O que importa é que Ele cresça e que eu diminua.
Reflexões sobre o Evangelho Segundo São João (11a semana)
“Depois disso, Jesus veio com os discípulos para o território da Judéia e permaneceu ali com eles e batizava. João também batizava em Enon, perto de Salim, pois lá as água eram abundantes e muitos se apresentavam para serem batizados. João ainda não fora encarcerado. Originou-se uma discussão entre os discípulos de João e certo judeu a respeito da purificação; eles vieram encontrar João e lhe disseram: Rabi, aquele que estava contigo do outro lado do Jordão, de quem deste testemunho, batiza e todos vão a ele. João respondeu: Um homem nada pode receber a não ser que lhe tenha sido dado do céu. Vós mesmos sois testemunhas de que eu disse: Não sou eu o Cristo, mas sou enviado adiante dele. Quem tem a esposa é o esposo; mas o amigo do esposo, que está presente e o ouve, é tomado de alegria à voz do esposo. Essa é a minha alegria e ela é completa! É necessário que Ele cresça e eu diminua.” (Jo 3,22-30)
Queridas irmãs, queridos irmãos, se existe uma qualidade que se evidencia, explosivamente, em João Batista, esta é a humildade.
Humildade na sua vida de eremita, anunciando, não suas próprias palavras ou orientações pessoais, mas a vinda daquele que seria o verdadeiro salvador; humildade no anunciar Jesus como o Cordeiro de Deus, aquele que viera para a salvação de todos; humildade ao dizer que não era digno de, sequer, desatar as sandálias de Jesus; humildade ao se negar a batizar o Mestre por não ser digno, o fazendo, também, por humildade, no cumprimento das orientações de Jesus. Em fim, todas as atitudes de João Batista, narradas nas Sagradas Escrituras, eram plenas de humildade e de pura fé, jamais para seu enaltecimento ou sua glória pessoal, mas, sempre, para anunciar a vinda de Jesus Cristo e Sua missão redentora.
A ausência de humildade, característica do ser humano, é evidenciada nos discípulos, pois ao virem com ele questionar a prática do batismo realizado por Cristo, após discussão com “certo judeu” (em diversos estudos corresponde “aos discípulos de Jesus”), evidencia-se, muito mais, a arrogância do que a preocupação pela prática correta da purificação.
Em todas as vezes que encontramos relatos de debates ou discussões entre grupos de seguidores de João e de Jesus, observa-se que todos trazem a vaidade e a arrogância evidenciadas.
“Rabi, aquele que estava contigo do outro lado do Jordão, de quem deste testemunho, batiza e todos vão a ele”. Para seus seguidores, João era o verdadeiro Rabi e Cristo era o “outro” que, absurdamente, estava batizando e sendo procurado por muitos. Quanto mais “importante” é o mestre, mais “notoriedade”, segundo os olhos humanos, têm seus discípulos. A preocupação não está na verdade, no correto caminho, na prática salvadora, mas na primazia da ação, na evidenciação da importância de “seu mestre”, para que, por conseguinte, se evidenciem, também, seus seguidores. Quanta vaidade!
Porém, João Batista, como sempre, zeloso de seu papel como precursor e anunciador de Jesus Cristo, mais uma vez, chama a atenção de seus discípulos, mostrando-lhes sua verdadeira importância e sua real missão: “Não sou eu o Cristo, mas sou enviado adiante dele”. Possivelmente, tal postura de humildade e absoluta subserviência a Deus, na pessoa de Jesus Cristo, não deve ter agradado a muitos de seus seguidores e, certamente, vários deles, o abandonaram. Alguns para seguirem o verdadeiro mestre, como Santo André Apóstolo, outros para buscarem quem, soberbamente, pudesse dar a eles o “status” de discípulos de um “mestre importante” e famoso.
Percebam, a intensidade e a grandeza da afirmação de João, ao dizer: “Um homem nada pode receber a não ser que lhe tenha sido dado do céu”. Ele sabia que Jesus Cristo era o Filho dos Céus, e ele o filho do mundo, mesmo sendo, como Cristo dissera, “o melhor dentre aqueles nascidos da mulher”, ou seja, o “melhor” dos seres humanos e, justamente, o era, pela sua absoluta humildade e fé, apesar da importância de sua missão profética precursora e do destaque a ele dado pelo próprio Jesus Cristo.
Sua importância não estava na sua força, na sua aparência, na ritualística de suas ações, ou na retumbância de suas profecias, mas sim, na sua humildade, na sua fé e no inquebrantável amor a Deus.
Lembra-nos, João, a todos nós, que ninguém deve procurar enaltecer-se, destacar suas qualidades e, principalmente, ser o que, verdadeiramente, não é. A vaidade faz com que busquemos glórias e louros do mundo, pois além de ser inútil e vazios, nenhuma recompensa valiosa, com eles, será obtida.
