ONDE ESTÃO OS MORTOS?
Muitos de nós já vivenciamos algum momento de tristeza, de desapontamento, de desilusão. Todavia, nenhuma dor pode ser comparada a que sentimos com a perda de um ente querido. A morte, de fato, é um dano irreparável.
Mas o que é a morte? Ela é o contrário da vida. Deus mesmo indica isso nas palavras: “Eu te propus a vida e a morte, a bênção e a maldição. Escolhe, pois, a vida para que vivas”. Deuteronômio 3:19. Estranha coisa: pessoas há que dizem ser a morte o começo da vida.
Ao criar o homem Deus ajuntou dois elementos: o corpo e o fôlego. Na morte esses componentes da vida são separados. Falando da morte, dizem as Escrituras: “e o pó volte a terra como era, e o espírito volte a Deus que o deu”. Eclesiastes 12:7. Espírito aqui representa o princípio de vida que procede de Deus e que dá vida aos homens e aos animais. Ele é o equivalente de fôlego. “Porque o que sucede aos filhos dos homens, sucede aos animais; o mesmo lhe sucede. Como morre um, assim morre o outro. Todos têm o mesmo fôlego de vida e nenhuma vantagem tem o homem sobre os animais”. Eclesiastes 3:19.
Assim como a união dos dois, corpo e fôlego, ou corpo e espírito, resultou num ser vivente ou alma vivente, como lemos em Gênesis 2:7, a separação dos dois resulta em cessação da vida, resulta em morte. Na morte cessam as funções da vida, cessam os pensamentos. Como escreveu alguém, na morte o processo é invertido: o fôlego de vida é retirado, o coração pára de bater, a circulação do sangue pára, a mente cessa de funcionar, terminam todos os processos vitais. O indivíduo está morto.
A Bíblia emprega o eufemismo do sono para descrever a morte. Esse sinônimo da morte ocorre 66 vezes no Sagrado Livro, como nesses exemplos:
Deuteronômio 31:16 – Disse o Senhor a Moisés: eis que estás para dormir com teus pais;
II Samuel 7:12 – quando teus dias forem completos e vieres a dormir com teus pais;
Mateus 27:52 – Abriram-se os sepulcros, e muitos corpos dos santos que dormiam, ressuscitaram;
João 11:11 (palavras do Senhor Jesus Cristo) – nosso amigo Lázaro adormeceu, mas vou para despertá-lo. Como sabemos, Lázaro havia morrido.
A intervenção de Deus, restituindo a vida aos mortos, mediante a ressurreição, é a esperança que temos em face da morte. O apóstolo Paulo escreveu: “porque se os mortos não ressuscitam, também Cristo não ressuscitou. E se Cristo não ressuscitou, é vã a vossa fé, e ainda permaneceis em vossos pecados”. E ainda mais: “os que dormiram em Cristo, pereceram”. I Coríntios 15:16-18. Notemos: se não há ressurreição, os que dormiram em Cristo pereceram. Essas palavras do apóstolo constituem uma enfática afirmação de que os mortos efetivamente dormem nos sepulcros.
As Escrituras são claras. Em Eclesiastes, lemos: “Porque os vivos sabem que hão de morrer, MAS OS MORTOS NÃO SABEM COISA NENHUMA, nem tampouco terão eles recompensa, mas a sua memória fica entregue ao esquecimento. Também o seu amor, o seu ódio, e a sua inveja já pereceram, e JÁ NÃO TÊM PARTE ALGUMA PARA SEMPRE, EM COISA ALGUMA DO QUE SE FAZ DEBAIXO DO SOL”. Eclesiastes 9:5 e 6.
Alguém pode estar perguntando: mas Jesus não disse ao malfeitor que estava numa cruz ao Seu lado, que estaria com ele no Paraíso naquele dia? As Escrituras Sagradas não se contradizem em nenhum ponto. Portanto, alguma coisa está errada com Lucas 23:43. Todos sabemos que a Bíblia foi originalmente escrita sem conter nenhuma vírgula, nenhum ponto. Só alguns anos mais tarde é que tais sinais de pontuação foram colocados. Mas o que aconteceu com o versículo mencionado, foi a anteposição do pronome que ao vocábulo hoje. Se invertermos as posições dessas palavras, nova luz nos surge consentindo com a doutrina bíblica: “E disse-lhe Jesus: Em verdade te digo hoje que estarás comigo no Paraíso.” E como podemos afirmar isso?
