Não há ressurreição sem morte na cruz.
Queridas irmãs, queridos irmãos:
Estamos aproximando-nos do domingo comemorativo da Ressurreição gloriosa de Nosso Senhor Jesus Cristo.
O povo de Israel comemorava na páscoa sua libertação do jugo egípcio. A libertação do povo, rumo à terra prometida, estabelecida pelo Senhor Deus, foi, e ainda é, motivo de festejo e lembrança anuais para os judeus. Cristo Jesus morreu na cruz no mesmo dia que os judeus comemoravam sua páscoa, trazendo um significado transcendental, ilimitado e divino a tal dia. A páscoa, para o cristão, deixa de representar a libertação do domínio de um povo, para a ser a libertação do domínio do mal, do domínio da morte, do domínio do pecado, abrem-se, para ele, as portas da morada gloriosa do Pai, possibilitando-lhe a entrada e a permanência por toda eternidade. Porém, o livre arbítrio continua e a possibilidade de escolha individual mantém-se.
Entretanto, quando refletirmos sobre a ressurreição salvadora de Cristo, não poderemos nos esquecer de que, sem o calvário e a morte na cruz, Jesus não poderia, pela ressurreição, ter-nos salvo. Para que houvesse ressurreição, Ele teve de enfrentar Sua dolorosa paixão. Para que pudéssemos ser salvos, sendo agraciados com a possibilidade de nos encontrarmos “face a face” com o Pai, ou seja, de podermos usufruir da glória celeste, após esta vida, Jesus Cristo passou, por opção, pelo sofrimento, pela dor, pela entrega e pela morte, para que dela fosse vitorioso e, por Seu intermédio, pudéssemos ser libertados.
Porém, caríssimos irmãos e irmãs, o calvário e a morte de Cristo não fazem parte do passado longínquo, muito menos Sua gloriosa ressurreição. Eles fazem parte de nosso cotidiano, e deles participamos continuamente, ao longo de nossa vida.
Todos desejamos a glória da salvação, a alegria da vitória, a paz da vida eterna. Entretanto, esquecemo-nos que, necessariamente, para tanto, devemos morrer em vida, juntamente com nosso Salvador, para tudo o que obstaculiza nosso caminho em direção ao Pai.
Cristo foi açoitado por aqueles que não o aceitaram como senhor, por aqueles que não abriram mão de seus deuses de mentira, por aqueles que o queriam por perto, pois lhes mostrava, com sua divina presença, o quão podre era sua vida. Cristo, enquanto homem, foi expulso deste mundo pela morte, por aqueles que optaram pelas coisas do mundo, não aceitando a graça de Deus. Cristo Jesus foi crucificado por todos que buscavam os valores mundanos, refutando os valores divinos.
Mas Cristo ainda está vivo no meio de nós e permanece sendo açoitado, agredido, crucificado e morto, dia após dia, pelas decisões tomadas em prol da vaidade, da soberba, da cobiça, do apego aos bens materiais, do egoísmo, da ira e de tudo aquilo que falsamente reluz neste mundo, em nosso cotidiano, ludibriando-nos, prendendo-nos e enceguecendo-nos.
A paixão de Jesus é repetida em cada ato que cometemos contrariamente aos seus ensinamentos, em cada opção que fazemos pelas coisas do mundo que substituem Sua presença em nossa vida.
Santa Teresa, em sua santa intimidade com Cristo Jesus, mantida com suas orações constantes, alegrava-se em imaginar seu interior como um horto, por onde Jesus passeava, podendo Ele presenciar belas e cheirosas flores, assim como, espinhos e ervas daninhas. Cabia a ela, em seu cotidiano, nutrir as mais belas flores, adornando os caminhos por onde passava Cristo Jesus, ao mesmo tempo em que deveria buscar, encontrar e eliminar as ervas daninhas, retirando-as do contato do Senhor. Esse é um maravilhoso ensinamento para que possamos refletir nesses próximos dias. Como está nosso horto e como está nosso trabalho em mantê-lo para que Jesus possa, dignamente, passear em nosso interior?
