Contra o patrimônio

“Se estiver embotado o ferro, e não se afiar o corte, então se deve redobrar a força; mas a sabedoria é excelente para dirigir.” Ecl 10; 10

Tenho lido sobejamente que a existência do inferno e a imortalidade da alma, são invenções pagãs, perversões da mensagem original, falsas interpretações impostas por Roma. Se a turma do “Santo Padre” tivesse com essa bola toda, não teria sua Bíblia peculiar com seis apócrifos, que foram rejeitados pelos demais tradutores bíblicos. Para mim, sempre foram coisas pacíficas, indisputáveis, uma vez que aparecem em três centenas de versos ou mais. Como são interdependentes, se provada a existência de um, automaticamente existe o outro, bem como a não existência, pois, o inferno só faz sentido como prisão eterna das almas ímpias, se essas acabam na morte, pra quê inferno? A palavra hades, é muito encontrável nos escritos gregos antigos, Sócrates, sobretudo aludia a ele, nunca como sepulcro, mas, como lugar das almas pós morte. Quer dizer que isso confirma ser uma doutrina pagã? Não. O mesmo filósofo defendia que é preferível sofrer uma injustiça a cometê-la, e que o justo é mais venturoso no porvir, que o injusto. Igualzinho à Bíblia, o que não torna esses, ensinos pagãos. Como o Novo Testamento foi escrito basicamente em grego, natural que a palavra hades fosse usada para definir o lugar das almas dos mortos. Mas, e se fosse mesmo, sepulcro, como dizem os opositores? Vejamos alguns textos: “E no inferno, ergueu os olhos, estando em tormentos, e viu ao longe Abraão, e Lázaro no seu seio”. Luc 16; 23 Se fosse aquela a tradução correta para hades, seria possível essa cena? “Mas eu vos mostrarei a quem deveis temer; temei aquele que, depois de matar, tem poder para lançar no inferno; sim, vos digo, a esse temei. “ Luc 12; 5 O contexto ensina que não devemos temer os homens, que só podem matar o corpo, mas, temer a Deus que, além de matar tem poder para lançar no inferno. Naquele caso, a cova, qualquer um teria esse “poder”. “Tu a fustigarás com a vara, e livrarás a sua alma do inferno.” Prov 23; 14 O ensino de Salomão parece falar de livrar a alma, não o corpo, uma vez que os filhos bem educados também morrem. “Os ímpios serão lançados no inferno, e todas as nações que se esquecem de Deus.” Sal 9; 17 Há indígenas que não sepultam seus mortos, antes, constroem “Sambaquis” sepulcros ao ar livre, e também muitos são incinerados, de modo que devem ser todos justos, ou, mesmo ímpios, escapam do “inferno”. “Porque, se Deus não perdoou aos anjos que pecaram, mas, havendo-os lançado no inferno, os entregou às cadeias da escuridão, ficando reservados para o juízo;” II Ped 2; 4 Segundo sabemos, anjos, são seres espirituais, de modo que não podem usar sepulcros, mas, esses citados, estão presos no hades aguardando juízo. Basta, embora haja muito mais, para demonstrar que é ensino bíblico sobejo. Mas, se a Bíblia foi alterada em seu propósito original, como dizem, quem garante que as raposas que fizeram isso não pensaram em tudo? Spurgeon disse: “Não é necessário defender um leão; dê-lhe liberdade, e ele se defende sozinho. De igual modo a Bíblia. Deixe-a falar e ela se defenderá.” Evangelista ingênuo! Mal sabe que se trata de um falso leão, enfermo, incapaz... Também preciso despertar de minha ingenuidade uma vez que usei textos viciados para defender o que creio, estou “no pincel”. Se a Palavra nada pode em sua própria defesa, como faremos? Já que Deus nos abandonou nesse vale de lágrimas, só nos resta usarmos o recurso dos filósofos, a velha massa cinzenta. Vamos lá! Tomemos como ponto de partida dois homens; um justo, e um ímpio. Qual deles se atreveria a alterar a Palavra de Deus? Voce disse ímpio? Apoiado, falsidade combina com o tal. Quando um falsário age, o faz para se prejudicar, ou para facilitar as coisas? De outro modo; um mentiroso mente para sofrer, ou para fugir aos constrangimentos da verdade? Opção “b”? De acordo, eles agem assim. Assim sendo, devemos concluir que, um ou mais ímpios, falsificaram a Palavra, acrescentando penalidade eterna à impiedade. Tornando assim, rigoroso um código que se recusavam a cumprir quando mais brando, senão, não seriam ímpios? Do ponto-de-vista de evangelização, duas são as possibilidades de chegarmos a Deus: Por medo do inferno, ou amor ao Senhor. Pessoalmente acho que o primeiro é mais eficaz, pois, só aprendemos a amar a Deus depois de certa intimidade. Segunda conclusão: o argumento mais eficaz para salvação, foi omitido por Deus e acrescentado por um injusto.(?) Na verdade, estou atônito com as conclusões necessárias, meus dois neurônios estão em transe. Mas, se os ímpios fizeram esses gols contra, bem feito, que percam o jogo! Ou se “corrigiram” a revelação “imperfeita” de Deus, não terão sido usados por Ele? “Certamente a cólera do homem redundará em teu louvor; o restante da cólera tu o restringirás.” Sal 76 10 Ops, desculpem, estou citando de novo o texto viciado... preciso me socorrer de outro.

“A diferença entre a inteligencia e a estupidez, é que a inteligencia é limitada.” Roberto Campos

Leonel Santos
Enviado por Leonel Santos em 21/06/2011
Código do texto: T3047931