O que representa, verdadeiramente, crer em Deus?
“Com efeito, de tal modo Deus amou o mundo, que lhe deu seu Filho único, para que todo o que nele crer não pereça, mas tenha a vida eterna. Pois Deus não enviou o Filho ao mundo para condená-lo, mas para que o mundo seja salvo por ele. Quem nele crê não é condenado, mas quem não crê já está condenado; por que não crê no nome do Filho único de Deus.” (Jo 3,16-18)
“Respondeu-lhes Jesus: Em verdade, em verdade vos digo: buscai-me, não porque vistes os milagres, mas porque comestes dos pães e ficastes fartos. Trabalhai, não pela comida que perece, mas pela que dura até a vida eterna, que o Filho do Homem vos dará. Pois nele Deus Pai imprimiu o seu sinal. Perguntaram-lhe: Que faremos para praticar as obras de Deus? Respondeu-lhes Jesus: A obra de Deus é esta: que creiais naquele que ele enviou. Perguntaram eles: Que milagre fazes tu, para que o vejamos e creiamos em ti? Qual é a tua obra? Nossos pais comeram o maná no deserto, segundo o que está escrito: Deu-lhes de comer o pão vindo do céu (Sl 77,24). Jesus respondeu-lhes: Em verdade, em verdade vos digo: Moisés não vos deu o pão do céu, mas o meu Pai é quem vos dá o verdadeiro pão do céu; porque o pão de Deus é o pão que desce do céu e dá vida ao mundo. Disseram-lhe: Senhor, dá-nos sempre deste pão! Jesus replicou: Eu sou o pão da vida: aquele que vem a mim não terá fome, e aquele que crê em mim jamais terá sede.” (Jo 6,26-35)
Queridos Irmãos:
Neste domingo, o Evangelho, tanto do calendário litúrgico Sírio Ortodoxo de Antioquia, como do calendário Romano, apontam para o amor de Deus que salva a humanidade que nele crê.
Amor do Pai que gerou Seu próprio filho no ventre de Maria, para que, ao vencer a morte, pudesse salvar-nos a todos. Porém, a todos que nEle crerem. O ato da salvação é universalmente direcionado, mas concretizar-se-á nos que desejarem, desejo este expresso pela crença na salvação, ou seja, todos nós podemos ser salvos, basta crermos.
Amados, no texto narrado por João que traz a conversa entre Cristo Jesus e o fariseu Nicodemos, o chefe do tribunal religioso dos judeus (Jo 3,1-21), nos versículos 14 e 15, Jesus apresenta a seguinte comparação: “Como Moisés levantou a serpente no deserto, assim deve ser levantado o Filho do Homem, para que todo homem que nele crer tenha a vida eterna.”
A caminho da terra prometida, cruzando o deserto, o povo de Israel, em um determinado momento, assim como em outras vezes, esmoreceu, perdeu a coragem e a fé, questionando a vantagem de terem sido libertados dos egípcios, pois lá, mesmo que no cativeiro, eles tinham comida e dormida e, no deserto, grande eram as privações pelas quais estavam passando. Frente à tal postura, “o Senhor enviou contra o povo serpentes ardentes, que morderam e mataram muitos”. Apiedado do sofrimento de seu povo, Moisés clama ao Senhor por clemência, apesar das limitações daqueles que o seguiam. O Senhor determinou que Moisés fizesse uma “serpente ardente” e a fixa-se sobre um poste e prometera que todos aqueles mordidos pelas cobras, ao olharem para a serpente de bronze, seriam curados e salvos.
Em nosso deserto, durante nossa caminhada na vida, diversos são os momentos em que esmorecemos, duvidamos, questionamos os problemas e as adversidades enfrentadas. Somos mordidos pelas cobras ardentes do mal, da ira, do desamor, do egoísmo. Porém, da mesma forma que o Senhor ordenou Moisés para que estendesse sobre o poste uma cobra de cobre, para a salvação daqueles que para ela olhassem e cressem na promessa divina, Jesus fora crucificado no madeiro, para a salvação de todos que para Ele olhassem e crescem nas promessas do Pai.