Queridos irmãos e irmãs, como estão nossas atitudes em relação à manutenção do sofrimento e morte de Cristo Jesus, ainda hoje? Açoitamos nosso Salvador com nossas escolhas, nossas ações, nossas palavras e nossas omissões? Assim como os guardas fizeram com Jesus, nos Seus momentos de agonia, mesmo sabendo que Ele está diante de nós, estendendo Sua mão para nos salvar e oferecendo-nos a vida eterna, damos continuidade a Seu sofrimento, afugentando-O de nossa vida com o chicote de nossas falhas?
Festejemos o domingo de páscoa, o domingo da vitória de Jesus frente à morte, frente à escuridão, frente ao mal. Porém, não nos esqueçamos que, realmente, somente estaremos com Ele nesse festejo se, também com Ele, passarmos pela morte do mal que habita em nós.
Não açoitemos Cristo, mas sim, o que nos afasta dEle. Não O expulsemos de nosso mundo, pela morte, mas sim, exterminemos com tudo aquilo que nos impede de, com Ele, ressuscitarmos. Não tenhamos medo de carregar a cruz que a nós é destinada, mesmo que para isso seja necessário sofrermos perdas que julguemos importantes. Pois tais perdas, de fato, são obstáculos em nossos caminhos para santificação, são, na verdade, segundo a imagem de Santa Teresa, ervas daninhas que se mantém no horto utilizado por Jesus, em sua caminhada em nosso interior.
Ressuscitemos, gloriosamente, com Jesus Cristo, aceitando, sem medo, sem receio e sem limites, a cruz que nos é entregue. Ele morreu para nossa salvação, morramos, com Ele, para o mundo e, associando-nos com Ele, por toda a Eternidade.
Antes de encerrar, gostaria de trazer à tona uma última reflexão.
Não nos esqueçamos de Simão Cirineu, aquele que ajudou Cristo a carregar Sua cruz.
Nossa missão neste mundo não se limita, apenas, à nossa salvação individual. Ela inclui, também, nossa participação, com Jesus, no Seu processo de salvação da humanidade.
Cristo poderia, sem qualquer sacrifício, carregar Sua cruz. Na verdade, o próprio calvário poderia ter sido evitado por Ele, se assim o quisesse. Porém, Ele nos mostrou, com Sua natureza humana, e continua nos mostrando em nossa vida, o que precisa ser enfrentado, pela dor, pelo sacrifício, pelas dificuldades, por todas as limitações humanas existentes. O que precisa ser rejeitado, para que possamos fazer nossa opção pelo Seu caminho. Só que, assim como Ele – Deus-homem – aceitou a ajuda do Cirineu, da mesma forma, Jesus solicita nossa ajuda, para carregar Sua cruz salvífica, nos dias de hoje. Nossa missão, como cristãos, vai além de carregarmos somente nossa cruz. Ela inclui, também, ajudarmos nossos irmãos a carregarem a sua. Por outro lado, Jesus, apesar de divino, com sua natureza humana, assim como cada um de nós, não demonstrou orgulho ao aceitar a ajuda de um homem para carregar a Sua cruz.
Não nos limitemos à nossa salvação, pois cada um é responsável por ajudar a Jesus Cristo na salvação da humanidade. Para tanto, igualmente ao nosso Salvador, deixemo-nos ser ajudados por nossos irmãos, sem qualquer orgulho ou vaidade, e ofereçamo-nos para ajudá-los, sem soberba ou arrogância.
Unamos nossa humildade e nossa entrega à infinita bondade de Deus, que se fez homem, sofreu, morreu e ressuscitou por nós, para que possamos, juntos, vencer a morte e o mal e vivermos, com o Pai, a vida eterna.
Uma boa Páscoa a todos e fiquem com Deus!
