YON KIPUR - O GRANDE DIA DA EXPIAÇÃO

Após um ano de rotineiros rituais no santuário, extinguindo os pecados do povo através do sangue de cordeiros inocentes derramado sobre o altar, o sacerdote prepara-se para o grande Dia da Expiação, dia de cada um afligir sua alma em demonstração de pesar pelos pecados praticados durante o ano, pois nesse dia dois animais servirão de instrumento para a extinção definitiva dos pecados de todo o povo, um deles morrerá inocente em lugar dos culpados e o outro será banido para o tórrido deserto, representando o responsável pela origem de todo mal, quando ele finalmente será responsabilizado e sofrerá o dano eterno, extinguindo-se para toda a eternidade a origem do mal, o pecado e a morte.

Ao pôr do sol desse dia de pesar e esperança, quando o grande Dia da Expiação tiver terminado, tudo estará renovado e a vida poderá fluir segura, os pecados passados terão sido esquecidos para sempre e cada um dos que tiverem afligido a alma em arrependimento terá renovado seu crédito diante dos Céus, podendo tentar novamente, procurando agora acertar onde errou, buscando o aprimoramento no obedecer a Lei em honra ao Soberano Criador do Universo e o mesmo que aceita o sacrifício substitutivo. Todo que tiver seus pecados extintos nesse dia poderá seguir vivendo livre da culpa mortal que o impede de relacionar-se com a Divindade, de onde a vida flui.

Ao comparar os próprios atos com a Sagrada Lei, cada penitente terá se conscientizado de seus erros, reconhecendo humildemente as faltas e sentindo daí a necessidade de reconciliação com Deus através do sacrifício dos cordeiros, pondo-se então sob a graça da substituição através do sacrifício de um inocente. Triste então, porque um inocente, um animal tão meigo e incapaz de praticar o mal, terá morrido por sua culpa, mas feliz por ter essa nova oportunidade e desejoso de esforçar-se para não mais fazer sofrer outro inocente.

O grande Dia da Expiação do ritual de purificação israelita era uma miniatura didática do plano de Deus para a reconciliação dos seres humanos com a Divindade, para livrá-los das culpas rotineiras, crendo ser possível relacionar-se com Deus, esforçando-se então para manterem-se dignos, mas sabedores de que poderiam acionar o dispositivo de segurança caso novos fracassos viessem a pôr em risco esse relacionamento. Esse Dia da Expiação dava-se uma vez por ano, representando o dia final, quando Jesus voltar para extinguir de vez o pecado e seu originador, dando descanso para todo que tiver afligido sua alma e punido seus pecados através do sangue do Cordeiro vertido na Cruz há dois mil anos.

Esse é o grande Dia da Expiação universal que vivemos desde a morte de Cristo na cruz, o Cordeiro imolado para a expiação dos pecados de cada ser humano que reconhece suas faltas em comparação com a Sagrada Lei. O ritual está em andamento e logo se farão seus últimos atos. O exame de consciência de cada um acontece ao mesmo tempo em que o Sumo Sacerdote lança os pecados dos penitentes sobre o altar manchado com Seu próprio sangue inocente no Santuário do Céu. O último ato será ao tempo do regresso de Cristo à Terra para resgate dos penitentes absolvidos. E, depois de passados mil anos nos quais o inimigo estará a vagar pela terra em escombros, meditando sobre todo sofrimento que causou a humanidade, ele será consumido juntamente com seus correligionários, os que não reconheceram seus erros em comparação com a Sagrada Lei, não afligiram suas almas e não tiveram suas culpas apagadas pelo sangue do Cordeiro imolado no dia em que Deus deu Seu Filho para ser imolado no lugar da humanidade.

Portanto, esta é a hora do arrependimento. O instante do grande Dia da Expiação abarca a toda a humanidade. A cada um compete examinar a Sagrada Lei, examinar a própria consciência e, achando-se em falta, afligir sua alma e requerer o sangue de Cristo para extinção dos próprios pecados e então habilitar-se para adentrar ao dia posterior ao grande Dia da Expiação de cabaça erguida, para viver o primeiro e todos os outros dias da eternidade sob a graça de uma nova chance, podendo então acertar, porque todos os redimidos terão sido transformados, perdendo a tendência pecaminosa, sendo daí frutíferos seus esforços em obedecer.

“(...), e a morte já não existirá, já não haverá luto, nem pranto, nem dor, porque as primeiras coisas passaram. Apocalipse: 21:4.

Wilson do Amaral

Autor de Os Meninos da Guerra, 2003 e 2004, e Os Sonhos não Conhecem Obstáculos, 2004.