e ressurreição mais longo e detalhado ao ser comparado com o apresentado pelos demais evangelistas. Cristo Jesus veio para redimir a humanidade, por intermédio de seu calvário e morte, chegando à gloriosa ressurreição.
Permitam-me transcrever um comentário feito por capuchinos portugueses sobre a Cristologia de Marcos:
“O Evangelho de Marcos apresenta-nos, assim, uma Cristologia simples e acessível: Jesus de Nazaré é verdadeiramente o Messias que, com a sua Morte e Ressurreição, demonstrou ser verdadeiramente o Filho de Deus (15,39) que a todos possibilita a salvação. ‘Pois também o Filho do Homem não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate por todos’ (10,45).”
Nesse contexto, divino e humano, revelacional e concreto, é que transcorre a passagem que hoje juntos refletimos.
Jesus chama a atenção de seus discípulos para o cuidado que se deve ter com o “fermento” dos fariseus e de Herodes, justamente quando se observa a existência de apenas um pão no barco, ou seja, quando se aponta para a necessidade de se obter mais desse produto para saciar a fome dos presentes.
É inquestionável, assim como em toda a Sagrada Escritura, que Cristo Jesus não está referindo-se ao alimento físico, ao pão matéria. Refere-se, sim, ao alimento da alma, aquele que nutre a essência divina existente em cada um de nós, propiciando a permanente transformação e preparação para a vida plena, vida em abundância, para a vida eterna.
Ora, se Jesus refere-se ao pão que alimenta a vida, e não àquele que alimenta a carne, obviamente, o fermento por Ele referido não é aquele utilizado para a fabricação do pão da carne, mas sim, ao que utilizamos para alimentarmos nosso espírito.
Referindo-se ao fermento dos fariseus e de Herodes, Jesus refere-se, então, ao alimento que estes usavam para nutrirem seus espíritos, repletos de poder, ganância, vaidade e egoísmo. Estes são os ingredientes, estes são, de fato, o “fermento” que os fariseus e Herodes utilizavam para fazerem o “pão” do qual nutriam seus espíritos.
É sobre esse fermento que Jesus fala ao exortar o cuidado dos discípulos, ou seja, Ele chama a atenção para que eles (seus discípulos) e todos nós que recebemos Sua sagrada mensagem, não sejamos “alimentados” por tais ingredientes.
Entretanto, como sempre, na pequenez humana, representada nessa passagem da Sagrada Escritura pelas reflexões dos discípulos e seus atos, todos pensamos na matéria, nos prazeres deste mundo, em tudo que alimenta nossa vaidade, nosso orgulho e nossa arrogância.
Tão lentos quanto os discípulos, ao não perceberem sobre qual fermento Jesus referia-se, cada um de nós também o somos, em nosso cotidiano, compreendendo, com a mesma dificuldade, o quão nocivo é o fermento pelo qual desejamos e lutamos em nosso cotidiano.
O fermento dos fariseus é o da hipocrisia, o da prepotência, é aquele que nos põe acima dos outros, julgando-os de forma impiedosa, e, em muitas vezes, nem sempre verdadeiras. Já o fermento de Herodes é o dos prazeres da vida, o dos prazeres da carne, aqueles desejados pelos instintos básicos, animalescos, quase irracionais, que corrompem, que enfraquecem nosso espírito.
Devemos nós, em nossa rápida passagem por este mundo, estarmos atentos ao qual fermento estamos buscando – o dos fariseus e de Herodes ou aquele entregue por Cristo Jesus para nossa salvação. Buscamos a inveja e o poder, ao invés do compartilhar fraterno? Buscamos o orgulho e arrogância, ao invés da humildade? Buscamos a vaidade e a riqueza, ao invés do desapego mundano e o enriquecimento espiritual? Buscamos o confronto para a disputa diária de espaços privilegiados no mundo, ao invés do amor compassivo visando o crescimento coletivo? Enfim, buscamos o fermento entregue por Deus ou o fermento dos fariseus e de Herodes?
Temos ouvidos e não ouvimos, temos olhos e não vemos???
Fiquem com Deus!
Jesus é apresentado por Marcos como verdadeiro homem – orando, sentindo fome e comendo, sentindo sede e bebendo, tocando as pessoas e por elas sendo tocado, entristecendo-se, indignando-se, cansando-se e descansando. A Sua natureza humana aflora-se no evangelho de São Marcos.
Entretanto, ainda por Marcos, Jesus é também apresentado como verdadeiro Deus – dominando os demônios, os elementos da natureza, as enfermidades e até mesmo a morte; Ele conhece o coração humano e prediz o futuro.