Queridas irmãs, queridos irmãos:
Estamos aproximando-nos do domingo comemorativo da Ressurreição gloriosa de Nosso Senhor Jesus Cristo.
O povo de Israel comemorava na páscoa sua libertação do jugo egípcio. A libertação do povo, rumo à terra prometida, estabelecida pelo Senhor Deus, foi, e ainda é, motivo de festejo e lembrança anuais para os judeus. Cristo Jesus morreu na cruz no mesmo dia que os judeus comemoravam sua páscoa, trazendo um significado transcendental, ilimitado e divino a tal dia. A páscoa, para o cristão, deixa de representar a libertação do domínio de um povo, para a ser a libertação do domínio do mal, do domínio da morte, do domínio do pecado, abrem-se, para ele, as portas da morada gloriosa do Pai, possibilitando-lhe a entrada e a permanência por toda eternidade. Porém, o livre arbítrio continua e a possibilidade de escolha individual mantém-se.
Entretanto, quando refletirmos sobre a ressurreição salvadora de Cristo, não poderemos nos esquecer de que, sem o calvário e a morte na cruz, Jesus não poderia, pela ressurreição, ter-nos salvo. Para que houvesse ressurreição, Ele teve de enfrentar Sua dolorosa paixão. Para que pudéssemos ser salvos, sendo agraciados com a possibilidade de nos encontrarmos “face a face” com o Pai, ou seja, de podermos usufruir da glória celeste, após esta vida, Jesus Cristo passou, por opção, pelo sofrimento, pela dor, pela entrega e pela morte, para que dela fosse vitorioso e, por Seu intermédio, pudéssemos ser libertados.
Porém, caríssimos irmãos e irmãs, o calvário e a morte de Cristo não fazem parte do passado longínquo, muito menos Sua gloriosa ressurreição. Eles fazem parte de nosso cotidiano, e deles participamos continuamente, ao longo de nossa vida.
Todos desejamos a glória da salvação, a alegria da vitória, a paz da vida eterna. Entretanto, esquecemo-nos que, necessariamente, para tanto, devemos morrer em vida, juntamente com nosso Salvador, para tudo o que obstaculiza nosso caminho em direção ao Pai.
Cristo foi açoitado por aqueles que não o aceitaram como senhor, por aqueles que não abriram mão de seus deuses de mentira, por aqueles que o queriam por perto, pois lhes mostrava, com sua divina presença, o quão podre era sua vida. Cristo, enquanto homem, foi expulso deste mundo pela morte, por aqueles que optaram pelas coisas do mundo, não aceitando a graça de Deus. Cristo Jesus foi crucificado por todos que buscavam os valores mundanos, refutando os valores divinos.
Mas Cristo ainda está vivo no meio de nós e permanece sendo açoitado, agredido, crucificado e morto, dia após dia, pelas decisões tomadas em prol da vaidade, da soberba, da cobiça, do apego aos bens materiais, do egoísmo, da ira e de tudo aquilo que falsamente reluz neste mundo, em nosso cotidiano, ludibriando-nos, prendendo-nos e enceguecendo-nos.
A paixão de Jesus é repetida em cada ato que cometemos contrariamente aos seus ensinamentos, em cada opção que fazemos pelas coisas do mundo que substituem Sua presença em nossa vida.
Santa Teresa, em sua santa intimidade com Cristo Jesus, mantida com suas orações constantes, alegrava-se em imaginar seu interior como um horto, por onde Jesus passeava, podendo Ele presenciar belas e cheirosas flores, assim como, espinhos e ervas daninhas. Cabia a ela, em seu cotidiano, nutrir as mais belas flores, adornando os caminhos por onde passava Cristo Jesus, ao mesmo tempo em que deveria buscar, encontrar e eliminar as ervas daninhas, retirando-as do contato do Senhor. Esse é um maravilhoso ensinamento para que possamos refletir nesses próximos dias. Como está nosso horto e como está nosso trabalho em mantê-lo para que Jesus possa, dignamente, passear em nosso interior?