Dessa forma, segundo o diálogo narrado, o mesmo simbolismo que a serpente ardente tinha para os judeus, Cristo Jesus passou a ter para os cristãos. Ocorre que, para a concretização da promessa de salvação, faz-se necessário o crer. E é por isso que, na continuidade da conversa entre Jesus e Nicodemos, Cristo afirma que, aqueles que nEle crerem serão salvos.
Crer, porém, não é somente um ato de confiança racional, como cremos no êxito de um teste por termos nos preparado para ele, assim como cremos na cura de uma doença instalada, por termos sido adequadamente tratados para seu enfrentamento. Crer em Cristo Jesus e em Suas promessas significa entregarmo-nos a Ele, é seguirmo-Lo, mesmo sem visualizarmos o destino final, apenas pela crença de sermos retamente por Ele guiados. Para onde quer que Ele nos leve, lá será o nosso destino.
A salvação daquelas pessoas do povo de Israel, qualquer um deles, que foram mordidas pela serpente era, tão somente, olhar a serpente de bronze e crer. Nada fora exigido em troca, apenas o olhar para ela e crer na salvação. Se, no entanto, não houvesse a crença da cura centrada naquele objeto estendido, pereceria o ferido incrédulo. Não houve escolhidos, não houve prediletos, a todos estava disponível a possibilidade de cura, desde que nela crescem.
Não era uma escolha para aqueles mordidos pela serpente, era uma decisão. Pois sua morte era eminente e inevitável, restando-lhes, apenas, a opção de olhar para o metal, pois já estavam condenados. Optavam pela vida ou aguardavam a morte. Igualmente para nós, mordidos pelo mal, envolvidos pelas nossas limitações humanas. Não nos é dada uma escolha, é-nos fornecida a opção pela salvação e libertação dos males que nos prendem a este mundo, ou, então, pereceremos.
A crença na salvação por Cristo Jesus, começa no acreditar na Sua existência em nossa vida, de forma viva, atual e atuante, mas requer, também, que O vejamos como pão da vida, como forma de “alimentação”. Salvamo-nos ao nos “alimentar” dEle, ao trazê-Lo como centro de nossa sobrevida, não a vida da carde, mas a vida do espírito. Cristo é vida para aqueles que estão moribundos pelas limitações e pecados. Vida em abundancia, vida eterna. A crença, assim, vai além do crer na existência, ela requer a entrega incondicional, a certeza da salvação.
Se nos alimentarmos do pão do mundo, rapidamente teremos fome. Se bebermos da fonte de água da vida mundana, logo teremos sede. Porém, alimentando-nos da presença de Cristo em nossa vida e crendo em Suas promessas, jamais teremos fome ou sede novamente.
Apenas a crença racional na presença de Deus na nossa vida não propicia a nossa reconciliação com Ele. A mudança de nossa vida, entregando-nos a Ele, é que poderá transformar a criatura doente, limitada e perdida (velho homem) no novo homem (renascido e salvo). Crucifiquemos o nosso velho homem com Cristo, para que ele morra e seja sepultado. Assim, o novo homem poderá, com Jesus, ressuscitar gloriosamente triunfante.
Ainda no dialogo entre Cristo e Nicodemos, Nosso Senhor afirma na necessidade de renascermos pelo espírito, para que possamos viver em abundancia a vida eterna.
Sabemos que o verdadeiro amor é um sentimento auto-alimentado. De nada precisa em troca para ser mantido presente, apenas a possibilidade de existir é o suficiente para sua sobrevida. Como acreditamos que Deus é essencialmente amor, amor puro e infinito, apenas a Sua presença em nós, salvando-nos das serpentes do mundo, é o bastante para a Sua permanência. Ele nada cobra, nada pede em troca, não precisa de nenhum de nós, tampouco escolhe alguns de nós, Ele apenas deseja ser aceito, recebido e acreditado, entregando-nos a Ele e deixando-O conduzir nossa vida em direção à paz eterna.
Não precisamos ser perfeitos para que Ele nos acolha e habite em nossos corações. Mas, certamente, se a Ele entregarmo-nos, estaremos no caminho da santidade.
Aceitemos e creiamos em Cristo Jesus, não de forma racional ou meramente verbal. De fato, entreguemos a condução de nossa vida a Ele, pois, certamente, Ele nos conduzirá à vida plena e eterna.
Isto é fé – a resposta que damos à revelação de Deus.
