LITURGIA DA PALAVRA (Missa do dia 17 Abril 2011
LEITURAS QUE SERÃO PROFERIDAS NO MUNDO TODO NAS CELEBRAÇÕES DAS SANTAS MISSAS NO PRÓXIMO DIA 17/04/2011 FONTE: www.arquidiocesedesaopaulo.org.br
DOMINGO DE RAMOS
Folheto Duplo
As coletas das Missas de hoje são destinadas à Campanha da Fraternidade
Músicas: Hinário Litúrgico 2
CD - XIII da Paulus
Irmãos e irmãs, estamos chegando ao coração da Páscoa, o Tríduo Pascal da Sagrada Paixão, Morte e Ressurreição de Cristo. Iniciamos a Semana Santa, em que comemoramos os últimos passos de Jesus para cumprir sua missão neste mundo. Por isso, esta semana constitui um momento forte de oração, solidariedade e compromisso com a vida. Pela sagrada Liturgia, percorremos com Jesus os passos que consumam sua obra na terra. A bênção e a procissão de Ramos, que agora iniciamos, fazem memória da entrada triunfal de Jesus na Cidade Santa, imagem da Nova Jerusalém que acolhe o seu Senhor com júbilo. Participemos deste rito solene e, depois, mergulhemos no mistério da Paixão.
Meus irmãos e minhas irmãs, durante as cinco semanas da Quaresma preparamos os nossos corações pela oração, pela penitência e pela caridade. Hoje aqui nos reunimos e vamos iniciar, com toda a Igreja, a celebração da Páscoa de nosso Senhor. Para realizar o mistério de sua morte e ressurreição, Cristo entrou em Jerusalém, sua cidade. Celebrando com fé e piedade a memória desta entrada, sigamos os passos de nosso Salvador para que, associados pela graça à sua cruz, participemos também de sua ressurreição e de sua vida.
Bênção dos Ramos
Deus eterno e todo-poderoso, abençoai V estes ramos, para que, seguindo com alegria o Cristo, nosso Rei, cheguemos por ele à eterna Jerusalém. Por Cristo, nosso Senhor.
T. Amém.
EVANGELHO (Mt 21,1-11)
Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Mateus.
Naquele tempo,
1 Jesus e seus discípulos aproximaram-se de Jerusalém e chegaram
a Betfagé, no monte das Oliveiras. Então Jesus enviou dois
discípulos, (2) dizendo-lhes: “Ide até o povoado que está ali na
frente, e logo encontrareis uma jumenta amarrada, e com ela
um jumentinho. Desamarrai-a e trazei-os a mim!
3 Se alguém vos disser alguma coisa, direis: ‘O Senhor precisa
deles, mas logo os devolverá’”.
4 Isso aconteceu para se cumprir o que foi dito pelo profeta:
5 "Dizei à filha de Sião: Eis que o teu rei vem a ti, manso e
montado num jumento, num jumentinho, num potro de jumenta”.
6 Então os discípulos foram e fizeram como Jesus lhes
havia mandado.
7 Trouxeram a jumenta e o jumentinho e puseram sobre eles
suas vestes, e Jesus montou.
8 A numerosa multidão estendeu suas vestes pelo caminho,
enquanto outros cortavam ramos das árvores, e os espalhavam
pelo caminho.
9 As multidões que iam na frente de Jesus e os que o seguiam,
gritavam: “Hosana ao Filho de Davi! Bendito o que vem em
nome do Senhor! Hosana no mais alto dos céus!”
10 Quando Jesus entrou em Jerusalém a cidade inteira se
agitou, e diziam: “Quem é este homem?”
E as multidões respondiam: “Este é o profeta Jesus, de
Nazaré da Galiléia”.
- Palavra da Salvação.
T. Glória a vós, Senhor.
Procissão
P. Meus irmãos e minhas irmãs, imitando o povo que aclamou Jesus, comecemos com alegria a nossa procissão.
Cantos de Procissão
(HL2p.26 CD Lit. XIII Fx 16)
Os filhos dos hebreus, * com ramos de palmeira, * correram ao encontro * de Jesus, nosso Senhor, * /:cantando e gritando: * “Hosana, ó Salvador!”:/
1. O mundo * e tudo que tem nele é de Deus, * a terra e os que aí vivem, todos seus! * Foi Deus * que a terra construiu por sobre os mares, * no fundo do oceano, seus pilares!
2. Quem vai * morar no templo de sua Cidade?... * Quem pensa e vive longe das vaidades! * Pois Deus, * o Salvador o abençoará, * no julgamento o defenderá!
3. Assim, * são todos os que prestam culto a Deus * que adoram o Senhor, Deus dos hebreus! * Portões * antigos, se escancarem, vai chegar, * alerta! O Rei da glória vai entrar!
4. Quem é, * quem é, então, quem é o Rei da glória? * O Deus, forte Senhor da nossa história! * Portões * antigos, se escancarem, vai chegar, * alerta! O Rei da glória vai entrar!
5. Quem é, * quem é, então, quem é o Rei da glória? * O Deus que tudo pode, é o Rei da glória! * Aos Três, * ao Pai, ao Filho e ao Confortador * da Igreja que caminha com louvor!
Segundo Canto (CO 190)
Hosana hey! Hosana há! * Hosana hey! hosana hey! hosana há!
1. Ele é o Santo, é o Filho de Maria, * é o Deus de Israel, é o Filho de Davi!
2. Vamos a ele com as flores dos trigais, * com os ramos de oliveiras, * com alegria e muita paz.
Anim. Neste dia em que comemoramos a solene entrada de Jesus na Cidade Santa, ouçamos as leituras que narram como a paixão de Jesus transformou Jerusalém no palco dos eventos que culminaram com a nossa salvação.
PRIMEIRA LEITURA (Is 50,4-7)
Leitura do Livro do Profeta Isaías
4 O Senhor Deus deu-me língua adestrada, para que eu saiba dizer
palavras de conforto à pessoa abatida; ele me desperta
cada manhã e me excita o ouvido, para prestar atenção como
um discípulo.
5 O Senhor abriu-me os ouvidos; não lhe resisti nem voltei atrás.
6 Ofereci as costas para me baterem e as faces para me
arrancarem a barba; não desviei o rosto de bofetões e
cusparadas.
7 Mas o Senhor Deus é meu Auxiliador, por isso não me deixei
abater o ânimo, conservei o rosto impassível como pedra,
porque sei que não sairei humilhado.
- Palavra do Senhor.
T. Graças a Deus!
SALMO RESPONSORIAL Sl 21(22)
(fx 12 H2, p. 62/63 - CD Lit. XIII melodia Fx 12)
Ó meu Deus e Pai, por que me abandonastes, * clamo a vós e não me ouvis?
1. Riem de mim todos aqueles que me vêem, * torcem os lábios e sacodem a cabeça: * ao Senhor se confiou, ele o liberte * e agora o salve, se é verdade que ele o ama!