O profeta Joel, no Antigo Testamento, apelando à penitência dos fieis, diz: “Rasgai os vossos corações, e não as vossas roupas” (Jl 2,13) e o próprio Cristo Jesus nos adverte: “Guardai-vos de fazer vossas boas obras diante dos homens, para serdes vistos por eles. Do contrário, não tereis recompensa junto de vosso Pai que está no céu.” (Mt 6,1)
João Batista traz a todos, seus seguidores e a todos nós, uma comparação repleta de amor e reconhecimento do verdadeiro salvador, ao dizer: “Quem tem a esposa é o esposo; mas o amigo do esposo, que está presente e o ouve, é tomado de alegria à voz do esposo. Essa é a minha alegria e ela é completa!” Ele faz alusão a idéia de esposo e esposa, considerada no Novo Testamento, que é a relação entre Cristo e sua Igreja, ele como devotado esposo, ela como fiel esposa. Alega João que o verdadeiro esposo, o verdadeiro mestre, o verdadeiro senhor, é Jesus Cristo e a Ele está ligada sua Igreja, que deve ser fiel e dedicada. Coloca-se como sendo, apenas, o “amigo do noivo”, longe de ser a figura central, e, como tal, regozija-se, demonstrando sua completa alegria, pois ele não deseja ser o noivo, não deseja ser o centro ou a figura principal, ele está plenamente feliz em ser o amigo do noivo. Mais uma vez, demonstra, de forma veemente, sua fidelidade e sua humildade.
Finaliza, João, sua fala neste trecho apontando para a importância e a necessidade de que Jesus cresça e ele diminua.
Podemos receber tal ensinamento de algumas formas. A primeira delas refere-se a importância do verdadeiro Salvador ser o centro da atenção, para que Ele possa, de fato, transmitir a todos os seus ensinamentos divinos. “Eu apenas o anunciei, ousam-no, agora, pois é dEle que vem o verdadeiro ensinamento e a efetiva salvação”. Esta era, na verdade, a mensagem de João.
O segundo aspecto está relacionado ao crescimento de Cristo e está ligado a cada um de nós. É fundamental, para que Cristo “cresça em nós”, através de Seu Espírito Santo, que nós “nos desocupemos”, que nos livremos de nossas vaidades, de nossa arrogância, de nossa mesquinhez, de nosso orgulho, de nosso ódio, de nossa inveja, de tudo aquilo que toma conta de nosso ser, impedindo que a graça de Deus conduza-nos pelo caminho que nos leva ao Pai. É impossível ter “Cristo vivo em nós”, se estamos plenos de nós mesmos, de nossas iniqüidades e de nossas limitações.
Reflitamos sobre as palavras de São Paulo aos gálatas: “Já não sou eu que vivo, mas é Cristo que vive em mim.” (Gl 2,20)
Fiquem com Deus!
Reflexões sobre o Evangelho Segundo São João (11a semana)
“Depois disso, Jesus veio com os discípulos para o território da Judéia e permaneceu ali com eles e batizava. João também batizava em Enon, perto de Salim, pois lá as água eram abundantes e muitos se apresentavam para serem batizados. João ainda não fora encarcerado. Originou-se uma discussão entre os discípulos de João e certo judeu a respeito da purificação; eles vieram encontrar João e lhe disseram: Rabi, aquele que estava contigo do outro lado do Jordão, de quem deste testemunho, batiza e todos vão a ele. João respondeu: Um homem nada pode receber a não ser que lhe tenha sido dado do céu. Vós mesmos sois testemunhas de que eu disse: Não sou eu o Cristo, mas sou enviado adiante dele. Quem tem a esposa é o esposo; mas o amigo do esposo, que está presente e o ouve, é tomado de alegria à voz do esposo. Essa é a minha alegria e ela é completa! É necessário que Ele cresça e eu diminua.” (Jo 3,22-30)
Queridas irmãs, queridos irmãos, se existe uma qualidade que se evidencia, explosivamente, em João Batista, esta é a humildade.
Humildade na sua vida de eremita, anunciando, não suas próprias palavras ou orientações pessoais, mas a vinda daquele que seria o verdadeiro salvador; humildade no anunciar Jesus como o Cordeiro de Deus, aquele que viera para a salvação de todos; humildade ao dizer que não era digno de, sequer, desatar as sandálias de Jesus; humildade ao se negar a batizar o Mestre por não ser digno, o fazendo, também, por humildade, no cumprimento das orientações de Jesus. Em fim, todas as atitudes de João Batista, narradas nas Sagradas Escrituras, eram plenas de humildade e de pura fé, jamais para seu enaltecimento ou sua glória pessoal, mas, sempre, para anunciar a vinda de Jesus Cristo e Sua missão redentora.
A ausência de humildade, característica do ser humano, é evidenciada nos discípulos, pois ao virem com ele questionar a prática do batismo realizado por Cristo, após discussão com “certo judeu” (em diversos estudos corresponde “aos discípulos de Jesus”), evidencia-se, muito mais, a arrogância do que a preocupação pela prática correta da purificação.
Em todas as vezes que encontramos relatos de debates ou discussões entre grupos de seguidores de João e de Jesus, observa-se que todos trazem a vaidade e a arrogância evidenciadas.
