Mensagens, de Aimaás a piores

“...Para que agora correrias tu, meu filho, pois não tens mensagem conveniente?” II Sam 18; 22

O golpe de Absalão havia sido desfeito, seu exército disperso, e ele morto. Já não havia ameaças ao reino de Davi. Aimaás, o homem com reputação de portador de boas novas pensou: -Está pra mim, preciso ter com o Rei e imformá-lo disso. -O Capitão Joabe, raposa que era, viu mais longe, e desaconselhou que ele fosse, pois, não tinha a mensagem conveniente. “... Tu não serás hoje o portador de novas, porém outro dia as levarás; mas hoje não darás a nova, porque é morto o filho do rei.” V 20

Assim escolheu um etíope e ordenou que dissesse ao rei o que vira. Mas o afoito Aimaás continuou insistindo, deixa eu ir também. Joabe permitiu, “...E Aimaás correu pelo caminho da planície, e passou a Cusi.” V 23 Além de afoito de alma, era muito veloz nosso bravo Aimaás. Estava tão convencido de levar boas novas, que isso o instigava; suas cogitações eram, chegar ante o rei e dizer, vencemos, acabou a guerra, paz ao rei; talvez, ganhar recompensas.

Entretanto, o coração de Davi estava com outros temores. Quando avistaram um mensageiro e identificaram como sendo o das boas novas, criou-se uma expectativa otimista, mas, Davi não podia evadir-se aos cuidados de seu coração e logo perguntou: “Então disse o rei: Vai bem com o jovem, com Absalão? E disse Aimaás: Vi um grande alvoroço, quando Joabe mandou o servo do rei, e a mim teu servo; porém não sei o que era. E disse o rei: Vira-te, e põe-te aqui. E virou-se, e parou.” 29 e 30

Ante os fatos, murcharam as expectativas alvissareiras do jovem repórter, e mentiu; bem sabia a verdade, mas, precisava cuidar de sua reputação de mensageiro de boas novas, foi posto de lado.

Aí chegou o outro, cujo compromisso era apenas com a verdade. “Então disse o rei a Cusi: Vai bem com o jovem, com Absalão? E disse Cusi: Sejam como aquele jovem os inimigos do rei meu senhor, e todos os que se levantam contra ti para mal.” V 32 Em outras palavras, danen-se todos os inimigos do rei, como aquele se danou. Duro, mas verdadeiro.

Nessa didática passagem temos a gênese dos falsos profetas daquele tempo e dos atuais. Empunhar uma mensagem por interesse próprio, falsificar ou mentir, por conveniência. Em Nossos dias também somos portadores de novas que misturam dor com vitória, o Filho do Rei morreu, mas somos mais que vencedores, Nele. É uma alegre triste notícia, alegre porque nos liberta, vergonhosa porque nos mostra no espelho da alma como culpados da Sua morte. Isso é gerador de contrição, pois deve exortar os ouvintes a tomarem suas cruzes a nela pregarem suas inclinações naturais.

Os descendentes de Aimaás, são numerosos. Falsificam a mensagem da cruz tentando ser aceitos, para encher seus templos, não importando de que tipo de pessoas. Há muito o Rei os colocou de lado porque inúteis. Não obstante, as “igrejas” os colocam em destaque, porque servem aos interesses delas.

Ah que alentador se os que não têm mensagem conveniente se calassem, e falassem tão somente os comprometidos com a verdade! Pararíamos de transformar a Bíblia num manual de sucesso e prosperidade, num meio de viver melhor, ensinaríamos tão somete sua mensagem, mesmo que essa implique morrer melhor, para agradar a Deus. “Quem achar a sua vida perdê-la-á; e quem perder a sua vida, por amor de mim, achá-la-á.” Mat 10 39

Quem não gosta de receber boas notícias? O Evangelho é conhecido como Boas Novas, mas, a esses não é suficiente a salvação em Cristo e o perdão de Deus, querem o céu na terra, e depois, no céu. O fato é que não dá, uma coisa exclui a outra, e como aqui dura só um pouquinho e lá é eterno, seriam mais “malandros” se apontassem para lá. Como a verdade demanda certa têmpera que só o Espírito Santo produz, seguem céleres e faceiros, passando adiante dos mensageiros fiéis, velozes e inúteis. O Rei os deixará de lado.

"A mentira roda meio mundo antes de a verdade ter tido tempo de colocar as calças." (Winston Churchill)