Ser o sal da terra e a luz do mudo – eis a nossa missão!

Vós sois o sal da terra. Se o sal perde o sabor, com que lhe será restituído o sabor? Para nada mais serve senão para ser lançado fora e calcado pelos homens. Vós sois a luz do mundo. Não se pode esconder uma cidade situada sobre uma montanha nem se acende uma luz para colocá-la debaixo do alqueire, mas sim para colocá-la sobre o candeeiro, a fim de que brilhe a todos os que estão em casa. Assim, brilhe vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem vosso Pai que está nos céus.
(Mt 5,13-16)
 
Ao refletir sobre o Evangelho desse domingo (6/2/2011), que nos traz a mensagem de Nosso Senhor Jesus Cristo, narrada por São Mateus, não consegui conter o desejo de compartilhar com você algumas reflexões.

Vós sois o sal da terra. (...)Vós sois a luz do mundo.

Estas foram as palavras de Jesus Cristo, logo após propalar as Bem-aventuranças. Por que nesse momento e qual a relação entre tais ensinamentos?

Em primeiro lugar, o que significaria sermos “o sal da terra”?

Na verdade, podemos destacar, algumas importantes características ou propriedades do sal: a pureza de sua formação, o sabor que dá aos alimentos e a sua ação na conservação.

Quando pensamos em pureza de formação, podemos, logo de início, trazer à tona a nossa própria origem: “Então Deus disse: ‘Façamos o homem à nossa imagem e semelhança.” (Gn 1,26)

Ora, certamente, tal semelhança não diz respeito à nossa condição física, ou a nossa aparência, pois, além da diversidade existente na humanidade, em cada um de nós, apesar da infinita beleza e genialidade do funcionamento de nosso organismo, nele está embutido a finitude, os limites impostos pela condição humana.

Dessa forma, a imagem e semelhança de Deus, condição que fomos criados, está em nossa essência, em nosso íntimo, em nossa espiritualidade. Somos como Deus, à sua imagem e semelhança, perfeitos como Ele, em essência. Perfeitos como o sal o é, em sua formação. Ocorre que, assim como nós, o sal pode se corromper. Após sua formação natural e perfeita, pela ação do mar e do sol, o sal pode se deteriorar e, com isso, perder totalmente sua função, sua importância. Entretanto, caso o sal mantenha sua pureza, ele manterá sua fundamental importância no gosto e na conservação dos alimentos.

Igualmente ao sal, caso consigamos encontrar a pureza divina em nossa essência e não deixarmos que ela se corrompa, nutrindo-a com o amor, a pureza, a humildade, a mansidão, a justiça, a misericórdia, a fidelidade a Deus, enfim, com tudo que nos faz “Bem-aventurados”, certamente, manteremos a nossa missão de sermos o sal da terra. Estaremos em condição de estimular nossos irmãos a sentirem o gosto das coisas de Deus, o delicioso sabor das Palavras de Cristo Jesus nos Evangelhos. Ao alimentar nossa pureza, será, também, mantida nossa função de conservação, preservando vivas as mensagens de Jesus, mantendo “saudáveis para o consumo” toda a Boa-nova deixada por Nosso Senhor, poderemos manter sempre vivo e presente o próprio Cristo no mundo.

Ocorre que, além de sermos enviados para comportarmo-nos como o “sal da terra”, também o fomos para atuarmos como a “luz do mundo”.

Antes de pensarmos em nossa missão como “luz do mundo”, não podemos nos esquecer que o próprio Cristo Jesus afirmou ser, Ele mesmo, “a luz do mundo”:

Eu sou a luz do mundo; aquele que me segue não andará em trevas, mas terá a luz da vida.” (Jo 8,12)

Com o Verbo encarnado, Jesus trouxe para nós a divindade feito homem, a Luz verdadeira fez-se presente em nosso meio, para que possamos, com a Sua luz, encontrarmos a nossa perfeição, a Sua divindade em nossa essência. Ao nos iluminar, Jesus está clareando, não o nosso mundo exterior, mas o nosso interior, para que, ao encontrarmos nossa essência divina, a Sua imagem e semelhança, possamos nutri-la, expandi-la e disseminá-la, atuando, assim, nós próprios, como a luz do mundo, possibilitando que nossos irmãos possam encontrar, também, a sua luz.

Ao longo da história, muitos estimulam seus semelhantes, certamente com boas intenções, a converterem-se em nome de Jesus Cristo. Porém, não nos esqueçamos que tal conversão não significa, somente, aceitarmos Cristo em nossa vida, mas sim, vivermos a vida do próprio Cristo – carregarmos a Sua cruz; sofrermos o Seu martírio; termos a Sua humildade e a Sua mansidão; desapegarmo-nos das coisas do mundo; lutarmos pela Sua justiça; preenchermo-nos da Sua sabedoria; nutrirmos o Seu amor, e termos a certeza, sempre, da presença do Pai em nossa vida, o que significa, absoluta entrega, para que, com Ele, possamos, também, ressuscitarmos, renascermos e santificarmo-nos. Isso sim é conversão, isso sim é recebermos a luz de Cristo e passarmos a ser, com Ele, a luz do mundo.

É um processo, queridos irmãos. Um processo de vida que se inicia com o nosso SIM e finaliza-se com o nosso encontro pessoal com o próprio Criador.

Aceitemos nossa missão – sejamos o sal da terra e a luz do mundo.


Milton Menezes
Enviado por Milton Menezes em 05/02/2011
Código do texto: T2773681
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