2. Cães numerosos me rodeiam furiosos * e por um bando de malvados fui cercado. * Transpassaram minhas mãos e os meus pés * e eu posso contar todos os meus ossos.
3. Eles repartem entre si as minhas vestes * e sorteiam entre eles minha túnica. * Vós, porém, ó meu Senhor, não fiqueis longe, * ó minha força, vinde logo em meu socorro!
4. Anunciarei o vosso nome a meus irmãos * e no meio da assembléia hei de louvar-vos! * Vós que temeis ao Senhor Deus, dai-lhe louvores, * glorificai-o, descendentes de Jacó!
SEGUNDA LEITURA (Fl 2,6-11)
Leitura da Carta de São Paulo aos Filipenses.
6 Jesus Cristo, existindo em condição divina, não fez do ser
igual a Deus uma usurpação, (7) mas ele esvaziou-se a si
mesmo, assumindo a condição de escravo e tornando-se igual
aos homens. Encontrado com aspecto humano, (8) humilhou-se
a si mesmo, fazendo-se obediente até a morte, e morte
de cruz.
9 Por isso, Deus o exaltou acima de tudo e lhe deu o nome que
está acima de todo nome.
10 Assim, ao nome de Jesus, todo joelho se dobre no céu,
na terra e abaixo da terra, (11) e toda língua proclame:
“Jesus Cristo é o Senhor”, para a glória de Deus Pai.
- Palavra do Senhor.
-Graças a Deus.
ACLAMAÇÃO (H2 p. 189 - CD Lit XIII Fx 17)
Salve, ó Cristo obediente! * Salve, amor onipotente, * que se entregou à cruz * e nos recebeu na luz!
1. O Cristo obedeceu até a morte, * humilhou-se e obedeceu o bom Jesus, * humilhou-se e obedeceu, sereno e forte, * humilhou-se e obedeceu até a cruz.
2. Por isso o Pai do céu o exaltou, * exaltou-o e lhe deu um grande nome, * exaltou-o e lhe deu poder e glória, * diante dele céus e terra se ajoelhem!
EVANGELHO (Mt 26,14-27,66)
Leitor 1. Paixão de nosso Senhor Jesus Cristo segundo Mateus.
Naquele tempo, (14) um dos doze discípulos, chamado Judas
Iscariotes, foi ter com os sumos sacerdotes 15e disse:
Leitor 2: O que me dareis se vos entregar Jesus?
Leitor 1: Combinaram, então, trinta moedas de prata.
16 E daí em diante, Judas procurava uma oportunidade para
entregar Jesus. 17No primeiro dia da festa dos ázimos, os
discípulos aproximaram-se de Jesus e perguntaram:
Todos: Onde queres que façamos os preparativos para comer Páscoa?
Leitor 1: 18 Jesus respondeu:
Padre: Ide à cidade, procurai certo homem e dizei-lhe: O mestre
manda dizer: o meu tempo está próximo, vou celebrar a
Páscoa em tua casa, junto com meus discípulos.
Leitor 1: 19 Os discípulos fizeram como Jesus mandou e
prepararam a páscoa. 20Ao cair da tarde, Jesus pôs-se
à mesa com os doze discípulos. 21Enquanto comiam,
Jesus disse:
Padre: Em verdade eu vos digo, um de vós vai me trair.
Leitor 1: 22 Eles ficaram muito tristes e, um por um, começaram
a lhe perguntar:
Leitor 2: Senhor, será que sou eu?
Leitor 1: 23 Jesus respondeu:
Padre: Quem vai me trair é aquele que comigo põe a mão no prato.
24 O Filho do Homem vai morrer, conforme diz a
Escritura a respeito dele. Contudo, ai daquele que
trair o Filho do Homem! Seria melhor que nunca tivesse
nascido!
Leitor 1: 25 Então Judas, o traidor, perguntou:
Leitor 2: Mestre, serei eu?
Leitor 1: Jesus lhe respondeu:
Padre: Tu o dizes.
Leitor 1: 26 Enquanto comiam, Jesus tomou um pão e, tendo
pronunciado a bênção, partiu-o, distribuiu-o aos
discípulos, e disse:
Padre: Tomai e comei, isto é o meu corpo.
Leitor 1: 27 Em seguida, tomou um cálice, deu graças e entregou-
lhes, dizendo:
Padre: Bebei dele todos. 28Pois isto é o meu sangue, o sangue
da aliança, que é derramado em favor de muitos, para
remissão dos pecados. 29Eu vos digo: de hoje em diante
não beberei deste fruto da videira, até ao dia em que,
convosco, beberei o vinho novo no Reino do meu Pai.
Leitor 1: 30 Depois de terem cantado salmos, foram para o
monte das Oliveiras. 31Então Jesus disse aos discípulos:
Padre: Esta noite, vós ficareis decepcionados por minha causa.
Pois assim diz a Escritura: “Ferirei o pastor e as ovelhas
do rebanho se dispersarão”.
32 Mas, depois de ressuscitar, eu irei à vossa frente
para a Galiléia.
Leitor 1: 33 Disse Pedro a Jesus:
Leitor 2: Ainda que todos fiquem decepcionados por tua causa,
eu jamais ficarei.
Leitor 1: 34 Jesus lhe declarou:
Padre: Em verdade eu te digo, que, esta noite, antes que o galo
cante, tu me negarás três vezes.
Leitor 1: 35 Pedro respondeu:
Leitor 2: Ainda que eu tenha de morrer contigo, mesmo assim
não te negarei.
Leitor 1: E todos os discípulos disseram a mesma coisa.
36 Então Jesus foi com eles a um lugar chamado
Getsêmani, e disse:
Padre: Sentai-vos aqui, enquanto eu vou até ali para rezar!
Leitor 1: 37 Jesus levou consigo Pedro e os dois filhos de
Zebedeu, e começou a ficar triste e angustiado.
38 Então Jesus lhes disse:
Padre: Minha alma está triste até á morte. Ficai aqui e vigiai
comigo!
Leitor 1: 39 Jesus foi um pouco mais adiante, prostrou-se
com o rosto por terra e rezou:
Padre: Meu Pai, se é possível, afaste-se de mim este cálice.
Contudo, não seja feito como eu quero, mas sim como
tu queres.
Leitor 1: 40 Voltando para junto dos discípulos, Jesus
encontrou-os dormindo, e disse a Pedro:
Padre: Vós não fostes capazes de fazer uma hora de vigília comigo?
41 Vigiai e rezai, para não cairdes em tentação; pois o
espírito está pronto, mas a carne é fraca.
Leitor 1: 42 Jesus se afastou pela segunda vez e rezou:
Padre: Meu Pai, se este cálice não pode passar sem que eu o
beba, seja feita a tua vontade!
Leitor 1: 43 Ele voltou de novo e encontrou os discípulos dormindo,
porque seus olhos estavam pesados de sono.
