Acordei. E foram logo dizendo que hoje é véspera de Natal. O Natal não era assim. Ou estou enganado?!
 
Não me arriscaria dizer que desbotamos as cores festivas do Natal. Não condenaria o calendário propício para faturamentos comerciais. Não denunciaria os apelos midiáticos consumistas. Não mesmo!
 
Afinal, de alguma forma, incorporamos com maestria esses novos “valores”. Aprendemos a compensar a ausência com presente oneroso e garboso. Aprendemos a não reclamar da ausência em nome de uma troca frívola, logo, temporal. Descobrimos que um mimo caro e deslumbrante é capaz de aplacar o apelo ao diálogo. Descobrimos que satisfazer todos os nossos caprichos e vontades é o suficiente para despejar entulhos nas nossas relações.
 
Desaprendemos e quase não nos lembramos do cheiro do Natal.
 
O meu tinha cheiro de flor de laranjeira do meu quintal. Quintal onde corria e misturava os gritos eufóricos com os dos meus primos. Tinha cheiro do perfume simples de Vózinha... Tinha o gosto da comida caseira. Tinha o barulho das vozes repartidas das pessoas felizes. O som alto da radiola antiga, conjugando os risos com a dança. Tinha a sensação inigualável de ter e ser família. Não tínhamos dinheiro. Tínhamos a riqueza do verdadeiro espírito do Natal.
 
Existem épocas do ano que têm um cheiro especial. O meu tem cheiro de saudade... Natal de verdade era aquele...
 
Sabe o que eu queria agora?... Aquele tempo.
 
Desejo que o Natal leve-nos a contemplar o tempo das fotografias, das memórias, dos abraços ternos. Leve-nos a qualquer lugar onde Deus possa ouvir nossa prece.
 
Feliz Natal!
 
 
 
Imagem: Fonte: olhares.uol.com.br
Toni DeSouza
Enviado por Toni DeSouza em 24/12/2011
Reeditado em 24/12/2011
Código do texto: T3404709
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