A CONVERSÃO DE PEDRO

Pedro, apóstolo de Jesus, era um homem dono de um forte temperamento. Impulsivo, foi o mesmo que deixou as redes, atendendendo um chamado de Jesus, para ser um pescador de homens. Em várias passagens dos Evangelhos, o caráter de Pedro é realçado, mostrando que o que ele gostaria ou pretendia ser no mundo espiritual destoava de suas atitudes intempestivas. Podemos afirmar categoricamente que Pedro não era um discípulo convertido.

Nos momentos que antecediam à crucificação de Jesus, vários dos apóstolos foram avisados por Cristo, Pedro, inclusive: “Esta noite, todos vós vos escandalizareis comigo; porque está escrito: Ferirei o pastor e as ovelhas do rebanho ficarão dispersas. Mas, depois da minha ressurreição, irei adiante de vós para Galiléia.” Mateus 26:31e32. Ao que Pedro se precipitou em responder: “Ainda que venha a ser um tropeço para todos, nunca o será para mim.” Mateus 26:33. Jesus, em sua onisciência advertiu-lhe que ele próprio o negaria por três vezes, antes que cantasse o galo duas vezes. Pedro, pretendendo mostrar-se firme e não se conhecendo a si mesmo, disse que morreria pelo Mestre e que jamais o negaria, conforme escrito no mesmo capítulo, versos 34 e 35.

Pedro, nesses textos, demonstra que realmente ainda não se convertera, pois, estava realmente envolvido com os ideais de Cristo, mas, envolvimento apenas não significa comprometimento com a obra salvadora e redentora de Jesus. Quando há conversão, há mudança de ideais, de caráter e de atitudes, Pedro continuava o mesmo. Infelizmente, hoje e em todos os tempos, há pessoas nas igrejas que não se comprometem, apesar de estarem envolvidas até o pescoço com a liturgia, os rituais e as obras de sua igreja.

Jesus, conhecedor de todas as coisas, falou a Pedro que o demônio havia reclamado para peneirá-lo como trigo ( significa que tencionava destruí-lo), mas que rogara por ele para que sua fé aumentasse e que, quando CONVERTESSE, deveria fortalecer os irmãos. Lucas 22:31 e 32.

A falta de comprometimento de Pedro com a vida espiritual era tão aparente, que não se dava conta da fragilidade e da inconsistência de sua fé. Mostrava-se, entretanto, um homem cheio de arroubos, sanguíneo, que não avaliava as consequências de suas afirmações: “Senhor, estou pronto para ir contigo, tanto para a cadeia, como para a morte.” Lucas 22:33. Se fosse a expressão da verdade, teria se mostrado fiel àquele que o tentava resgatar para uma vida transformada e transformadora.

Quando os soldados vieram prender Jesus, Pedro feriu o servo do sumo sacerdote com uma espada e cortou-lhe a orelha direita, mas Jesus lhe tocou e o curou. Esse ato, com o qual pretendia demonstrar fidelidade, provou estar ele longe do ensinamento cristão sobre oferecer a outra face e perdoar. Ignorava que convinha que o Cristo padecesse, que o cálice da dor, da maldade humana e do sofrimento não poderia jamais ser afastado.

Conforme o relato bíblico, confirmando o que Jesus dissera, Pedro fugiu juntamente com os outros discípulos e seguia a Cristo de longe. Quantas vezes, também nós seguimos a Cristo de longe, para não nos comprometermos com o evangelho e com as consequências que essa opção acarreta, de ser um verdadeiro mordomo do reino celestial?

Não satisfeito, em seguida, os escarnecedores fizeram uma fogueira no pátio e se sentaram ao redor, entre eles, Pedro, que, ao ser reconhecido, negou que conhecesse Jesus, que não era ele quem estava ao lado dEle no jardim e até sua própria origem ele negou, quando disse não ser um Galileu. Não era nem a sombra do que se referia ao Mestre como um Santo de Deus.

Quando se lembrou das palavras de Jesus sobre a negação, chorou amargamente, seu arrependimento foi profundo. Nesse momento, a verdadeira transformação aconteceu, mudança que renderiam duas epístolas maravilhosas, que mostram que o milagre da transformação é o mais valioso que pode acontecer a um ser vivente.

Como Jesus já havia sido sepultado e nenhum fato novo havia acontecido, Pedro e alguns dos discípulos, voltaram a pescar no mar de Tiberíades. Jesus apareceu e foi reconhecido por eles que nada haviam pescado até o momento. Jogaram novamente as redes que transbordaram, depois do comando do Mestre ressurreto.

Outra prova da mudança foi a arguição de Jesus a Pedro que, por três vezes, perguntou se ele O amava. Até que o discípulo, convertido, confirmou que O amava pelo mesmo número de vezes que O negara. Mas, não escondeu sua tristeza por ter insistido na mesma pergunta como se dele Jesus duvidasse. Foi nesse momento que foi convocado a apascentar e pastorear as ovelhas de Deus.

As epistolas revelam agora um cristão valente, nada violento, amoroso, consciente, desempenhando seu santo sacerdócio, pregando o amor fraternal, o amor a Deus sem limites e se dizendo “testemunha dos sofrimentos de Cristo e co-participante da glória que vai ser revelada”. Exorta o cristão a viver uma vida reta, ao estudo e aplicação dos ensinamentos das Sagradas Escrituras e a crescer com Cristo, assim como a ele sucedeu.