44 Deixando-os, Jesus afastou-se e rezou pela terceira
vez, repetindo as mesmas palavras.
45 Então voltou para junto dos discípulos e disse:
Padre: Agora podeis dormir e descansar. Eis que chegou a
hora e o Filho do Homem é entregue nas mãos dos
pecadores.
46 Levantai-vos! Vamos! Aquele que me vai trair, já está
chegando.
Leitor 1: 47 Jesus ainda falava, quando veio Judas, um dos doze,
com uma grande multidão armada de espadas e paus.
Vinham a mandado dos sumos sacerdotes e dos anciãos
do povo.
48 O traidor tinha combinado com eles um sinal, dizendo:
Leitor 2: Jesus é aquele que eu beijar; prendei-o!
Leitor 1: 49 Judas, logo se aproximou de Jesus, dizendo:
Leitor 2: Salve, Mestre!
Leitor 1: E beijou-o.
50 Jesus lhe disse:
Padre: Amigo, a que vieste?
Leitor 1: Então os outros avançaram, lançaram as mãos
sobre Jesus e o prenderam. 51Nesse momento,
um dos que estavam com Jesus estendeu a mão,
puxou a espada, e feriu o servo do sumo sacerdote,
cortando-lhe a orelha. 52Jesus, porém, lhe disse:
Padre: Guarda a espada na bainha! Pois todos os que usam a
espada, pela espada morrerão. 53Ou pensas que eu
não poderia recorrer ao meu Pai e ele me mandaria logo
mais de doze legiões de anjos? 54Então, como se
cumpririam as Escrituras, que dizem que isso deve
acontecer?
Leitor 1: 55 E, naquela hora, Jesus disse à multidão:
Padre: Vós viestes com espadas e paus para me prender, como
se eu fosse um assaltante. Todos os dias, no Templo,
eu me sentava para ensinar, e vós não me prendestes.
Leitor 1: 56 Porém, tudo isto aconteceu para se cumprir o que os
profetas escreveram. Então todos os discípulos,
abandonando Jesus, fugiram.
57 Aqueles que prenderam Jesus levaram-no à casa do
sumo sacerdote Caifás, onde estavam reunidos os
mestres da lei e os anciãos.
58 Pedro seguiu Jesus de longe até o pátio interno da
casa do sumo sacerdote. Entrou e sentou-se com os
guardas para ver como terminaria tudo aquilo.
59 Ora, os sumos sacerdotes e todo o sinédrio procuravam
um falso testemunho contra Jesus, a fim de condená-lo
à morte.
60 E nada encontraram, embora se apresentassem muitas
falsas testemunhas. Por fim, vieram duas
testemunhas, (61) que afirmaram:
Todos: Este homem declarou: “posso destruir o templo de
Deus e construí-lo de novo em três dias”.
Leitor 1: 62 Então o sumo sacerdote levantou-se e perguntou a
Jesus:
Leitor 2: Nada tens a responder ao que estes testemunham
contra ti?
Leitor 1: 63 Jesus, porém, continuava calado. E o sumo sacerdote
lhe disse:
Leitor 2: Eu te conjuro pelo Deus vivo que nos digas se tu
és o Messias, o Filho de Deus.
Leitor 1: 64 Jesus respondeu:
Padre: Tu o dizes. Além disso, eu vos digo que de agora
em diante vereis o Filho do Homem sentado à
direita do Todo-poderoso, vindo sobre as nuvens do céu.
Leitor 1: 65 Então o sumo sacerdote rasgou suas vestes e disse:
Leitor 2: Blasfemou! Que necessidade temos ainda de
testemunhas? Pois agora mesmo vós ouvistes a blasfêmia.
66 Que vos parece?
Leitor 1: Responderam:
Todos: É réu de morte!
Leitor 1: 67 Então cuspiram no rosto de Jesus e o esbofetearam.
Outros lhe deram bordoadas, (O68) dizendo:
Todos: Faze-nos uma profecia, Cristo, quem foi que te bateu?
Leitor 1: 69 Pedro estava sentado fora, no pátio. Uma criada
chegou perto dele e disse:
Leitor 2: Tu também estavas com Jesus, o Galileu!
Leitor 1: 70 Mas ele negou diante de todos:
Leitor 2: Não sei o que tu estás dizendo.
Leitor 1: 71 E saiu para a entrada do pátio. Então uma outra
criada viu Pedro e disse aos que estavam ali:
Leitor 2: Este também estava com Jesus, o Nazareno.
Leitor 1: 72 Pedro negou outra vez, jurando:
Leitor 2: Nem conheço esse homem!
Leitor 1: 73 Pouco depois, os que estavam ali aproximaram-se de
Pedro e disseram:
Todos: É claro que tu também és um deles, pois o teu modo
de falar te denuncia.
Leitor 1: 73 Pedro começou a maldizer e a jurar, dizendo que
não conhecia esse homem! E nesse instante o
galo cantou.
75 Pedro se lembrou do que Jesus tinha dito:
“Antes que o galo cante, tu me negarás três vezes”.
E saindo dali, chorou amargamente.
27,1 De manhã cedo, todos os sumos sacerdotes e os
anciãos do povo convocaram um conselho contra Jesus,
para condená-lo à morte.
2 Eles o amarraram, levaram-no e o entregaram a Pilatos,
o governador.
3 Então Judas, o traidor, ao ver que Jesus
fora condenado, ficou arrependido e foi devolver as
trinta moedas de prata aos sumos sacerdotes e aos
anciãos, (4) dizendo:
Leitor 2: Pequei, entregando à morte um homem inocente.
Leitor 1: Eles responderam:
Todos: O que temos nós com isso? O problema é teu.
Leitor 1: 5 Judas jogou as moedas no santuário, saiu e
foi se enforcar. 6Recolhendo as moedas, os
sumos sacerdotes disseram:
Todos: É contra a lei colocá-las no tesouro do templo,
porque é preço de sangue.
Leitor 1: 7 Então discutiram em conselho e compraram com
elas o Campo do Oleiro, para aí fazer o cemitério dos
estrangeiros. 8É por isso que aquele campo até hoje é
chamado de Campo de Sangue. 9Assim se cumpriu o
que tinha dito o profeta Jeremias: “Eles pegaram as
trinta moedas de prata – preço do precioso, preço com
que os filhos de Israel o avaliaram – 10e as deram em
troca do Campo do Oleiro, conforme o Senhor me
ordenou! 11Jesus foi posto diante do governador,
e este o interrogou:
Leitor 2: Tu és o rei dos judeus?
Leitor 1: Jesus declarou:
Padre: É como dizes,
Leitor 1: (12) e nada respondeu, quando foi acusado pelos
sumos sacerdotes e anciãos. 13Então Pilatos
perguntou:
Leitor 2: Não estás ouvindo de quanta coisa eles te acusam?