Percebe-se, então, as duas naturezas intimamente ligadas – humana e divina – encontrando-se perfeitamente apresentadas, de forma harmônica, na Cristologia de São Marcos.
Ocorre que, além das naturezas de Jesus, Marcos apresenta-nos Jesus como Filho de Deus, estabelecendo, assim, sua messianidade. Não é por acaso que seu evangelho inicia-se com a pregação de João Batista, relembrando profecias de Isaías, para se apresentar como o preparador do caminho do Senhor, do verdadeiro Cristo, do esperado Messias.
Destaca-se, também, em Marcos, a missão redentora de Jesus, dedicando um trecho sobre sua morte e ressurreição mais longo e detalhado ao ser comparado com o apresentado pelos demais evangelistas. Cristo Jesus veio para redimir a humanidade, por intermédio de seu calvário e morte, chegando à gloriosa ressurreição.
Permitam-me transcrever um comentário feito por capuchinos portugueses sobre a Cristologia de Marcos:
“O Evangelho de Marcos apresenta-nos, assim, uma Cristologia simples e acessível: Jesus de Nazaré é verdadeiramente o Messias que, com a sua Morte e Ressurreição, demonstrou ser verdadeiramente o Filho de Deus (15,39) que a todos possibilita a salvação. ‘Pois também o Filho do Homem não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate por todos’ (10,45).”
Nesse contexto, divino e humano, revelacional e concreto, é que transcorre a passagem que hoje juntos refletimos.
Jesus chama a atenção de seus discípulos para o cuidado que se deve ter com o “fermento” dos fariseus e de Herodes, justamente quando se observa a existência de apenas um pão no barco, ou seja, quando se aponta para a necessidade de se obter mais desse produto para saciar a fome dos presentes.
É inquestionável, assim como em toda a Sagrada Escritura, que Cristo Jesus não está referindo-se ao alimento físico, ao pão matéria. Refere-se, sim, ao alimento da alma, aquele que nutre a essência divina existente em cada um de nós, propiciando a permanente transformação e preparação para a vida plena, vida em abundância, para a vida eterna.
Ora, se Jesus refere-se ao pão que alimenta a vida, e não àquele que alimenta a carne, obviamente, o fermento por Ele referido não é aquele utilizado para a fabricação do pão da carne, mas sim, ao que utilizamos para alimentarmos nosso espírito.
Referindo-se ao fermento dos fariseus e de Herodes, Jesus refere-se, então, ao alimento que estes usavam para nutrirem seus espíritos, repletos de poder, ganância, vaidade e egoísmo. Estes são os ingredientes, estes são, de fato, o “fermento” que os fariseus e Herodes utilizavam para fazerem o “pão” do qual nutriam seus espíritos.
É sobre esse fermento que Jesus fala ao exortar o cuidado dos discípulos, ou seja, Ele chama a atenção para que eles (seus discípulos) e todos nós que recebemos Sua sagrada mensagem, não sejamos “alimentados” por tais ingredientes.
Entretanto, como sempre, na pequenez humana, representada nessa passagem da Sagrada Escritura pelas reflexões dos discípulos e seus atos, todos pensamos na matéria, nos prazeres deste mundo, em tudo que alimenta nossa vaidade, nosso orgulho e nossa arrogância.
Tão lentos quanto os discípulos, ao não perceberem sobre qual fermento Jesus referia-se, cada um de nós também o somos, em nosso cotidiano, compreendendo, com a mesma dificuldade, o quão nocivo é o fermento pelo qual desejamos e lutamos em nosso cotidiano.
O fermento dos fariseus é o da hipocrisia, o da prepotência, é aquele que nos põe acima dos outros, julgando-os de forma impiedosa, e, em muitas vezes, nem sempre verdadeiras. Já o fermento de Herodes é o dos prazeres da vida, o dos prazeres da carne, aqueles desejados pelos instintos básicos, animalescos, quase irracionais, que corrompem, que enfraquecem nosso espírito.
Devemos nós, em nossa rápida passagem por este mundo, estarmos atentos ao qual fermento estamos buscando – o dos fariseus e de Herodes ou aquele entregue por Cristo Jesus para nossa salvação. Buscamos a inveja e o poder, ao invés do compartilhar fraterno? Buscamos o orgulho e arrogância, ao invés da humildade? Buscamos a vaidade e a riqueza, ao invés do desapego mundano e o enriquecimento espiritual? Buscamos o confronto para a disputa diária de espaços privilegiados no mundo, ao invés do amor compassivo visando o crescimento coletivo? Enfim, buscamos o fermento entregue por Deus ou o fermento dos fariseus e de Herodes?
Temos ouvidos e não ouvimos, temos olhos e não vemos???
Fiquem com Deus!