Fiquem com Deus!
“Com efeito, de tal modo Deus amou o mundo, que lhe deu seu Filho único, para que todo o que nele crer não pereça, mas tenha a vida eterna. Pois Deus não enviou o Filho ao mundo para condená-lo, mas para que o mundo seja salvo por ele. Quem nele crê não é condenado, mas quem não crê já está condenado; por que não crê no nome do Filho único de Deus.” (Jo 3,16-18)
“Respondeu-lhes Jesus: Em verdade, em verdade vos digo: buscai-me, não porque vistes os milagres, mas porque comestes dos pães e ficastes fartos. Trabalhai, não pela comida que perece, mas pela que dura até a vida eterna, que o Filho do Homem vos dará. Pois nele Deus Pai imprimiu o seu sinal. Perguntaram-lhe: Que faremos para praticar as obras de Deus? Respondeu-lhes Jesus: A obra de Deus é esta: que creiais naquele que ele enviou. Perguntaram eles: Que milagre fazes tu, para que o vejamos e creiamos em ti? Qual é a tua obra? Nossos pais comeram o maná no deserto, segundo o que está escrito: Deu-lhes de comer o pão vindo do céu (Sl 77,24). Jesus respondeu-lhes: Em verdade, em verdade vos digo: Moisés não vos deu o pão do céu, mas o meu Pai é quem vos dá o verdadeiro pão do céu; porque o pão de Deus é o pão que desce do céu e dá vida ao mundo. Disseram-lhe: Senhor, dá-nos sempre deste pão! Jesus replicou: Eu sou o pão da vida: aquele que vem a mim não terá fome, e aquele que crê em mim jamais terá sede.” (Jo 6,26-35)
Queridos Irmãos:
Neste domingo, o Evangelho, tanto do calendário litúrgico Sírio Ortodoxo de Antioquia, como do calendário Romano, apontam para o amor de Deus que salva a humanidade que nele crê.
Amor do Pai que gerou Seu próprio filho no ventre de Maria, para que, ao vencer a morte, pudesse salvar-nos a todos. Porém, a todos que nEle crerem. O ato da salvação é universalmente direcionado, mas concretizar-se-á nos que desejarem, desejo este expresso pela crença na salvação, ou seja, todos nós podemos ser salvos, basta crermos.
Amados, no texto narrado por João que traz a conversa entre Cristo Jesus e o fariseu Nicodemos, o chefe do tribunal religioso dos judeus (Jo 3,1-21), nos versículos 14 e 15, Jesus apresenta a seguinte comparação: “Como Moisés levantou a serpente no deserto, assim deve ser levantado o Filho do Homem, para que todo homem que nele crer tenha a vida eterna.”
A caminho da terra prometida, cruzando o deserto, o povo de Israel, em um determinado momento, assim como em outras vezes, esmoreceu, perdeu a coragem e a fé, questionando a vantagem de terem sido libertados dos egípcios, pois lá, mesmo que no cativeiro, eles tinham comida e dormida e, no deserto, grande eram as privações pelas quais estavam passando. Frente à tal postura, “o Senhor enviou contra o povo serpentes ardentes, que morderam e mataram muitos”. Apiedado do sofrimento de seu povo, Moisés clama ao Senhor por clemência, apesar das limitações daqueles que o seguiam. O Senhor determinou que Moisés fizesse uma “serpente ardente” e a fixa-se sobre um poste e prometera que todos aqueles mordidos pelas cobras, ao olharem para a serpente de bronze, seriam curados e salvos.
Em nosso deserto, durante nossa caminhada na vida, diversos são os momentos em que esmorecemos, duvidamos, questionamos os problemas e as adversidades enfrentadas. Somos mordidos pelas cobras ardentes do mal, da ira, do desamor, do egoísmo. Porém, da mesma forma que o Senhor ordenou Moisés para que estendesse sobre o poste uma cobra de cobre, para a salvação daqueles que para ela olhassem e cressem na promessa divina, Jesus fora crucificado no madeiro, para a salvação de todos que para Ele olhassem e crescem nas promessas do Pai.