Leitor 1: 14 Mas Jesus não respondeu uma só palavra, e o
governador ficou muito impressionado.
15 Na festa da Páscoa, o governador costumava soltar
o prisioneiro que a multidão quisesse.
16 Naquela ocasião, tinham um prisioneiro famoso,
chamado Barrabás.
17 Então Pilatos perguntou à multidão reunida:
Leitor 2: Quem vós quereis que eu solte: Barrabás, ou Jesus,
a quem chamam de Cristo?
Leitor 1: 18 Pilatos bem sabia que eles haviam entregado
Jesus por inveja.
19 Enquanto Pilatos estava sentado no tribunal,
sua mulher mandou dizer a ele:
Leitor 2: Não te envolvas com esse justo, porque esta noite,
em sonho, sofri muito por causa dele.
Leitor 1: 20 Porém, os sumos sacerdotes e os anciãos
convenceram as multidões para que pedissem
Barrabás e que fizessem Jesus morrer.
21 O governador tornou a perguntar:
Leitor 2: Qual dos dois quereis que eu solte?
Leitor 1: Eles gritaram:
Todos: Barrabás.
Leitor 1: 22 Pilatos perguntou:
Leitor 2: Que farei com Jesus, que chamam de Cristo?
Leitor 1: Todos gritaram:
Todos: Seja crucificado!
Leitor 1: 23 Pilatos falou:
Leitor 2: Mas, que mal ele fez?
Leitor 1: Eles, porém, gritaram com mais força:
Todos: Seja crucificado!
Leitor 1: 24 Pilato viu que nada conseguia e que poderia haver
uma revolta. Então mandou trazer água, lavou as
mãos diante da multidão, e disse:
Leitor 2: Eu não sou responsável pelo sangue deste homem.
Este é um problema vosso!
Leitor 1: 25 O povo todo respondeu:
Todos: Que o sangue dele caia sobre nós e sobre os
nossos filhos.
Leitor 1: 26 Então Pilatos soltou Barrabás, mandou flagelar
Jesus, e entregou-o para ser crucificado.
27 Em seguida, os soldados de Pilatos levaram
Jesus ao palácio do governador, e reuniram toda a tropa
em volta dele.
28 Tiraram sua roupa e o vestiram com um manto
vermelho; (29) depois teceram uma coroa de
espinhos, puseram a coroa em sua cabeça, e uma
vara em sua mão direita. Então se ajoelharam diante de
Jesus e zombaram, dizendo:
Todos: Salve, rei dos judeus!
Leitor 1: 30 Cuspiram nele e, pegando uma vara, bateram na
sua cabeça.
31 Depois de zombar dele, tiraram-lhe o manto
vermelho e, de novo, o vestiram com suas próprias
roupas. Daí o levaram para crucificar.
32 Quando saíam, encontraram um homem chamado
Simão, da cidade de Cirene, e o obrigaram a carregar
a cruz de Jesus. 33E chegaram a um lugar chamado
Gólgota, que quer dizer “lugar da caveira”.
34 Ali deram vinho misturado com fel para Jesus beber.
Ele provou, mas não quis beber. 35Depois de o
crucificarem, fizeram um sorteio, repartindo entre si as
suas vestes.
36 E ficaram ali sentados, montando guarda.
37 Acima da cabeça de Jesus puseram o motivo da
sua condenação: “Este é Jesus, o rei dos Judeus”.
38 Com ele também crucificaram dois ladrões, um à
direita e outro à esquerda de Jesus.
39 As pessoas que passavam por ali o insultavam,
balançando a cabeça e dizendo:
Todos: 40 Tu que ias destruir o templo e construí-lo de novo
em três dias, salva-te a ti mesmo! Se és o Filho de
Deus, desce da cruz!
Leitor 1: 41 Do mesmo modo, os sumos sacerdotes, junto
com os mestres da lei e os anciãos, também zombaram
de Jesus:
Todos: 42 A outros salvou... a si mesmo não pode salvar! É rei
de Israel... Desça agora da cruz! E acreditaremos nele.
43 Confiou em Deus; que o livre agora, se é que Deus o
ama! Já que ele disse: Eu sou o Filho de Deus.
Leitor 1: 44 Do mesmo modo, também os dois ladrões que
foram crucificados com Jesus, o insultavam.
45 Desde o meio-dia até às três horas da tarde,
houve escuridão sobre toda a terra. 46Pelas três
horas da tarde, Jesus deu um forte grito:
Padre: Eli, Eli, lamá sabactâni?
Leitor 1: que quer dizer: “Meu Deus, meu Deus, por que me
abandonaste?”
47 Alguns dos que ali estavam, ouvindo-o, disseram:
Todos: Ele está chamando Elias!
Leitor 1: 48 E logo um deles, correndo, pegou uma esponja,
ensopou-a em vinagre, colocou-a na ponta de uma vara,
e lhe deu para beber. 49Outros, porém, disseram:
Todos: Deixa, vamos ver se Elias vem salvá-lo!
Leitor 1: 50 Então Jesus deu outra vez um forte grito e
entregou o espírito.
(Todos se ajoelham em silêncio.)
Leitor1: 51 E eis que a cortina do santuário rasgou-se de alto
a baixo, em duas partes, a terra tremeu e as pedras se
partiram.
52 Os túmulos se abriram e muitos corpos dos santos
falecidos ressuscitaram! 53Saindo dos túmulos,
depois da ressurreição de Jesus, apareceram na
Cidade Santa e foram vistos por muitas pessoas.
54 O oficial e os soldados que estavam com ele
guardando Jesus, ao notarem o terremoto e tudo que
havia acontecido, ficaram com muito medo e disseram:
“Ele era mesmo Filho de Deus!”
55 Grande número de mulheres estava ali, olhando de
longe. Elas haviam acompanhado Jesus desde a Galiléia,
prestando-lhe serviços.
56 Entre elas estavam Maria Madalena, Maria, mãe de
Tiago e de José, e a mãe dos filhos de Zebedeu.
57 Ao entardecer, veio um homem rico de Arimatéia,
chamado José, que também se tornara discípulo de
Jesus.
58 Ele foi procurar Pilatos e pediu o corpo de Jesus.
Então Pilatos mandou que lhe entregassem o corpo.
59 José, tomando o corpo, envolveu-o num
lençol limpo, (60) e o colocou em um túmulo novo,
que havia mandado escavar na rocha. Em seguida,
rolou uma grande pedra para fechar a entrada do
túmulo, e retirou-se. 61Maria Madalena e a outra
Maria estavam ali sentadas, diante do sepulcro.
62 No dia seguinte, como era o dia depois da
preparação para o sábado, os sumos sacerdotes e os
fariseus foram ter com Pilatos, 63e disseram:
Todos: Senhor, nós nos lembramos de que quando este
impostor ainda estava vivo, disse: “Depois de três
dias eu ressuscitarei!”