Queridos irmãos e irmãs, como estão nossas atitudes em relação à manutenção do sofrimento e morte de Cristo Jesus, ainda hoje? Açoitamos nosso Salvador com nossas escolhas, nossas ações, nossas palavras e nossas omissões? Assim como os guardas fizeram com Jesus, nos Seus momentos de agonia, mesmo sabendo que Ele está diante de nós, estendendo Sua mão para nos salvar e oferecendo-nos a vida eterna, damos continuidade a Seu sofrimento, afugentando-O de nossa vida com o chicote de nossas falhas?
Festejemos o domingo de páscoa, o domingo da vitória de Jesus frente à morte, frente à escuridão, frente ao mal. Porém, não nos esqueçamos que, realmente, somente estaremos com Ele nesse festejo se, também com Ele, passarmos pela morte do mal que habita em nós.
Não açoitemos Cristo, mas sim, o que nos afasta dEle. Não O expulsemos de nosso mundo, pela morte, mas sim, exterminemos com tudo aquilo que nos impede de, com Ele, ressuscitarmos. Não tenhamos medo de carregar a cruz que a nós é destinada, mesmo que para isso seja necessário sofrermos perdas que julguemos importantes. Pois tais perdas, de fato, são obstáculos em nossos caminhos para santificação, são, na verdade, segundo a imagem de Santa Teresa, ervas daninhas que se mantém no horto utilizado por Jesus, em sua caminhada em nosso interior.
Ressuscitemos, gloriosamente, com Jesus Cristo, aceitando, sem medo, sem receio e sem limites, a cruz que nos é entregue. Ele morreu para nossa salvação, morramos, com Ele, para o mundo e, associando-nos com Ele, por toda a Eternidade.
Antes de encerrar, gostaria de trazer à tona uma última reflexão.
Não nos esqueçamos de Simão Cirineu, aquele que ajudou Cristo a carregar Sua cruz.
Nossa missão neste mundo não se limita, apenas, à nossa salvação individual. Ela inclui, também, nossa participação, com Jesus, no Seu processo de salvação da humanidade.
Cristo poderia, sem qualquer sacrifício, carregar Sua cruz. Na verdade, o próprio calvário poderia ter sido evitado por Ele, se assim o quisesse. Porém, Ele nos mostrou, com Sua natureza humana, e continua nos mostrando em nossa vida, o que precisa ser enfrentado, pela dor, pelo sacrifício, pelas dificuldades, por todas as limitações humanas existentes. O que precisa ser rejeitado, para que possamos fazer nossa opção pelo Seu caminho. Só que, assim como Ele – Deus-homem – aceitou a ajuda do Cirineu, da mesma forma, Jesus solicita nossa ajuda, para carregar Sua cruz salvífica, nos dias de hoje. Nossa missão, como cristãos, vai além de carregarmos somente nossa cruz. Ela inclui, também, ajudarmos nossos irmãos a carregarem a sua. Por outro lado, Jesus, apesar de divino, com sua natureza humana, assim como cada um de nós, não demonstrou orgulho ao aceitar a ajuda de um homem para carregar a Sua cruz.
Não nos limitemos à nossa salvação, pois cada um é responsável por ajudar a Jesus Cristo na salvação da humanidade. Para tanto, igualmente ao nosso Salvador, deixemo-nos ser ajudados por nossos irmãos, sem qualquer orgulho ou vaidade, e ofereçamo-nos para ajudá-los, sem soberba ou arrogância.
Unamos nossa humildade e nossa entrega à infinita bondade de Deus, que se fez homem, sofreu, morreu e ressuscitou por nós, para que possamos, juntos, vencer a morte e o mal e vivermos, com o Pai, a vida eterna.
Uma boa Páscoa a todos e fiquem com Deus!