Estórias de Púlpito - O Caminhoneiro
Um caminhoneiro gaúcho não aceitava a Palavra de Deus e era um feroz perseguidor dos crentes. Em sua rua , próximo a sua casa havia uma Igreja e todas as vezes que passava na frente com seu caminhão, buzinava incessantemente atrapalhando o culto. Nos dias de chuvas, gostava de sair com o caminhão ás 07 e ás 9 horas da noite, quando os irmãos iam ou vinham da igreja; fazia questão de passar nas poças d’água, dando um banho de lama nos fiéis. Difamava as irmãs em sua reputação e consequentemente seus maridos. Jurava por seus santos jamais pisar em uma igreja evangélica e debochava depravadamente da saudação “A Paz do Senhor”.
Um dia recebeu a incumbência de transportar um carregamento de maquinas agrícolas avaliadas em mais de um milhão de reais. Feito o carregamento em Curitiba partiu para o destino, contente, pois ia ganhar um bom dinheiro e quitar algumas prestações atrasada s do seu caminhão que era novo. Na beira da rodovia, uma moça bonita lhe pede carona. Ele para, porque além de beber, fumar, roubar, enganar, era um adúltero contumaz, traindo a pobre esposa que ficava em casa. A moça entra em sua cabine e propõe um encontro amoroso por tantos reais. Ele aceita e ela indica um ponto na beira da rodovia, propicio para a prática do pecado. O sorriso da moça e sua luxúria exacerbada o deixam cego. Quando chegam ao tal lugar, saem do mato cinco homens armados que o rendem. Roubam-lhe o caminhão, a carga valiosa, os valores que carregava consigo e o jogam no porta malas de um carro. Depois de rodar algumas horas, entram em uma estrada de terra deserta. Tiram-no do porta malas e entram na mata fechada. Depois de andar alguns quilômetros, fazem o tirar a roupa e o amarram a uma arvore, dizendo:
- Não vamos matá-lo, mas nenhum dos que a gente já amarrou por esse Brasil afora, ficou vivo para contar a história. Pode gritar a vontade. Quem sabe Deus te ouça! E foram embora. Depois de alguns minutos, o caminhoneiro começou a gritar por socorro. Gritou como louco. Gritou por várias e várias horas. Gritou pelos santos de sua devoção. Fez promessas e mais promessas. E nada aconteceu. Sua voz ficou rouca. Anoiteceu. Pernilongos e formigas vinham mordê-lo e ele se debatia para se livrar dos insetos. Frio, fome, sede faziam-no ter alucinações. Foi uma noite horrenda. Amanheceu e ele voltou a gritar com um fiapo de voz, que mal se ouvia. Desmaiou varias vezes. Caiu a tarde e ele se preparava para passar mais uma noite atribulada, quando ouviu ao longe alguém que cantarolava:
-Precioso pra mim é Jesus, precioso pra mim é Jesus......
Pensou: Será que é mais uma alucinação. Esta musica, ele ouvia os crentes cantarem quando ele os importunava com seus buzinaços e banhos de lama. Mas a musica continuava:
-Eu confesso na vida e na morte,
que tudo pra mim é Jesus......
Reuniu toda sua força para gritar por socorro, mas a voz já não saia mais. E a voz já de distanciava cada vez mais. Fez então uma promessa: Se aquele que cantava aquele hino viesse até ele e o salvasse, ele seria um crente. A voz então cessou. Pronto pensou: Eu maltratei tantos os crentes, que o Jesus deles não vai me salvar. Mereço. Fez então uma oração improvisada: Senhor Jesus dos crentes, se tu me salvares eu prometo mudar a minha vida e passarei a frequentar aquela igreja perto da minha casa, que eu tanto tenho perseguido. Vou ser um crente fiel. Não se passou um minuto e a voz, agora mais forte voltou a cantar e cada vez mais forte, vindo em sua direção. Logo apareceu o cantor: Um velhinho com um facão na mão que cortou as cordas que o amarravam e o libertou.
Num fiapo de voz perguntou:
-Como senhor sabia que eu estava aqui?
-Não sabia, respondeu o velhinho. Eu nem vinha aqui hoje. Preciso de um cabo para minha enxada e ia procurar um a semana que vem. Estava em casa se preparando para dormir, quando uma voz na minha mente dizia: Vai cortar um cabo para a enxada. Vai cortar um cabo para enxada. Eu peguei o facão e fui aonde eu sei que tem umas arvores boas para fazer cabo, mas a voz dizia. Ai não! Ai não! Ai vim para estas bandas, onde eu sei que não tem arvore boa para isso. Mas vim e eu já ia embora, quando a voz me disse: Volta! Volta!. Então voltei e te encontrei.
-Foi Jesus que mandou o senhor aqui, meu amigo! O Senhor é crente?
-Sou, graças a Deus! respondeu o velhinho.
-Então eu agora também sou, disse o caminhoneiro. E ali na mata fechada, nu, quase morto de fome, sede e frio, um perseguidor do evangelho se tornou um crente. Mas a benção precisava ser completa. Em uma barreira policial, o caminhão dele foi parado e os marginais presos. A carga roubada e o caminhão lhe foram devolvidos. Glória a Deus!