“Rabi, aquele que estava contigo do outro lado do Jordão, de quem deste testemunho, batiza e todos vão a ele”. Para seus seguidores, João era o verdadeiro Rabi e Cristo era o “outro” que, absurdamente, estava batizando e sendo procurado por muitos. Quanto mais “importante” é o mestre, mais “notoriedade”, segundo os olhos humanos, têm seus discípulos. A preocupação não está na verdade, no correto caminho, na prática salvadora, mas na primazia da ação, na evidenciação da importância de “seu mestre”, para que, por conseguinte, se evidenciem, também, seus seguidores. Quanta vaidade!
Porém, João Batista, como sempre, zeloso de seu papel como precursor e anunciador de Jesus Cristo, mais uma vez, chama a atenção de seus discípulos, mostrando-lhes sua verdadeira importância e sua real missão: “Não sou eu o Cristo, mas sou enviado adiante dele”. Possivelmente, tal postura de humildade e absoluta subserviência a Deus, na pessoa de Jesus Cristo, não deve ter agradado a muitos de seus seguidores e, certamente, vários deles, o abandonaram. Alguns para seguirem o verdadeiro mestre, como Santo André Apóstolo, outros para buscarem quem, soberbamente, pudesse dar a eles o “status” de discípulos de um “mestre importante” e famoso.
Percebam, a intensidade e a grandeza da afirmação de João, ao dizer: “Um homem nada pode receber a não ser que lhe tenha sido dado do céu”. Ele sabia que Jesus Cristo era o Filho dos Céus, e ele o filho do mundo, mesmo sendo, como Cristo dissera, “o melhor dentre aqueles nascidos da mulher”, ou seja, o “melhor” dos seres humanos e, justamente, o era, pela sua absoluta humildade e fé, apesar da importância de sua missão profética precursora e do destaque a ele dado pelo próprio Jesus Cristo.
Sua importância não estava na sua força, na sua aparência, na ritualística de suas ações, ou na retumbância de suas profecias, mas sim, na sua humildade, na sua fé e no inquebrantável amor a Deus.
Lembra-nos, João, a todos nós, que ninguém deve procurar enaltecer-se, destacar suas qualidades e, principalmente, ser o que, verdadeiramente, não é. A vaidade faz com que busquemos glórias e louros do mundo, pois além de ser inútil e vazios, nenhuma recompensa valiosa, com eles, será obtida.
O profeta Joel, no Antigo Testamento, apelando à penitência dos fieis, diz: “Rasgai os vossos corações, e não as vossas roupas” (Jl 2,13) e o próprio Cristo Jesus nos adverte: “Guardai-vos de fazer vossas boas obras diante dos homens, para serdes vistos por eles. Do contrário, não tereis recompensa junto de vosso Pai que está no céu.” (Mt 6,1)
João Batista traz a todos, seus seguidores e a todos nós, uma comparação repleta de amor e reconhecimento do verdadeiro salvador, ao dizer: “Quem tem a esposa é o esposo; mas o amigo do esposo, que está presente e o ouve, é tomado de alegria à voz do esposo. Essa é a minha alegria e ela é completa!” Ele faz alusão a idéia de esposo e esposa, considerada no Novo Testamento, que é a relação entre Cristo e sua Igreja, ele como devotado esposo, ela como fiel esposa. Alega João que o verdadeiro esposo, o verdadeiro mestre, o verdadeiro senhor, é Jesus Cristo e a Ele está ligada sua Igreja, que deve ser fiel e dedicada. Coloca-se como sendo, apenas, o “amigo do noivo”, longe de ser a figura central, e, como tal, regozija-se, demonstrando sua completa alegria, pois ele não deseja ser o noivo, não deseja ser o centro ou a figura principal, ele está plenamente feliz em ser o amigo do noivo. Mais uma vez, demonstra, de forma veemente, sua fidelidade e sua humildade.
Finaliza, João, sua fala neste trecho apontando para a importância e a necessidade de que Jesus cresça e ele diminua.
Podemos receber tal ensinamento de algumas formas. A primeira delas refere-se a importância do verdadeiro Salvador ser o centro da atenção, para que Ele possa, de fato, transmitir a todos os seus ensinamentos divinos. “Eu apenas o anunciei, ousam-no, agora, pois é dEle que vem o verdadeiro ensinamento e a efetiva salvação”. Esta era, na verdade, a mensagem de João.
O segundo aspecto está relacionado ao crescimento de Cristo e está ligado a cada um de nós. É fundamental, para que Cristo “cresça em nós”, através de Seu Espírito Santo, que nós “nos desocupemos”, que nos livremos de nossas vaidades, de nossa arrogância, de nossa mesquinhez, de nosso orgulho, de nosso ódio, de nossa inveja, de tudo aquilo que toma conta de nosso ser, impedindo que a graça de Deus conduza-nos pelo caminho que nos leva ao Pai. É impossível ter “Cristo vivo em nós”, se estamos plenos de nós mesmos, de nossas iniqüidades e de nossas limitações.
Reflitamos sobre as palavras de São Paulo aos gálatas: “Já não sou eu que vivo, mas é Cristo que vive em mim.” (Gl 2,20)
Fiquem com Deus!