COM CARIDADE NÃO SE PAGA PECADOS
O pecado é muito grave para ser resolvido com simples caridade. A gravidade do pecado é mortal, exterminante, prova é que nossos primeiros pais, embora tenham sido criados eternos, produziram a própria morte por pecar, mesmo que tenha demorado quase mil anos para ela alcançar o apogeu e consumar-se. E, por causa do pecar contínuo, desde lá, todos têm morrido, reduzindo drasticamente e sempre mais o tempo de vida dos indivíduos. E a maior prova do potencial exterminante do pecado é que caminhamos a passos largos para o extermínio da vida na Terra. Na verdade, temos nascido e sobrevivido a base de muitos remédios.
Como os espíritas dizem acertadamente, o pecado não é pouca coisa a ponto de que se possa alcançar perdão sem nenhum sacrifício do pecador. Por isso entendem que alcançar perdão de graça, pelo simples sacrifício de Cristo e sem nenhuma obra do pecador, minimiza a gravidade do pecado, tornando muito fácil pecar e livrar-se da culpa. Assim presumem que ao pecador compete fazer algo como forma punitiva ou de compensação por seus pecados e entendem que esse algo é a prática da caridade.
Presumir que por mero esforço humano se pode obter o perdão dos pecados é que é minimizar sua gravidade. O pecado não é tão simples assim, como os espíritas dizem. Se o fosse, Caim jamais teria assassinado seu irmão Abel. O fez porque presumiu que podia resolver o problema do pecado por suas próprias obras, então ofereceu o melhor de sua lavoura para Deus. Ignorou que um ato de desobediência não pode ser desfeito com outro ato de desobediência, sendo que Deus resolvera o problema do pecado poupando o ser humano da morte eterna, assumindo para Si esse encargo. Sendo que foi reprovado pela atitude de seu irmão, que fez o certo, Caim fez parecer que era perseguido de Deus e de seu irmão, como alguém de quem Deus não gosta por gratuita antipatia. Então matou seu irmão por tomar por superioridade sua atitude de fazer o que era certo.
A gravidade do pecado é tão grande que para alcançar-se perdão somente por sacrifício da vida humana. Os pagãos entendiam muito bem isso, tanto é que muitas civilizações sacrificavam seres humanos aos deuses até bem pouco tempo atrás. Entretanto, Deus tinha isso por abominação. A morte humana não serve para a solução do pecado, pois, por ser o humano devedor e por isso não poder retornar da morte punitiva (que é a morte eterna), seu sacrifício é insuficiente, requerendo sacrifício superior, de alguém sem débito, capaz de pagar com a vida pelo pecado que não é seu, mas com mérito bastante para reter em si a vida. Para tanto, Deus proveu o sacrifício de Si mesmo em forma humana. E assim Cristo pagou por nossos pecados, o que nossas míseras obras de caridade jamais poderão fazer.
Ainda assim a caridade não será desprezada. A caridade é misericórdia, pois caridade é fazer por alguém algo que esse alguém nada fez para merecer. E muitas pessoas que nada podem fazer por suas vidas precisam que façamos isso por elas. É isso que Deus fez por nós morrendo em nosso lugar. Nada podemos fazer para obter o perdão por nossos pecados e nenhum mérito temos que obrigue Cristo a morrer em nosso lugar. Por isso, como forma de reconhecimento de nossa carência e como gratidão pela caridade que recebemos, devemos praticar a caridade. Entretanto, a caridade que viermos a praticar deve ser somente fruto da gratidão pelo perdão alcançado gratuitamente, jamais um meio para nos redimirmos por nossos pecados. Ou seja, obedeceremos a vontade de Deus expressa em Sua Lei e praticaremos a caridade nela expressa como forma de reconhecimento de nossa incapacidade de pagarmos por nossos pecados, bem como por estarmos gratos pelo sacrifício substitutivo, com o qual Deus pagou por nossos pecados liquidando nossa dívida.
Quem não aceita esse bônus, quem insiste que tem que fazer caridade ou sacrifícios para obter perdão, comete heresia e não alcançará perdão jamais, pois por nossas obras jamais reverteremos o prejuízo do pecado. Ao contrário, pioraremos sempre mais.
Portanto, para remissão de nossos pecados, basta-nos aceitar o sacrifício de Cristo na cruz, reconhecer que pecamos, arrepender-nos, confessar, abandonar os pecados e aceitar que a dívida já foi quitada pelo Filho de Deus, o Único e suficiente Salvador da Humanidade.
“Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda injustiça.” – I João 1:9.
“Quem crer e for batizado será salvo; mas quem não crer será condenado.” - Marcos 16:16.
Wilson do Amaral
Autor de Os Meninos da Guerra, 2003 e 2004, e Os Sonhos não Conhecem Obstáculos, 2004.