Dessa forma, segundo o diálogo narrado, o mesmo simbolismo que a serpente ardente tinha para os judeus, Cristo Jesus passou a ter para os cristãos. Ocorre que, para a concretização da promessa de salvação, faz-se necessário o crer. E é por isso que, na continuidade da conversa entre Jesus e Nicodemos, Cristo afirma que, aqueles que nEle crerem serão salvos.
Crer, porém, não é somente um ato de confiança racional, como cremos no êxito de um teste por termos nos preparado para ele, assim como cremos na cura de uma doença instalada, por termos sido adequadamente tratados para seu enfrentamento. Crer em Cristo Jesus e em Suas promessas significa entregarmo-nos a Ele, é seguirmo-Lo, mesmo sem visualizarmos o destino final, apenas pela crença de sermos retamente por Ele guiados. Para onde quer que Ele nos leve, lá será o nosso destino.
A salvação daquelas pessoas do povo de Israel, qualquer um deles, que foram mordidas pela serpente era, tão somente, olhar a serpente de bronze e crer. Nada fora exigido em troca, apenas o olhar para ela e crer na salvação. Se, no entanto, não houvesse a crença da cura centrada naquele objeto estendido, pereceria o ferido incrédulo. Não houve escolhidos, não houve prediletos, a todos estava disponível a possibilidade de cura, desde que nela crescem.
Não era uma escolha para aqueles mordidos pela serpente, era uma decisão. Pois sua morte era eminente e inevitável, restando-lhes, apenas, a opção de olhar para o metal, pois já estavam condenados. Optavam pela vida ou aguardavam a morte. Igualmente para nós, mordidos pelo mal, envolvidos pelas nossas limitações humanas. Não nos é dada uma escolha, é-nos fornecida a opção pela salvação e libertação dos males que nos prendem a este mundo, ou, então, pereceremos.
A crença na salvação por Cristo Jesus, começa no acreditar na Sua existência em nossa vida, de forma viva, atual e atuante, mas requer, também, que O vejamos como pão da vida, como forma de “alimentação”. Salvamo-nos ao nos “alimentar” dEle, ao trazê-Lo como centro de nossa sobrevida, não a vida da carde, mas a vida do espírito. Cristo é vida para aqueles que estão moribundos pelas limitações e pecados. Vida em abundancia, vida eterna. A crença, assim, vai além do crer na existência, ela requer a entrega incondicional, a certeza da salvação.
Se nos alimentarmos do pão do mundo, rapidamente teremos fome. Se bebermos da fonte de água da vida mundana, logo teremos sede. Porém, alimentando-nos da presença de Cristo em nossa vida e crendo em Suas promessas, jamais teremos fome ou sede novamente.
Apenas a crença racional na presença de Deus na nossa vida não propicia a nossa reconciliação com Ele. A mudança de nossa vida, entregando-nos a Ele, é que poderá transformar a criatura doente, limitada e perdida (velho homem) no novo homem (renascido e salvo). Crucifiquemos o nosso velho homem com Cristo, para que ele morra e seja sepultado. Assim, o novo homem poderá, com Jesus, ressuscitar gloriosamente triunfante.
Ainda no dialogo entre Cristo e Nicodemos, Nosso Senhor afirma na necessidade de renascermos pelo espírito, para que possamos viver em abundancia a vida eterna.
Sabemos que o verdadeiro amor é um sentimento auto-alimentado. De nada precisa em troca para ser mantido presente, apenas a possibilidade de existir é o suficiente para sua sobrevida. Como acreditamos que Deus é essencialmente amor, amor puro e infinito, apenas a Sua presença em nós, salvando-nos das serpentes do mundo, é o bastante para a Sua permanência. Ele nada cobra, nada pede em troca, não precisa de nenhum de nós, tampouco escolhe alguns de nós, Ele apenas deseja ser aceito, recebido e acreditado, entregando-nos a Ele e deixando-O conduzir nossa vida em direção à paz eterna.
Não precisamos ser perfeitos para que Ele nos acolha e habite em nossos corações. Mas, certamente, se a Ele entregarmo-nos, estaremos no caminho da santidade.
Aceitemos e creiamos em Cristo Jesus, não de forma racional ou meramente verbal. De fato, entreguemos a condução de nossa vida a Ele, pois, certamente, Ele nos conduzirá à vida plena e eterna.
Isto é fé – a resposta que damos à revelação de Deus.
Fiquem com Deus!