LITURGIA DA PALAVRA (Missa do dia 03 Abril 2011

LEITURAS QUE SERÃO PROFERIDAS NO MUNDO TODO NAS CELEBRAÇÕES DAS SANTAS MISSAS NO PRÓXIMO DIA 03/04/2011 FONTE: www.arquidiocesedesaopaulo.org.br

4º DOMINGO DA QUARESMA

No 4º Domingo da Quaresma, a liturgia avança no Itinerário da Iniciação Cristã, apresentando a iluminação batismal significada na cura do cego de nascença. É o chamado “Domingo da alegria”, o qual anuncia a festa da luz pascal, Cristo Jesus, que ilumina os nossos olhos diante do pecado e da morte. Realiza-se, assim, a profecia messiânica de que “os cegos vêm” e o Reino é anunciado. É com este espírito que vamos viver o restante da Quaresma e nos preparar para celebrar a Páscoa. Peçamos a Deus também a graça de abrir nossos olhos ao alerta que nos faz a Campanha da Fraternidade em relação ao aquecimento global e às mudanças climáticas que estão fustigando a terra.

Ouçamos com atenção as leituras deste Domingo da alegria e da esperança que brota da iluminação batismal.

PRIMEIRA LEITURA

(1Sm 16, 1b.6-7.10-13a)

Leitura do Primeiro Livro de Samuel.

Naqueles dias, o Senhor disse a Samuel:

1 "Enche o chifre de óleo e vem para que eu te envie à casa

de Jessé de Belém, pois escolhi um rei para mim entre os

seus filhos”.

6 Assim que chegou, Samuel viu a Eliab e disse

consigo: “Certamente é este o ungido do Senhor!”

7 Mas o Senhor disse-lhe: “Não olhes para a sua aparência nem

para a sua grande estatura, porque eu o rejeitei. Não

julgo segundo os critérios do homem: o homem vê as

aparências, mas o Senhor olha o coração”.

10 Jessé fez vir seus sete filhos à presença de Samuel, mas

Samuel disse: “O Senhor não escolheu a nenhum deles”.

11 E acrescentou: “Estão aqui todos os teus filhos?” Jessé

respondeu: “Resta ainda o mais novo que está apascentando

as ovelhas”. E Samuel ordenou a Jessé: “Manda buscá-lo,

pois não nos sentaremos à mesa enquanto ele não chegar”.

12 Jessé mandou buscá-lo. Era Davi, ruivo, de belos olhos e

de formosa aparência. E o Senhor disse: “Levanta-te, unge-o:

é este!”

13 Samuel tomou o chifre com óleo e ungiu a Davi na presença

de seus irmãos. E a partir daquele dia o espírito do Senhor

se apoderou de Davi

- Palavra do Senhor.

T. Graças a Deus.

SALMO RESPONSORIAL 22(23)

O Senhor é o pastor que me conduz; * não me falta coisa alguma.

1. O Senhor é o pastor que me conduz; * não me falta coisa alguma. * Pelos prados e campinas verdejantes * ele me leva a descansar. Para as águas repousantes me encaminha * e restaura minhas forças.

2. Ele me guia no caminho mais seguro, * pela honra de seu nome. * Mesmo que eu passe pelo vale tenebroso, * nenhum mal eu temerei. Estais comigo com bastão e cajado, * ele me dão a segurança.

3. Preparais à minha frente uma mesa, * bem à vista do inimigo; * com óleo vós ungis minha cabeça, * o meu cálice transborda.

4. Felicidade e todo bem hão de seguir-me, * por toda a minha vida; * e, na casa do Senhor, habitarei * pelos tempos infinitos.

SEGUNDA LEITURA (Ef 5, 8-14)

Leitura da Carta de São Paulo aos Efésios.

Irmãos, (8) outrora éreis trevas, mas agora sois luz no Senhor.

Vivei como filhos da luz.

9 E o fruto da luz chama-se: bondade, justiça, verdade.

10 Discerni o que agrada ao Senhor.

11 Não vos associeis às obras das trevas, que não levam a

nada; antes, desmascarai-as.

12 O que essa gente faz em segredo, tem vergonha até de

dizê-lo.

13 Mas tudo que é condenável torna-se manifesto pela luz;

e tudo o que é manifesto é luz.

14 É por isso que se diz: “Desperta, tu que dormes, levanta-te

dentre os mortos e sobre ti Cristo resplandecerá”.

- Palavra do Senhor.

T. Graças a Deus.

ACLAMAÇÃO AO EVANGELHO

(CD CF 2011 Fx 7)

Louvor e glória a ti, Senhor, Cristo Palavra, Palavra de Deus!

