A espada do amor

“...Se guardardes os meus mandamentos, permanecereis no meu amor;” Jo 15; 10

Diferente da abordagem popular que apresenta o amor como mero sentimento, a Palavra de Deus o coloca como uma atitude, uma tomada de posição; tanto que, o resumo de ambos os testamentos, se pode ter no amor a Deus e ao próximo, dois mandamentos apenas. Se fosse um sentimento, não poderia ser um mandamento, ao contrário, Deus mandaria sentir algo, coisa impensável.

No texto supra, o Senhor adverte que a condição para permanecer no Seu amor é guardar os Seus mandamentos, ou seja, obedecer. A paixão é um sentimento, uma invasão circunstancial, pouco duradoura, aliás, a Bíblia em parte alguma fala da “paixão de Cristo”, antes, do Seu amor. “Mas Deus prova o seu amor para conosco, em que Cristo morreu por nós, sendo nós ainda pecadores.” Rom 5; 8

Paixão traz em sí a idéia de ser passivo, sofrer uma ação externa, sendo incapaz de evitá-la. Da mesma origem vem a palavra, paciente, para definir um enfermo toalmente mercê dos médicos e enfermeiros, por assim dizer, refém. Daí, podemos nos apaixonar por pessoas ou coisas a despeito de serem coerentes conosco em seus valores, pois essa “doença”, é totalmente amoral.

O amor segundo descrito na Bíblia não é assim, antes, “O amor é sofredor, é benigno; o amor não é invejoso; o amor não trata com leviandade, não se ensoberbece. Não se porta com indecência, não busca os seus interesses, não se irrita, não suspeita mal; não folga com a injustiça, mas folga com a verdade; tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta. O amor nunca falha...” I Cor 13; 4 – 8

Infelizmente é um bem do qual todos falam e mui poucos conhecem. Algumas celebridades desfilam seus recordes de casamentos passando de uma dezena, tudo porque o amor teria acabado e “partiram para outra.” Provavelmente o amor sequer existiu; o que houve foi paixão, desejo ardente, coisas com prazo de validade. Os que não conseguem amar, vão de paixão em paixão, fazendo as mesmas promessas “eternas” em ouvidos diversos.

Se o amor “não busca seus interêsses” como afirma Paulo, por certo deve buscar os da pessoa amada. Qual relação terminaria se quiséssem ambos os amantes, o que convém ao outro? Isso fêz Deus enviando Seu filho em nosso socorro.

Nada muda o fato que Ele é amor, mas, como todo amor, espera ser correspondido. Pode até perdoar uma “pulada de cerca” mas não legitimar essa postura.

Seu amor, pois, ainda que excelso, universal, não é um biombo atrás do qual os pecados são santificados. Antes, conduz ao Calvário, pois, acima de tudo, Deus ama a justiça, e essa se cumpre mediante Jesus Cristo.

Seu amor foi manifesto através de uma espada não de flores; “Cinge a tua espada à coxa, ó valente, com a tua glória e a tua majestade. E neste teu esplendor cavalga prosperamente, por causa da verdade, da mansidão e da justiça; e a tua destra te ensinará coisas terríveis. As tuas flechas são agudas no coração dos inimigos do rei, e por elas os povos caíram debaixo de ti. O teu trono, ó Deus, é eterno e perpétuo; o cetro do teu reino é um cetro de eqüidade.Tu amas a justiça e odeias a impiedade; por isso Deus, o teu Deus, te ungiu com óleo de alegria mais do que a teus companheiros. Sal 45; 3 – 8

A nenhum pecador é vetado o amor de Deus, mas a todos é aconselhado, mediante Cristo, da mesma forma; “Vá e não peques mais”. E a Sua palavra define claramente o que é pecado, de modo que nossas escolhas possíveis se restringem a obedecer ou não, jamais a redefinir o que Deus falou. Os que fazem isso, na prática já optaram por desobedecer.

Nada contra os sentimentos; o amor realizado produz sentimentos agradáveis, mas nasce de decisões morais, não de coisas fúteis.

“Amar não é aceitar tudo. Aliás: onde tudo é aceito, desconfio que há falta de amor.”

Vladimir Maiakóvski

Leonel Santos
Enviado por Leonel Santos em 03/09/2011
Reeditado em 04/09/2011
Código do texto: T3198174