64 Portanto, manda guardar o sepulcro até ao terceiro
dia, para não acontecer que os discípulos venham
roubar o corpo e digam ao povo: “Ele ressuscitou dos
mortos!” pois essa última impostura seria pior do
que a primeira.
Leitor 1: 65 Pilatos respondeu:
Leitor 2: Tendes uma guarda. Ide e guardai o sepulcro como
melhor vos parecer.
Leitor 1: 66 Então eles foram reforçar a segurança do
sepulcro: lacraram a pedra e montaram guarda.
– Palavra da salvação
T. Glória a vós, Senhor.
COMENTÁRIOS DO EVANGELHO
O Domingo de Ramos nos introduz na Semana da Paixão do Senhor. A Liturgia de hoje nos oferece dois evangelhos de Mateus; um para a bênção dos ramos (Mt 21,1-11) e outro para a Liturgia da Palavra (Mt 26,14-27,66). Para nossa meditação, vamos nos ater ao evangelho da bênção dos ramos que relata a entrada triunfal de Jesus em Belém.
Uma grande multidão se apresenta empunhando ramos de palmeira e de oliveira. Gritam hosanas e aclamam: “Bendito o que vem em nome do Senhor! Bendito o Filho de Davi!” Quando Jesus entrou em Jerusalém, a cidade ficou agitada e todos perguntavam: “Quem é este homem?”
Jesus, ao contrário dos reis que andavam em carros de guerra, em imponentes cavalos, entra em Jerusalém montado num jumentinho. Jesus é um Rei manso, humilde e pacífico. Mas, ao mesmo tempo, esse Rei é também forte e firme.
Jesus faz justiça devolvendo vida aos excluídos, humildes e necessitados. E o povo o reconhece como seu Rei, seu Salvador. Por isso, estende seus ramos e seus mantos à sua passagem.
Enquanto o povo gritava “Hosana!” - “Salva-nos!” os poderosos ficaram preocupados e agitados. A presença de Jesus é uma ameaça para aqueles que vivem às custas do suor do povo. A simples presença de Jesus já é motivo para sonharmos com a liberdade. Onde Jesus está presente, a opressão está ausente.
As atividades libertadoras realizadas por aquele chamado de: o profeta Jesus de Nazaré da Galiléia desafiam o poder opressor. A vinda do Rei-pobre exige opção, exige uma definição, ou o recusamos ou o aceitamos, não existe meio termo. Esse é o grande desafio. Ficar com o verdadeiro ou com o falso. Ficar com o antigo ou aceitar a Nova Aliança.
Jesus se molda ao nosso modo de ser. É como um sapato confortável e, ao mesmo tempo, é também como aquela pedrinha incômoda que aparece não sabemos de onde. Para estar com ele é preciso abrir mão do poder e assumir o serviço. É dificílima essa decisão, por isso ainda hoje essa dúvida nos incomoda.
Não é fácil aceitar a proposta do Salvador. Todos aguardavam um rei vingador e rodeado de soldados para exterminar os inimigos do povo. A decepção é geral, o Rei se apresenta exigente, sem armas e com propostas de mudanças.
Mudanças radicais que se trouxermos para os dias de hoje significam abrir mão dos grandes lucros e pensar mais seriamente nos desempregados, nos aposentados, nos idosos e menores abandonados. O Rei exige preocupação com os índios, com os enfermos, e com os preços abusivos dos remédios e impostos.
Todas essas mudanças exigem muito de cada um de nós. Exigem desprendimento e renúncia. Exigem humildade, solidariedade e amor ao próximo. Exigem adesão e muito cuidado para não repetirmos a mesma cena daquela época.
Aderir ao Cristo significa mudar e cuidar para não assumirmos a mesma postura daqueles a quem criticamos, e chamamos de assassinos. É bom lembrar que os mesmos que exaltaram Jesus, também o condenaram.
Mudar significa gritar a Boa Nova da presença de Deus entre nós. É recusar ou aceitá-lo. Quem não muda e não assume o compromisso batismal é como aquele que hoje estende o seu manto e grita “Hosana! Hosana!” e que alguns dias depois, lá está, no meio da multidão e gritando: “Crucifica-o! Crucifica-o!”
jorgelorente@ig.com.br - 17/abril/2011
ENTREVISTA COM SIMÃO CIRENEU. Aquele que ajudou Jesus a carregar a cruz.
CENÁRIO
Uma sala humilde, contendo uma mesa rústica forrada com uma toalha de renda branca.
Sobre a mesa, uma Bíblia aberta, uma moringa com água e alguma canecas.
Encostada à uma parede, um banco de madeira.
No canto da sala, uma talha de barro, tendo no seu interior alguns ramos de trigo.
CENA 1 :- João evangelista trajando roupas da época, sentado à
mesa, escrevendo em um pergaminho com uma pena de ave.
CENA 2 :- Alguém batendo à porta. João levanta-se para atender. É
um repórter querendo falar com a Virgem Maria. O mesmo é
informado que ela está orando. Ele se propõe esperar.
CENA 3 :- Uma Segunda pessoa batendo à porta. João levanta-se
para atender. Manda que essa pessoa entre, informa que
Maria está orando e que já existe uma pessoa para falar com
ela.
A Segunda pessoa também se propõe esperar sentando-se no
banco ao lado do repórter.
O repórter procura estabelecer um diálogo com o segundo
visitante, apresentando-se e se identificando.
REPÓRTER:- Estendendo a mão para o visitante diz: Muito prazer,
sou repórter e estou aqui com a missão de entrevistar
a Mãe de Jesus, a Virgem Maria. O senhor também é
repórter?
VISITANTE:- Não senhor. Eu sou apenas amigo da família.
REPÓRTER:- Como lhe falei, minha missão aqui na cidade é
entrevistar as pessoas que conviveram com Jesus.
Hoje pretendo entrevistar a Virgem Maria. Por ser a
nossa conversa um pouco demorada; o senhor querendo
poderá conversar com ela antes da entrevista.
VISITANTE:- Não, não! O senhor poderá entrevistá-la, depois eu
conversarei com ela. Gostaria de presenciar esta entre-
vista, até porque, eu também convivi com o Mestre.
REPÓRTER:- O senhor! Como se chama?
VISITANTE:- O meu nome é Simão
REPÓRTER:- Simão?
VISITANTE:- Sim, Simão de Cirene
REPÓRTER:- Então foi o senhor que ajudou Cristo a carregar a Cruz no
Caminho do Calvário? O senhor é o cireneu?
VISITANTE:- Sim senhor, sou eu mesmo
REPÓRTER:- Enquanto a Virgem Maria não vem, o senhor poderia me
responder algumas perguntas?
SIMÃO:- Claro que sim. Fique à vontade.
REPÓRTER:- O senhor tem uma maneira bonita de falar. De onde vem
esse sotaque?