Pois, eu sou a luz do mundo, quem nos diz é o Senhor; e vai ter a luz da vida quem se faz meu seguidor!

EVANGELHO (Jo 9,1-41) (+ longa)

P. O Senhor esteja convosco.

T. Ele está no meio de nós.

P. Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo João.

T. Glória a vós Senhor.

Naquele tempo, (1) ao passar, Jesus viu um homem cego de

nascença.

2 Os discípulos perguntaram a Jesus: “Mestre, quem pecou para que

nascesse cego: ele ou seus pais?”.

3 Jesus respondeu: “Nem ele nem seus pais pecaram, mas

isso serve para que as obras de Deus se manifestem nele.

4 É necessário que nós realizemos as obras daquele que me enviou,

enquanto é dia. Vem a noite, em que ninguém pode trabalhar.

5 Enquanto estou no mundo, eu sou a luz do mundo”.

6 Dito isto, Jesus cuspiu no chão, fez lama com a saliva e

colocou-a sobre os olhos do cego.

7 E disse-lhe: “Vai lavar-te na piscina de Siloé” (que quer dizer

enviado). O cego foi, lavou-se e voltou enxergando.

8 Os vizinhos e os que costumavam ver o cego – pois ele era

mendigo – diziam: “Não é aquele que ficava pedindo esmola?”

9 Uns diziam: “Sim, é ele!” Outros afirmavam: “Não é ele, mas

alguém parecido com ele”. Ele, porém, dizia: “Sou eu mesmo!”.

10 Então lhe perguntaram: “Como é que se abriram os teus

olhos?”

11 Ele respondeu: “Aquele homem chamado Jesus fez lama,

colocou-a nos meus olhos e disse:me; ‘Vai a Siloé e lava-te’.

Então fui, lavei-me e comecei a ver”.

12 Perguntaram-lhe: “Onde está ele?” Respondeu: “Não sei”.

13 Levaram então aos fariseus o homem que tinha sido cego.

14 Ora, era sábado, o dia em que Jesus tinha feito lama e aberto

os olhos do cego.

15 Novamente, então, lhe perguntaram os fariseus como tinha

recuperado a vista. Respondeu-lhes: “Colocou lama sobre

meus olhos, fui lavar-me e agora vejo!”

16 Disseram, então, alguns dos fariseus: “Esse homem não vem

de Deus, pois não guarda o sábado”. Mas outros diziam:

“Como pode um pecador fazer tais sinais?”

17 E havia divergência entre eles. Perguntaram outra vez ao

cego:“E tu, que dizes daquele que te abriu os olhos?”

Respondeu: “É um profeta”.

18 Então, os judeus não acreditaram que ele tinha sido cego

e que tinha recuperado a vista. Chamaram os pais

dele (19)e perguntaram-lhes: “Este é o vosso filho, que

dizeis ter nascido cego? Como é que ele agora está enxergando?”

20 Os seus pais disseram: “sabemos que este é o nosso filho e

que nasceu cego.

21 Como agora está enxergando, isso não sabemos. E quem lhe

abriu os olhos também não sabemos. Interrogai-o, ele é maior

de idade, ele pode falar por si mesmo”.

22 Os seus pais disseram isso, porque tinham medo das

autoridades judaicas. De fato, os judeus já tinham combinado

expulsar da comunidade quem declarasse que Jesus era o

Messias.

23 Foi por isso que seus pais disseram: “É maior de idade.

Interrogai-o a ele”.

24 Então, os judeus chamaram de novo o homem que tinha sido

cego. Disseram-lhe “Dá glória a Deus! Nós sabemos que esse

homem é um pecador”.

25 Então ele respondeu: “Se ele é pecador, não sei. Só sei

que eu era cego e agora vejo”.

26 Perguntaram-lhe então: “Que é que ele te fez? Como te

abriu os olhos?”.

27 Respondeu ele: “Eu já vos disse, e não escutastes.

por que quereis ouvir de novo? Por acaso quereis

tornar-vos discípulos dele?”

28 Então insultaram-no, dizendo: “Tu, sim, és discípulo dele!

29 Nós somos discípulos de Moisés. Nós sabemos que Deus

falou a Moisés, mas esse, não sabemos de onde ele é”.

30 Respondeu-lhes o homem: “Espantoso! Vós não sabeis de

onde ele é? No entanto, ele abriu-me os olhos!

31 Sabemos que Deus não escuta os pecadores, mas escuta

aquele que é piedoso e que faz a sua vontade.

