O reinado do espinheiro
“E sucedeu que, passados dias, o ribeiro se secou, porque não tinha havido chuva na terra.” I Rs 17; 7 Muitas vezes somos inseridos num contexto de juízo, mesmo não sendo a causa dele. Era o caso de Elias. Padecia os males de severa estiagem que ele mesmo profetizara, por culpa, sobretudo, de Acabe e Jezabel, que governavam o país. Ser escolhido para representar Deus nesse mundo, embora seja deveras honroso, implica ser chamado a sofrer. Que o diga Jeremias. “Antes que te formasse no ventre te conheci, e antes que saísses da madre, te santifiquei; às nações te dei por profeta.” Não era um homem com vontade própria, antes, um presente de Deus às nações. Ainda que foi reputado um “presente grego” o intento era outro. Assim sendo, o genuíno ministério espiritual não é opção fácil. Os escolhidos temem as consequências da escolha. Homens de bem, preferem se ocupar de suas coisas, mais amenas, a combaterem os errados com todas as consequências que isso traz. “Então Moisés disse a Deus: Quem sou eu, que vá a Faraó e tire do Egito os filhos de Israel?” Ex 3; 11 Moisés temeu sua escolha. Claro que a obra depende de Deus, em última análise, mas, há uma participação humana. Jeremias também agiu assim; “Então disse eu: Ah, Senhor DEUS! Eis que não sei falar; porque ainda sou um menino.” Jr 1; 6 Isso, porque quero entender a profusão de “escolhidos” de nossos dias. Terão eles consciência das implicações de se apresentarem como depositários da Palavra de Deus? Sim, muitos irão a eles, em suas necessidades. “E disse Jeosafá: Está com ele a palavra do SENHOR. Então o rei de Israel, Jeosafá, e o rei de Edom desceram a ter com ele.” II Rs 3; 12 Eliseu era a “Bíblia viva” de então, os reis o buscaram para receber direção. Claro que temos hoje a Palavra escrita acessível a todos, mas, infelizmente as pessoas em sua maioria não são aptas a interpretá-la, e escolhem intérpretes ao sabor da comichão dos ouvidos. Os “escolhidos” de hoje, sequer cogitam o risco de desencaminhar alguém “em nome do Senhor”. “Maldito aquele que fizer que o cego erre de caminho.” Deut 27; 18 Quisera fosse obra do Espírito Santo a explicar isso tudo, mas, acho que Jotão, sem o “sensus plênior” falou também de nós, quando ilustrou a busca de liderança das árvores:“..as árvores... disseram à oliveira: Reina tu sobre nós. Porém a oliveira lhes disse: Deixaria eu a minha gordura, que Deus e os homens em mim prezam, e iria pairar sobre as árvores?... à figueira: Vem tu, e reina sobre nós. Porém a figueira lhes disse: Deixaria eu a minha doçura, o meu bom fruto, e iria pairar sobre as árvores? Ainda a videira recusou...Então todas as árvores disseram ao espinheiro: Vem tu, e reina sobre nós. E disse o espinheiro às árvores: Se, na verdade, me ungis por rei sobre vós, vinde, e confiai-vos debaixo da minha sombra; ...” Jz 9; 8 – 15 Essa é a sina. Os maus são solícitos, uma vez que miram as vantagens, não as responsabilidades.
Nos dias de Elias, estava ele, só, como profeta do Senhor em combate, enquanto a oposição chegava a oitocentos e cinqüenta homens. Qual o segredo de baal e Asera, para ter tantos? “Agora, pois, manda reunir-se a mim todo o Israel no monte Carmelo; como também os quatrocentos e cinqüenta profetas de Baal, e os quatrocentos profetas de Asera, que comem da mesa de Jezabel.” I Rs 19; 18 As vantagens temporais. O escolhido foi alimentado por corvos, depois por uma viúva estrangeira, enquanto os “espinheiros”, eram empregados estatais. Vivemos um estío de verdadeiros profetas, não obstante os gritos que ecoam em Nome do Senhor. Feliz aquele que discernir a secura desses desertos morais, para ouvir a genuína instrução de quem sabe onde tem Água da vida. “Levanta-te, e vai para Sarepta, que é de Sidom, e habita ali...” I Rs 17; 9
"A luz só é evitada por escaravelhos, ladrões e ignorantes." (Paolo Mantegazza)