SIMÃO:- Bem, como eu já lhe disse, sou judeu de Cirene; uma cidade
grega que hoje é província romana e que fica na costa da
África. Acho que é por toda essa mistura que meu sotaque é
meio indefinido. Por ser cidadão romano, a mim são
conferidos alguns direitos especiais dentro do império. Mas
não me vanglorio por isso. Considero-me igual a todos.
REPÓRTER:- Gostei da sua sinceridade. Posso tratá-lo de você?
SIMÃO:- Claro que sim. Fique à vontade.
REPÓRTER:- Você não mora mais em Cirene?
SIMÃO:- Não. Há dois anos que eu vim para Jerusalém. Aqui herdei
terras de minha família, formei uma boa plantação de olivas;
adquiri uma prensa e estou produzindo azeite. Como não
tinha ninguém para administrar o negócio, resolvi mudar para
cá. Foi a melhor coisa que fiz durante toda a minha vida.
REPÓRTER:- Entendo. Foi a melhor coisa porque seus negócios
prosperaram!
SIMÃO:- Não, não foi por isso, foi melhor que isso. Foi aqui que eu
conheci Jesus. Foi aqui que me encontrei com a verdadeira
paz.
REPÓRTER:- Que maravilha ouvilo-lo falar assim! Como foi o seu
encontro com Jesus.
SIMÃO:- Foi maravilhoso, apesar de ter começado da pior maneira
possível. Parecia que eu estava no lugar errado, na hora
errada. Veja bem: eu estava voltando do campo, das terras
que herdei da minha família. Cheguei a Jerusalém antes do
meio dia, meus filhos estavam comigo. - Ah! Deixe-me
apresentá-los: este é o Alexandre com 10 anos e este outro
é Rufo que tem 8 anos - como eu dizia, faltavam algumas
horas para o Sábado de Páscoa. Resolvemos dar umas voltas
pela cidade, até porque tinha por ali um movimento meio
estranho. Passamos pela Fortaleza que fica colado ao Templo
e soubemos que o Rabi tinha sido condenado a morte.
REPÓRTER:- Você já conhecia Jesus?
SIMÃO:- Só de ouvir falar. Nunca O tinha visto pessoalmente.
Confesso que fiquei curioso e queria saber porque O
condenaram. Até então só tinha ouvido falar coisas boas a
Seu respeito. Eu tinha ouvido inclusive, que Ele ressuscitara
Lázaro que havia morrido há quatro dias em Betânia e que
entrara na cidade montado em um jumento. Eu sabia que
alguns chefes do povo não O aprovavam, mas daí ao fato de
Ele ter sido cruelmente condenado a morte, sinceramente
falando foi uma surpresa para mim.
REPÓRTER:- O que aconteceu em seguida?
SIMÃO:- Aconteceu que, movido pela curiosidade aproximei-me da
saída da Fortaleza e fiquei num lugar estratégico para vê-lo
passar. O tumulto era grande. Mulheres choravam, homens
gritavam palavras contra Ele e eu não entendia a razão
daquele alvoroço todo. Então Jesus veio carregando a Cruz,
passou perto de mim, eu O vi todo ensangüentado, seu corpo
estava todo em carne viva. Tinha sido esfolado pelos golpes
dos flagrus (flagrus eram pequenos chicotes com três tiras
de couro e ossos de carneiro nas pontas, utilizados pelos
romanos para esfolar a pele dos condenados). Não sei como
Jesus conseguiu carregar aquela Cruz até ali.
REPÓRTER: Você falou que se colocou em um ponto estratégico para
ver Jesus passar. Você conseguiu vê-Lo de perto?
SIMÃO:- Sem dúvida. Como já lhe disse anteriormente, Ele passou por
mim, caminhou mais ou menos uns cem metros, eu O seguia
juntamente com meus filhos. De repente, porém, Ele caiu
sob o peso da Cruz. Os soldados O chicotearam. Ele não
tinha mais forças para prosseguir. Então não sei porque o
centurião que comandava o cortejo olhou para mim e, sem
perguntar, mandou-me levar a Cruz.
REPÓRTER:- Qual foi a sua reação?
SIMÃO:- Sinceramente falando, a vontade que eu tinha era sair
correndo dali. A Páscoa já estava para começar. Se eu
tocasse no sangue de quem quer que seja, ficaria impuro
para celebrar a Páscoa. Imagine! Eu tocar no sangue de um
condenado! E aquela Cruz estava toda manchada de sangue.
REPóRTER:- E o que você fez?
SIMÃO:- Eu me neguei, disse a ele que não dava, que já estava de
saída, que não podia. Porém, ele rudemente colocou a
espada na minha garganta. Não tive outra saída a não ser
obedecer-lhe.
REPÓRTER:- Por que você não alegou ser cidadão romano?
SIMÃO:- Pois é, na hora nem me ocorreu! Se eu tivesse dito,
certamente o centurião procuraria outro, mas graças a Deus
não me lembrei.
REPÓRTER:- A partir daí, qual foi o seu procedimento?
SIMÃO:- Acompanhado pelo centurião, fui até Jesus. Quando
chegamos, notei que Maria, Sua Mãe, acabara de falar
alguma coisa em Seu ouvido. Ele ganhou forças e levantou a
Cruz, foi uma surpresa para todos. Ninguém, naquelas
condições, teria forças e nem vontade para levantar aquela
Cruz tão pesada. Mas Ele teve. Mesmo assim, o centurião
mandou que eu a carregasse. Entrei debaixo dela, pois Jesus
já a tinha levantada, toquei em todo aquele sangue, fiquei
impuro e comecei a carregá-la. Jesus não queria deixar a
Cruz, mas o centurião O obrigou a caminhar na minha frente.
REPÓRTER:- Esse momento deve ter sido marcante em sua vida
SIMÃO:- É claro que sim, jamais esquecerei esse momento. Veja bem:
o povo zombava, as mulheres choravam, os homens cuspiam
em mim pensando que eu também era um condenado, até
porque, logo atrás vinham outros dois que também seriam
condenados à morte.
REPÓRTER:- Qual foi a reação de Jesus?
SIMÃO:- Ele sofria muito por não poder carregar a sua Cruz (nesse
momento Simão se emociona) Ele olhava para trás com um
olhar de quem dizia "deixe-me leva-la".
Mas o centurião não permitia, Jesus estava muito machucado.
REPÓRTER:- Responda-me Simão: A Cruz era muito pesada?
SIMÃO:- Sem dúvida, pesava mais ou menos uns 50 quilos e estava
amarrada aos dois bandidos que vinham atrás.
REPÓRTER:- Qual era o procedimento dos bandidos que vinham atrás?
SIMÃO:- Um deles xingava e maldizia o tempo todo, enquanto que o
outro permanecia calado.
REPÓRTER:- E você, como estava se comportando?
SIMÃO:- Eu também maldizia por estar carregando aquela Cruz. Por
estar passando por aquela vergonha diante de meus filhos,
por ter ficado impuro e ter estragado a minha Páscoa.