32 Jamais se ouviu dizer que alguém tenha aberto os olhos a

um cego de nascença.

33 Se este homem não viesse de Deus, não poderia fazer nada”.

34 Os fariseus disseram-lhe: “Tu nasceste todo em pecado e

estás nos ensinando?” E expulsaram-no da comunidade.

35 Jesus soube que o tinham ex­pulsado. Encontrando-o,

perguntou-lhe: “Acreditas no Filho do Homem?”

36 Respondeu ele: “Quem é, Senhor, pa­ra que eu creia nele?”

37 Jesus disse: “Tu o estás vendo; é aquele que está

falando contigo”. Exclamou ele:

38 "Eu creio, Senhor!” E prostrou-se diante de Jesus.

39 Então, Jesus dis­se: “Eu vim a este mundo para exercer um

julgamento, a fim de que os que não vêem, vejam, e os que

vêem se tornem cegos”.

40 Alguns fariseus, que estavam com ele, ouvi­ram isto

e lhe disseram: “Porventura, também nós somos cegos?”.

41 Res­pon­deu-lhes Jesus: “Se fôsseis ce­gos, não teríeis culpa;

mas como dizeis: ‘Nós vemos’, o vosso pecado permanece”.

- Palavra da Salvação.

T. Glória a vós, Senhor

COMENTÁRIOS DO EVANGELHO

Estamos no quarto Domingo da quaresma. Continuamos confiantes em nossa caminhada, preparando-nos para a Páscoa da Ressurreição do Senhor. No evangelho de hoje, João relata um milagre de Jesus.

Trata-se da cura de um cego de nascença. É um texto longo e muito rico de conteúdo. Nele Jesus se revela como Luz do mundo. E mostra também que os sofrimentos e as desgraças desta vida não são castigos de Deus.

Deus é Pai, é Amor e Perdão, não castiga ninguém, somente ama. Ama sobretudo aqueles que erram. A misericórdia de Deus é muito maior que os nossos pecados. Os discípulos de Jesus querem saber o porque da cegueira. Que pecado ele ou seus pais cometeram para que fosse acometido de tamanha desgraça?

A idéia religiosa dominante naquele tempo era de que os sofrimentos, a doença e a pobreza eram castigos de Deus. Jesus corrige essa maneira de pensar que não deixava as pessoas enxergarem a realidade opressora em que viviam.

Culpar a Deus pelas desgraças e dissabores aumenta o sofrimento, impede a libertação, além de inocentar os opressores e donos do poder. A missão de Jesus e nossa como seus seguidores, é apresentar ao mundo o Projeto de Deus, que nos criou para sermos livres, felizes e construtores da nossa própria história.

As duras discussões dos fariseus com o antigo cego e, depois, com Jesus, mostram que o apego ao poder e o abuso de autoridade causam cegueira e fechamento do espírito. Como os poderosos não querem enxergar a verdade, Jesus os adverte dizendo que eles permanecerão no seu pecado.

É importante ressaltar que o cego curado, agora já restituído à sua dignidade como pessoa, discute com os fariseus em pé de igualdade. De forma bastante clara, aquele que era cego, deixa transparecer a sua fé e passa a dizer verdades duras que são recebidas como verdadeiras ofensas pelos fariseus.

Quando se tem culpa no “cartório”, estas palavras não são muito agradáveis: “Eu era cego e agora vejo... Deus não ouve os pecadores... Esse homem é um profeta”. A ousadia do cego ao contestar a sabedoria dos fariseus, e proclamar sua fé, custou-lhe a expulsão da sinagoga pelos donos do poder.

Realmente, fé é algo que não combina com autoritarismo e apego ao poder. Mesmo que isso lhe custe a própria vida, o verdadeiro cristão precisa proclamar a humildade e gritar bem alto a sua fé em Jesus, a Verdadeira Luz, que retira das trevas, que devolve ao cego a luz dos olhos e dá ao mundo a luz da fé.

Vamos encerrar nossa meditação com esta singela oração: “Aumenta Senhor a minha fé e abre meus olhos para o amor, para a justiça e para a fraternidade. Guia meus passos e me dê coragem para enfrentar os opressores”.

Com a fé daquele cego, certamente, nós vamos mudar. E, quando nos perguntarem o porquê dessa mudança, com muita convicção diremos: “Eu era cego e agora vejo!”

jorgelorente@ig.com.br 03/abril/2011

Antônio Oliveira
Enviado por Antônio Oliveira em 28/03/2011
Reeditado em 28/03/2011
Código do texto: T2875109