Os móveis de Deus
“A voz do qual moveu então a terra, mas agora anunciou, dizendo: Ainda uma vez comoverei, não só a Terra, senão, também o Céu. E esta palavra: Ainda uma vez, mostra a mudança das coisas móveis, como coisas feitas, para que as imóveis permaneçam.” Heb 12; 26 e 27
Na visão celeste existem tanto coisas móveis, quanto, imóveis; essas últimas, devem permanecer, enquanto as primeiras serão removidas.
O mesmo autor ensina: “Pela fé entendemos que os mundos pela palavra de Deus foram criados; de maneira que aquilo que se vê não foi feito do que é aparente.” 11; 3 Logo, a “matéria prima” da matéria é invisível.
Muitos pleitos inúteis nascem ao se confundir os imóveis com os móveis. Tomemos como exemplo uma obra de concreto armado; se pode fazer as fôrmas de tábuas, compensado, metais, ou mesmo, pré-moldar certas partes; nada disso é relevante, desde que, a construção fique bem feita. Ela é o fim, as outras coisas são apenas meios.
De igual modo a obra de Deus, transita livremente com seus valores eternos (imóveis) nos mais diversos nichos culturais.
Seja onde homens usam saias como na Escócia, onde vestem túnicas como em partes do Oriente médio, ou mesmo, tangas de penas como certas tribos indígenas, ou de pigmeus.
Em todos esses lugares Deus salva, ensina Seus valores, sem se importar com coisas periféricas. As coisas humanas são meras fôrmas, que sustentam o “concreto” na obra de Deus. Paulo advertiu: “As quais coisas (humanas) todas perecem pelo uso, segundo os preceitos e doutrinas dos homens;” Col 2; 22
Disse ele que, gloriar-se nessas coisas, mesmo tendo aparência de piedade, servem apenas para satisfação da carne. Que o relevante é ser nova criatura em Cristo.
Quando somos ensinados que o padrão é decência e ordem, o risco é que queiramos impor a outras formas de viver, nossas noções superficiais de decência.
Essa tem a ver com uma resposta interior, como cada consciência processa determinadas manifestações. Um pigmeu ver outro de tanga, não lhe soa indecente; nem um escocês ver outro de skilt. São coisas normais entre eles. Já ver um mentir, adulterar, roubar...
O mesmo Paulo ensina: “Eu sei, estou certo no Senhor Jesus, que nenhuma coisa é de si mesma imunda, a não ser para aquele que a tem por imunda; para esse é imunda.” Rom 14; 14 Vemos que a imundícia não está na coisa em si mas na consciência de quem a observa.
O contexto fala de alimento, mas, abarca vetores culturais também, uma vez que a purificação da consciência é a meta de Cristo. “O sangue de Cristo, que pelo Espírito eterno se ofereceu imaculado a Deus, purificará vossas consciências das obras mortas, para servirdes ao Deus vivo.” Heb 9; 14
Deus edificou Sua obra ao longo do tempo com fôrmas bem ruins; teve que tolerar poligamia, escravidão, guerras, mesmo não sendo Sua vontade; mas, como eram coisas “móveis”, aos poucos, o trabalho do Espírito Santo foi removendo aquilo que era “... segundo os rudimentos do mundo, não segundo Cristo;” Col 2; 8
Nessa linha “evolutiva”, a inserção ministerial da mulher, quase impensável nos dias de Paulo, hoje é fato. O caso de ser o homem o cabeça tem a ver com sua responsabilidade funcional, não superioridade. Deus está removendo antiquadas concepções porque são móveis. O que é eterno, permanece.
Mas, alguém protestaria, não há o risco de um raciocínio como esse “legitimar” o comportamento homossexual entre os cristãos? Bem, isso não é fator cultural; antes, um erro moral vetado em vários textos portanto, valor inegociável, uma coisa nada tem a ver com a outra.
O texto que encabeça essa matéria refere-se à purificação do planeta como um todo, as coisas feitas pelo homem serão abaladas de tal forma, segundo mostra o Apocalipse, que depois da purificação, teremos uma “Nova Terra” ainda que seja a mesma. Assim como alguém que se converte é nova criatura, de certa forma sendo a mesma.
Erram os meios e o fim, os que apontam para a matéria ensinando ser a meta, “Porque andamos por fé, e não por vista” pois, a fé é “a prova das coisas que se não veem.” Heb 11; 1
Em suma, se, no âmbito humano, imóveis são moradias, ou, porções de terra, no Divino, valores espirituais, que identificam ao Caráter Santo de Deus.
Pelejemos pois, por esses valores com todas nossas forças resistindo a qualquer falsificação do evangelho; porém, não demos às coisas moveis, um peso eterno, fazendo a fôrma mais importante que o concreto.
“Por isso, tendo recebido um reino que não pode ser abalado, retenhamos a graça, pela qual sirvamos a Deus agradavelmente, com reverência e piedade;” Heb 12; 28