A purificação das águas
“E os homens da cidade disseram a Eliseu: Eis que é boa a situação desta cidade, como o meu senhor vê; porém as águas são más, e a terra é estéril.”
2 Reis 2:19
Os profetas daqueles dias estavam apresentando uma necessidade a Eliseu, depois de terem caminhado três dias pelas montanhas a procura de Elias, que fora arrebatado por Deus. O mesmo Eliseu dissera que não fossem, mas, insistiram, e foram.
Todo ser humano tem certa dificuldade ante a troca de lideranças, o que não justifica a insubmissão, quando Deus muda a figura de autoridade que O representa. A resistência à quebra de paradigmas tem engessado muito a igreja, pois, no afã de ser conservadora no conteúdo, que é algo necessário, também se apega ao método, ou aos líderes, que são efêmeros, circunstanciais.
Eles mesmos haviam dito que o Espírito de Elias repousava sobre Eliseu, vendo as águas do Jordão se abrir pra ele passar; mas, não raro, nosso entendimento e nosso modo de agir se divorciam. Se o Espírito do grande líder estava habitando outra casa, que batessem noutra porta. Não se trata de uma passagem literal do espírito de Elias para Eliseu, mas, do fato da figura do Espírito Santo não ser conhecido, então, como agora.
A questão apresentada: Jericó era uma cidade bem situada, mas, com águas ruins, e, mencionaram o problema ao profeta. Eliseu, investido da autoridade Divina, agiu. “E ele disse: Trazei-me um prato novo, e ponde nele sal. E lho trouxeram.
Então saiu ele ao manancial das águas, e deitou sal nele; e disse: Assim diz o SENHOR: Sararei a estas águas; e não haverá mais nelas morte nem esterilidade. 2 Reis 2:20-21 Isso não deve ocasionar o misticismo como se houvesse poder no sal, o poder está na Palavra do Senhor, que falou pelo profeta. Se decidiu usar um elemento foi por ter outra coisa em mente, a transmitir.
Embora seja um fato histórico, esse evento é uma admirável figura, da Salvação que Cristo opera em nós. Enquanto ao mundo às vezes incomoda o curso das águas polutas, Ele, Cristo, se preocupa com o manancial. Os fariseus se detinham apenas em não adulterar e não matar, Jesus requereu mais; não odiar nem desejar o adultério, a gênese do mal inda na origem.
Mesmo a sociedade ímpia tem lá seus meios de combater a violência, o crime, as contravenções, que são correntes de águas poluídas, dadas as fontes de onde vertem. Que fontes são essas? Salomão ensina: “Sobre tudo o que se deve guardar, guarda o teu coração, porque dele procedem as fontes da vida.” Prov; 4:23
Mesmo o Salvador apontou o coração humano como origem de todos os seus atos; “Porque do coração procedem os maus pensamentos, mortes, adultérios, prostituição, furtos, falsos testemunhos e blasfêmias.” Mat; 15:19
O sal, elemento que foi usado na purificação das águas de Jericó também é uma figura interessante. Enquanto Deus vetava a presença de fermento e mel nas ofertas, exigia a presença do sal, nos sacrifícios. “Nenhuma oferta de alimentos, que oferecerdes ao SENHOR, se fará com fermento; porque de nenhum fermento, nem de mel algum, oferecereis oferta queimada ao SENHOR.” “E todas as tuas ofertas dos teus alimentos temperarás com sal; e não deixarás faltar à tua oferta de alimentos o sal da aliança do teu Deus; em todas as tuas ofertas oferecerás sal. Lev; 2: 11 e 13
Enquanto o mel tipifica a lisonja, e o fermento a corrupção, o sal tem a ver com sobriedade, gravidade, tempero. Do mel Salomão disse; “Comer mel demais não é bom; assim, a busca da própria glória não é glória.” Prov; 25:27 Do fermento falou Paulo: “Alimpai-vos, pois, do fermento velho, para que sejais uma nova massa, assim como estais sem fermento. Porque Cristo, nossa páscoa, foi sacrificado por nós. “ I Cor 5; 7 Quanto ao sal, o mesmo apóstolo preceitua: “A vossa palavra seja sempre agradável, temperada com sal, para que saibais como vos convém responder a cada um.” Col 4; 6
Na fonte de Jericó se nos ensina que havia esterilidade e morte; incapacidade de gerar e de conservar a vida. Assim somos, sem Jesus Cristo. Ele se propõe a fazer algo melhor que sarar uma fonte, antes, criar uma nova. “Mas aquele que beber da água que eu lhe der nunca terá sede, porque a água que eu lhe der se fará nele uma fonte de água que salte para a vida eterna.” João 4:14
Os corações poluídos que recebem esse “prato de sal”, pois, já não são estéreis nem mortos, as águas se tornam saudáveis como o Senhor prometeu. “A doutrina do sábio é uma fonte de vida para se desviar dos laços da morte.” Prov; 13; 14
“No alinhamento da sociedade eu faço a curva.” Thaís Leite Ribeiro