A ocasião e o ladrão

Um dito já surrado pelo uso popular é que a ocasião faz o ladrão. A idéia que encerra, é que alguém de boa índole, ante uma ocasião favorável, sucumbe e se torna ladrão.

Se for mesmo assim, a ocasião tiver alguma culpa, isso, deve ser usado como atenuante num eventual julgamento e quiçá, até inocente ao que furtar.

Na verdade, a ocasião não tem a prerrogativa de fazer algo de tal monta. O que ela propicia, é que se manifeste o que já está no coração de cada um.

Se observarmos bem, não raro, se dá o contrário; o ladrão age em quaisquer circunstâncias, mesmo às adversas, ele faz sua vez. 10) “Ainda que se mostre favor ao ímpio, nem por isso aprende a justiça; até na terra da retidão ele pratica a iniqüidade, e não atenta para a majestade do SENHOR.” (Isa 26; 10)

Que ocasião favorável teve José na casa de Potifar, quando a esposa infiel deste, tentou seduzi-lo estando sós em casa! Contudo, José não pecou.

Adão cobiçou o mal em pleno jardim, Cristo venceu ao tentador no deserto. Em ambos os casos, a ocasião nada teve a ver.

Aliás, se ladrões agissem em momentos favoráveis tão somente, ou, ao menos, não atuassem nos desfavoráveis, jamais entrariam numa igreja para roubar. Afinal, ali, bem ou mal, se lembra a graça e a justiça de Deus. Ante tal cenário onde consciências são desafiadas, pensar em roubo não parece apropriado.

Contudo, uma súcia de ladrões usurpa a Palavra de Deus sobre os púlpitos do país, cambiando toda sorte de bens materiais, em troca de ofertas para seus ministérios mercenários. Ladrões profissionais que fazem do pretexto de pregar o Evangelho, ocasião para se locupletarem, atiçando às cobiças dos que caem na sua lábia perversa.

Ademais, cada ocasião tem dois lados opostos: Por um se pode sucumbir ao pecado, por outro, resistir e glorificar a Deus, dizendo um sonoro não, ao tentador. Tendo essa ambivalência as tentações, (Ocasiões), tornam-se pedras de toque para revelar o santo e o ladrão, não mais.

Nada errado há com as circunstâncias, pois, uma vez que essas pertencem a todos, o erro está em consciências cauterizadas servas da ganância. "A Terra provê o bastante para satisfazer a necessidade de todos os homens, mas não a ganância de todos os homens." (Mahatma Gandhi)