Sinceramente, eu não entendia porque Jesus fazia questão
de carregar aquela Cruz, mesmo sem forças.
REPÓRTER:- Foi longo o percurso que você carregou a Cruz?
SIMÃO:- Eu carreguei a Cruz por uns trezentos metros mais ou
menos; foi quando Jesus caiu novamente. Nesse momento
presenciei uma coisa terrível. Alguns homens e vários
moleques aproximaram-se dEle e começaram a chutá-Lo.
Revoltei-me e comecei a gritar com aqueles vândalos, mas
eles não me ouviam. Então pedi ao centurião que fizesse
alguma coisa.
REPÓRTER:- O que fez o centurião?
SIMÃO:- Ele espantou aquele bando de delinqüentes. Mas, Jesus
continuou no chão certamente com muita dor. Nesse
momento aproximou-se uma mulher com uma toalha na mão
e enxugou-Lhe o rosto. Ele agradeceu. Depois ela lhe deu
água e com isso um pouco das suas forças foram
recuperadas.
REPÓRTER:- Como você percebeu isso?
SIMÃO:- É que Ele, mesmo com dificuldade levantou-se, e decidido
entrou debaixo da Cruz com a intenção de me ajudar a levá-
la. Olha, meu amigo, eu fiquei impressionado; os soldados
também ficaram pasmos ao ver que depois de tudo o que Ele
vinha sofrendo, não fugiu da Cruz, carregando-a com muito
amor até o último momento.
REPÓRTER:- Imagino como você estava se sentindo nesse momento.
SIMÃO:- Pode crer, meu amigo, a partir desse momento parei de
maldizer e murmurar contra Deus por estar naquela situação
e comecei a respeitá-Lo.
REPÓRTER:- Quer dizer que você mudou o seu conceito com relação a
Jesus?
SIMÃO:- Totalmente. Até aquele momento para mim Jesus era um
homem comum; de valor é claro, um rabi que estava sendo
condenado injustamente. Mas depois que nossos braços se
cruzaram sobre aquela Cruz percebi que Ele queria ajudar-
me a carregar a mesma Cruz que eu carregava em seu lugar.
Caminhamos juntos sob aquela Cruz. Foi ai que percebi a
Sua pureza de coração, o amor que Ele sentia pelo próximo.
Como podia um homem naquela situação, querer ajudar
alguém?
REPÓRTER:- Qual foi o percurso que vocês caminharam juntos
carregando a Cruz?
SIMÃO:- Caminhamos juntos sob aquela Cruz mais ou menos uns
quatrocentos metros pelas ruas de Jerusalém, entre vielas e
escadarias apinhadas de gente gritando, zombando,
cuspindo. Jesus, porém, continuou sem desanimar.
Certamente estava sentindo muita dor, mas não desistiu por
nenhum momento sequer de amar a sua Cruz. Veja só que
impressionante, quando eu me cansava Ele sustentava o
peso sozinho.
Nessa caminhada, algo dentro de mim foi se transformando.
Além de respeito passei a ter admiração por aquEle homem
que amava a sua Cruz e não fugia da morte.
REPÓRTER:- Você estava ao lado de Jesus durante toda a sua
caminhada, portanto, ouvia tudo o que Ele falava. Podia
nos contar?
SIMÃO:- Muitas vezes Jesus proferia palavras de perdão àqueles que
cuspiam em seu rosto, que zombavam ou que O ofendiam de
alguma maneira. De repente comecei a perceber que o que
eu estava presenciando não era simplesmente um condenado
levando a Cruz, mas alguém que amava profundamente as
pessoas, independentemente do que faziam. Eu me
perguntava: "Meu Deus! O que está acontecendo?" Como
resposta eu só ouvia Jesus dizendo:
"Pai, perdoa-lhes, eles não sabem o que fazem!" O amor dEle
mexeu tanto comigo que eu lhe disse: "Mestre, perdoa a
minha revolta por ter sido obrigado a te ajudar! Tu não
mereces este sofrimento, Senhor, no entanto, estás dando
o maior exemplo de amor e dignidade que já vi na minha vida!"
REPÓRTER:- O que Jesus respondeu para você?
SIMÃO:- Olhando-me com ternura, Ele me disse: "Se tu recebes o
meu amor, tu acalmas os meus sofrimentos. Se tu aceitas o
meu amor, tu acalmas a minha dor. Obrigado, meu irmão!
Foi para isso que Eu vim; para mostrar a todos que o Pai
ama, que o Pai é amor; que todos são amados por meu Pai".
REPÓRTER:- O que essas palavras causaram para você?
SIMÃO:- Essas palavras marcaram-me para sempre, conforme minha
compreensão permitia. Naquele momento eu entendi que
estava diante de um legítimo enviado de Deus. Um profeta.
Hoje sei perfeitamente que estava ao lado do Filho de Deus.
REPÓRTER:- Para chegar ao Gólgota vocês teriam que atravessar
quase toda a cidade de Jerusalém. Sabemos que
aconteceu algo de inédito nesse mesmo momento: O que
foi que aconteceu?
SIMÃO:- Quando saímos da cidade e já podíamos avistar o Gólgota,
faltava mais ou menos uns duzentos metros para o término
da caminhada, Jesus tropeçou e caiu pela terceira vez. Os
soldados vieram para chicoteá-Lo, mas eu gritei: "Não façam
isso!"
REPÓRTER:- E os soldados obedeceram a sua voz de comando?
SIMÃO:- Não, um deles voltou-se para mim furioso, ia dar-me uma
chicotada, foi quando eu disse: "Sou um cidadão romano!"
REPÓRTER:- Qual foi a reação desse soldado?
SIMÃO:- Ele recuou. O centurião mais que depressa aproximou-se
de mim. Expliquei minha cidadania. Ele me pediu desculpas e
arrumou outro para carregar a Cruz.
REPÓRTER:- Então você foi substituído?
SIMÃO:- Não, eu não permiti que isso acontecesse; falei a ele que eu
queria continuar, porém, que ele proibisse os seus soldados
de maltratarem aquele homem.
REPÓRTER:- Ele deve ter achado estranho você, um cidadão romano,
estar protegendo um judeu condenado a morte.
SIMÃO:- Realmente. Foi isso mesmo que ele falou. Porém, segurando
a Cruz eu lhe disse: " Eu O protejo porque este homem é um
profeta; um enviado de Deus".
Ouvindo isso, o centurião balançou a cabeça, mesmo não
entendendo, permitiu que eu continuasse a ajudar Jesus.
Nesse momento Jesus se levantou, olhou nos meus olhos
e me disse: "Obrigado, meu irmão. Obrigado por não ter
fugido da Cruz. Mas agora, por favor, permita-me levar a
minha cruz sozinho. Tenho que levá-la até o fim".
