Quem irá se lavar?
Dois homens vão a um restaurante para almoçar; um está com as mãos limpas, outro, sujas; a pergunta é: qual deles se lavará antes de assentar-se à mesa? Resposta 1; o que está sujo, óbvio; ele é que necessita; resposta 2; o que está com as mãos limpas, claro! porque está habituado a se lavar.
As duas afirmações, como vemos, têm certa lógica; o que as difere é que um agiria segundo seu hábito, e o outro segundo a necessidade. Essa possibilidade dialética de “embasar” um, e outro argumento, ainda que uma posição necessariamente será inverídica, em caso de dois sistemas excludentes, como criação e evolução, tem ensejado intermináveis discussões nos meios científicos atuais.
A acusação dos evolucionistas é que a Bíblia seria obscurantista; ou seja: algo que tolhe o pensamento científico aprisionando os homens na redoma da fé; quanto aos criacionistas, o dito é que não há provas da evolução, que consiste em teorias nas quais se crê; e que mudam constantemente, ante novas descobertas. Assim, a falha de um sistema seria não mudar; e a do outro, mudar demais.
Claro que, sendo um divulgador de mensagem cristã creio que Deus criou tudo que há, exceto o pecado; e que a Bíblia é inerrante e infalível.
Duas coisas precisam ser ditas, a bem da verdade; Primeira: Deus não promete em Sua Palavra, satisfazer aos desejos “lógicos” de “sábios” autônomos que se lhe opõem; antes, avisa: “Visto como, na sabedoria de Deus, o mundo não o conheceu por sua própria sabedoria, aprouve a Deus, salvar os que creem pela loucura da pregação” I Cor 1; 21
Segunda: A fé apreciada por quem está fora lembra uma frase bem humorada de Oscar Wilde; “Nunca leio um livro que vou criticar, pois, temo ser influenciado”. Igual “coerência” tem a crítica da fé, por meio de quem a desconhece. Ora, criticar vem de analisar com critério, conhecimento de causa, não apenas rejeitar baseado em preconceitos como muitos “cientistas” o fazem.
Um filósofo pré-socrático chamado Heráclito, ensinava: “Quando um sistema filosófico refutar a outro… não deve demonstrar sua verdade através de outro… O falso deve ser apresentado como falso não por ser oposto ao verdadeiro, mas em si mesmo”.
Noutras palavras: Eu não tenho o direito de dizer: Minha cosmovisão, meu modo de ver o mundo está certo, portanto, o seu que se opõe está errado; pois, quem pensa diverso poderia dizer exatamente as mesmas palavras, arrastando a peleja ao infinito.
Quem se converteu depois de ter sido incrédulo é o único que conhece aos dois “sistemas”. Só um assim, pois, poderia falar da fé e do ceticismo, da incredulidade, com conhecimento de ambos.
Em seus argumentos próprios a evolução jamais demonstra o que postula; apenas, muda de uma afirmação a outra, a cada novo fóssil que escava. Após a descoberta do DNA, então, onde um sistema fixo, o código genético aponta para a eterna reprodução “conforme a espécie”, não, uma contínua mutação como seria necessário à sua teoria; Por isso, não vemos nada em processo de mutação evolutiva; apenas, a extinção célere de espécies e a catástrofe ecológica de humana feitura mediante a poluição.
O homem, que seria o ápice da evolução é a única espécie que opera a autodestruição, com toda sorte de disputas e vícios.
Quanto à criação, se ela é verdadeira, bem como a Bíblia, então, o homem deve apresentar os desvios morais e psíquicos que ela vaticina como consequência da queda.
Além disso, produzir as transformações que promete naqueles que se deixam pela Palavra moldar.
Nesse mister, não precisamos desenterrar nada, porque o “sítio arqueológico” planetário expõe à luz do sol os ossos da falência humana; arcabouço fácil de se montar; quanto às transformações, não carecem sumir na poeira de imaginários milhões de anos, pois, se vê milhares de pessoas que deixaram a violência, o adultério, a mentira, os vícios, enfim, o pecado; depois que tiveram contato com a Palavra de Deus; se isso não nos bastar como prova, nada bastará.
Em suma, uns endeusam a si mesmos e parecem ter necessidade de manter intacto esse orgulho “Divino”; daí, quando confrontados pela revelação bíblica acusam ao próprio Deus de ser uma fraude;
Outros; alcançados pela Palavra e pelo perdão, já não estão mais habituados com o pecado como sendo normal; errando sentem carência de perdão; e, ao mínimo erro que cometem, se põem humildes e arrependidos diante do Senhor.
O hábito pode ser mudado, claro! “Virtude se aprende”, ensinava Demócrito. Mas, a princípio os hábitos desvendam ao ser humano.
Desse modo, volvendo ao nosso exemplo inicial, o homem de mãos sujas se encaminha direto para a mesa, enquanto o de mãos limpas busca por um lavabo…