Narram as Escrituras que Maria Madalena foi ao sepulcro onde jazia o corpo de Jesus na madrugada de domingo. Ao chegar ao jardim, Maria percebeu que a pedra havia sido retirada do sepulcro. Ela voltou e contou a dois discípulos de Jesus o que vira. Momentos depois, quando os discípulos foram embora, o Salvador lhe apareceu, porém não foi por ela reconhecido incontinenti. No entanto, quando Jesus pronunciou o seu nome, Maria O reconheceu, e antes que ela se lhe lançasse aos pés, Jesus a advertiu: “Não me detenhas, porque ainda não subi para Meu Pai, mas vai para Meus irmãos, e dize-lhes que Eu subo para Meu Pai e vosso Pai, Meu Deus e vosso Deus”. João 20:17. Ora, Jesus ainda não havia subido ao Céu, como ele poderia ter dito que estaria no Paraíso? Além disso, os ladrões não morreram naquele mesmo dia.
Nada existe no homem que sobreviva à morte. Todavia o que temos a dizer sobre a alma? Não é ela imortal? A palavra alma é freqüentemente empregada nas Escrituras. No Velho Testamento ela vem da palavra hebraica nephesh; no Novo Testamento da palavra grega psyché.
A palavra nephesh ocorre no Velho Testamento 755 vezes, e é traduzida variavelmente por alma, vida, pessoa, mente, coração, criatura, corpo. Ela é empregada para designar vida animal, como em Levítico 24:18. O sentido principal de nephesh é vida, mas em nenhum caso é essa vida chamada imortal. Com efeito, em alguns casos nephesh é traduzida por morto e cadáver, como em Números 5:2; 9:6,7 e 10.
Psyché é também variadamente traduzida por alma, vida, mente, coração. E como nephesh, refere-se inclusive aos animais. Um exemplo disso encontramos em Apocalipse 16:3. Várias passagens do Novo Testamento falam da morte do psyché. Por exemplo, Apocalipse 8:9: “E morreu a terça-parte da criação que tinha vida existente no mar”. “Morreu a terça-parte da criação que tinha psyché no mar”. O sentido principal do psyché é igualmente vida: a vida do homem, a vida dos animais.
De acordo, pois, com o Sagrado Livro só Deus é imortal. Incidentemente: a palavra imortal é encontrada nas Escrituras somente uma vez, e, nesse caso, aplica-se a Deus. Lemos, I Timóteo 1:17: “Ora ao Rei dos séculos, imortal, invisível; ao único Deus seja a honra e glória para todo o sempre.” A palavra imortalidade é encontrada cinco vezes e, em nenhum caso, aplica-se ao homem no presente estado. Com efeito o Sagrado Livro diz que só Deus possui a imortalidade. Lemos de novo, I Timóteo 6:16: “Àquele que tem ELE SÓ A IMORTALIDADE e habita na luz inacessível, a quem nenhum dos homens viu nem pode ver. Ao qual seja a honra e o poder sempiterno”
Podemos, portanto, encontrar a resposta do tema no seguinte versículo: “Não vos maravilheis disso porque vem a hora em que TODOS OS QUE ESTÃO NOS SEPULCROS (notemos: nos sepulcros) ouvirão a Sua voz. E os que fizeram o bem sairão para a ressurreição da vida, e os que fizeram o mal para a ressurreição da condenação”. João 5:28 e 29. Os mortos sairão dos seus túmulos, pois é lá onde eles se encontram.
Nós homens somos mortais, somos sujeitos à morte, sujeitos a cessar de viver, mas ainda está no plano divino conferir ao homem a imortalidade. Este é o grande alvo do evangelho, a obra de Cristo – erguer o homem do pecado, restaurar nele a imagem de Deus e conferir-lhe a imortalidade. Esse dom Deus quer conceder por meio de Cristo. O Salvador Jesus Cristo é o doador da vida aos que estão condenados à morte. “Eu Sou a ressurreição e a vida”, disse Ele, “quem crê em Mim, ainda que morra, viverá”. João 11:25. A imortalidade é-nos oferecida em Cristo, mediante o evangelho. Devemos buscá-la em Jesus; devemos nos preparar para ela.
Quando será conferida a imortalidade? No dia final, por ocasião da volta de Cristo para buscar o Seu povo. O apóstolo São Paulo expressa o triunfo do povo de Deus nestas palavras: “Eis que vos digo um mistério: nem todos dormiremos, mas transformados seremos todos... Porque é necessário que este corpo corruptível se revista da incorruptibilidade, e que o corpo mortal se revista da imortalidade. E, quando este corpo corruptível se revestir de incorruptibilidade, e o que é mortal se revestir de imortalidade, então, se cumprirá a palavra que está escrita: tragada foi a morte pela vitória”. I Coríntios 15: 51-54.
Que grande vitória! A morte vencida, afinal. Que maravilhosa transformação! O homem mortal, vencedor do pecado em Cristo, recebe das mãos do Príncipe da vida, o inefável dom da imortalidade. Que grande dia, o dia de Deus! Dia da restauração de todas as coisas perdidas pelo pecado; dia de plena execução do plano de Deus para com o Seu povo.
Que Deus nos abençoe!