REPÓRTER:- E você, como reagiu com relação a esse pedido de Jesus?
SIMÃO:- Ameacei negar, mas Ele colocou delicadamente seu dedo em
minha boca. Entendi Seu gesto e tive que aceitar. Comecei
a chorar e pedi perdão a Ele por ter eu fugido da Cruz. Ele
colocou a sua mão ensangüentada sobre a minha fronte e me
disse: "Este sangue é o sangue do perdão de Deus. Receba o
perdão e, de agora em diante, tome a sua cruz sem medo e
me siga. Eu estarei sempre com você. Sua cruz será mais
leve". E tomando a sua Cruz, Jesus foi caminhando para
morrer.
REPÓRTER:- Sua missão já estava cumprida. Você então voltou para
casa?
SIMÃO:- Não, não voltei para casa. Chorando continuei seguindo a
Jesus e tomando cuidado para que os ladrões que estavam
amarrados a Ele, não caíssem e o ferissem mais ainda. Ele
conseguiu chegar até o monte carregando aquela pesada
Cruz que tanto amou. Eu chorava muito em ver o sofrimento
daquEle homem. Não tive coragem de ver os soldados
crucificarem-nO.
REPÓRTER:- Quer dizer que aquilo que parecia uma maldição,
transformou-se numa bênção?
SIMÃO:- Sem dúvida. Foi a maior bênção que recebi em toda a minha
vida.
REPÓRTER:- O que aconteceu quando Jesus chegou ao local onde
seria crucificado?
SIMÃO:- Quando Jesus chegou ao Gólgota, eu não consegui
permanecer mais ali. Sai de perto porque não tive coragem
de vê-Lo morrer de forma tão dolorosa, vergonhosa e
ultrajante. Porém, em meu coração, eu me sentia purificado.
Embora eu tivesse tocado no sangue de um condenado, a
sensação dentro de mim era de pureza de alma, de graça,
de paz. Encontrei meus filhos, abracei-os sem receio de
tocá-los e de torná-los impuros por causa do meu toque.
Era estranho, mas, mesmo depois de presenciar todo aquele
sofrimento, minha Páscoa foi cheia de paz.
REPÓRTER:- O que aconteceu depois da morte de Jesus?
SIMÃO:- Depois que Jesus morreu, José de Arimatéia obteve ordens
das autoridades para sepultar o corpo de Jesus.
Como estava surgindo rumores sobre a Sua Ressurreição,
resolvi procurar Maria.
"Nesse momento Maria adentra a sala.
Cumprimenta-os e senta-se no banco
ao lado deles. Quando então o repórter fala":
REPÓRTER:- Que bom. Com a presença da Virgem Maria, agora
poderemos conversar os três. Tudo bem?
MARIA e SIMÃO:- Tudo bem. Estamos de acordo.
REPÓRTER:- Acredito, Simão, que muitos gostariam de ter a graça que
você teve.
SIMÃO:- É o que todos dizem, meu amigo. Para eles eu tenho sempre
uma resposta.
REPÓRTER:- Que resposta?
SIMÃO:- É que todos podem ter esta graça
REPÓRTER:- Como assim?
SIMÃO:- É só descobrir o que Jesus sempre dizia: "Quem quer me
seguir tome a sua cruz e me siga."
Para mim isso foi fácil. Peguei uma cruz de madeira e a
carreguei durante alguns metros. Claro, foi uma graça que
transformou a minha vida. Porém, o que Ele nos pede é muito
mais do que isso.
REPÓRTER:- Ele nos pede mais do que isso? O que por exemplo?
SIMÃO:- Quando Ele diz para tomarmos a nossa cruz e seguí-lo, Ele
quer dizer para que assumamos os nossos sofrimentos sem
medo. Isto é: que não fujamos dos sofrimentos que nos
perseguem. Que nós respeitemos as vontades do Pai sem
jamais blasfemar. Que nós agradeçamos a Deus por tudo o
que acontece em nossas vidas, tanto as coisas boas como
as más. Que façamos dos nossos sofrimentos instrumentos
para a nossa santificação.
REPÓRTER:- Simão disse que, após o sepultamento de Jesus, surgiram
rumores sobre a Ressurreição; motivo pelo qual ele foi
procurá-la. O que vocês conversaram?
MARIA:- Foi justamente sobre isso que nós conversávamos. A
Ressurreição de meu Filho fora profetizada há séculos e
naquele momento, estava se concretizando tudo o que o
Criador prometera.
Falei a Simão sobre a vida do meu Filho. Pois ele não O
conhecia pessoalmente por não haver convivido com meu
Filho ao longo do tempo. Contei a ele fatos pitorescos que
aconteceram na sua infância. Falei da Sua juventude quando
Ele ajudava meu esposo José nos serviços de carpintaria.
Como Ele amava aquele pai que o criou!
Falei do respeito que meu Filho tinha para com as
pessoas, principalmente as mais humildes. Falei da sua
obediência e do amor que Ele tinha por mim, por meu esposo
José que foi para Ele um referencial.
Falamos da suas aparições após a morte. Primeiro Ele
apareceu à Maria madalena, depois a Pedro, duas vezes aos
discípulos para que Tomé também presenciasse a sua
aparição e acreditasse. Falamos da sua aparição aos
discípulos de Emaús e de sua aparição às quinhentas
pessoas, dentre elas Simao que aqui está. Falamos da
incredulidade de Tomé e de sua conversão após presenciar a
aparição de meu Filho - quando estava junto aos colegas -
e tocar em seus ferimentos.
REPÓRTER:- Finalizando, qual mensagem vocês deixariam a todos?
SIMÃO:- Eu diria a todos que nós devemos assumir a nossa cruz,
porque quando nós louvamos a Deus, ela se torna mais leve
pelas bênçãos que nos purificam.
Cada um sabe da sua cruz. Ninguém vive sem ela; e foi
para todos nós que Jesus disse:
"Vinde a mim vós todos que estais cansados e sobrecarrega-
dos sob o peso do fardo, que eu vos aliviarei."
MARIA:- Eu gostaria de enviar uma mensagem a todas as mulheres.
Àquelas que são mães e àquelas que ainda não são.
Àquelas que são mães eu diria para não se desesperarem
diante de alguma necessidade, pois, o amor supera tudo.
Diria à elas para serem perseverantes em sua fé quando
pedirem a Deus proteção aos seus filhos.
Para as mães que foram por Deus escolhidas para serem
genitoras de crianças excepcionais eu diria: Se o Pai celeste
as escolheu para essa missão, é porque Ele sabe do amor que
existe em seus corações. Razão pela qual confiou aos seus
cuidados essas criaturinhas que Ele tanto ama.
Àquelas mulheres que ainda não constituíram família eu
tenho o seguinte recado:
Unam se através do matrimônio à uma pessoa que vocês
amem e sintam se amadas por ele. Saibam que a base de uma
família está no amor recíproco do casal.
FIM