COMPREENSÃO

Nós já temos plena consciência de que a maior enfermidade da alma é o egoísmo, porque o egoísmo é sem dúvida o pai de todas os outros vícios e fraquezas que geram a decadência moral e espiritual de uma humanidade inteira. Entre tantos males que o egoísmo provoca, vamos encontrar a dificuldade de compreendermos o próximo, principalmente quando estamos vinculados a ele por algum sentimento mais profundo. Sentimentos profundos existem que são, devido a nossa pequinês espiritual e psicológica, confundidos com o amor. Nessa nossa fase evolutiva, o egoísmo normalmente se reveste da denominação "amor", quando na verdade é ele mesmo, o egoísmo, que age em nós na intenção de controlar aqueles que acreditamos amar. Buscamos transformar, mesmo que inconscientemente, nossos entes queridos, em marionetes, passamos a manipulá-los, quando esses, ainda fracos permitem. Assim surge a imensa dificuldade de compreender o outro, de reconhecer que igualmente a nós, ele tem suas necessidades, muitas vezes bem diferentes daquelas que temos e que pretendemos que ele tenha... Exercitar a compreensão surge como uma urgência na vida de todos nós. Se não sabemos, compreensão também é caridade, pois apartir desse esforço de desprendimento e aceitação do outro tal como ele seja, estamos realizando um bem enorme para com ele, permitindo que ele seja tal como deseja ser... Como iremos solicitar a compreensão para as nossas fragilidades se ainda exigimos que os demais sejam fortes em toda a situação? Como iremos defender nossa liberdade, se ainda situamos aqueles que estão ao nosso lado num verdadeiro cativeiro? Portanto, esforcemos hoje e sempre para compreendermos o nosso familiar, o nosso amigo, o nosso vizinho, sem necessariamente sermos coniventes com eles, quando acharmos que estão trilhando por caminhos enganosos. Não cabe a nós, em momento algum indicar metas, ideais e escolhas, mas se já reconhecemos alguns valores e desejamos que os outros os tomem para sí, simplesmente vivamos esses valores, mas vivamos verdadeiramente, não como quem prega, mas como quem age. Nós seremos reconhecidos sem dúvidas, muito mais pelos nossos atos, nossos exemplos, do que propriamente pelas nossas palavras...