O CUSTO DO PERDÃO GATUÍTO DE DEUS
O texto a seguir redigi em resposta ao comentário da leitora Simone Simom Paz, que fez em alusão ao meu texto A INTELIGÊNCIA ESPÍRITA E A PROSPERIDADE NEO-PENTECOSTAL, que publiquei no Recanto das Letras em 10 de novembro de 2009.
Bom dia, minha querida. Fico muito feliz que comente meus textos com argumentos elegantes e inteligentes. Desejo, porém, considerar este assunto com você, haja vista que crês na doutrina espírita.
O perdão é de graça sim para o ser humano, para Deus é que custou bem caro, pois custou o sofrimento e morte de Seu Filho amado.
Antes da morte de Cristo o pecador arcava com sua própria vida, dando no lugar um cordeiro manso e inocente para pagar por seu pecado e esse animalzinho irracional apontava para o sacrifício de Cristo. Quando Este foi sacrificado, sendo Ele racional, mas também inocente, por ter cumprido toda a Lei, já não precisamos mais matar cordeirinhos, sendo que já não teríamos que morrer eternamente por nossos pecados, pois Cristo pagou esse custo. Portanto, este perdão é de graça, pois o custo quem pagava antes era o cordeirinho que apontava para o próprio Deus provendo Seu próprio sacrifício em nosso lugar.
Isto é amor.
Porque isto? Porque não podemos pagar o preço, pois a Bíblia diz obviamente que “O salário do pecado é a morte (eterna)” e a vida (eterna) é o dom gratuito de Deus”.
Ora, pecando desencadeamos e culminamos em nossa morte individual, a morte da natureza ao nosso redor, bem como a morte da espécie, para a qual o mundo caminha. Mas se não podemos voltar da morte, pois ela é a concequência mecânica do nosso mau procedimento, de nada adiantaria morrermos em pagamento pelos nossos pecados, pois os pagaríamos para adquirir de volta o direito a vida, mas não conseguimos voltar da morte se não aprendemos a não produzi-la. E nem mesmo Deus nos faria voltar da morte, pois ela era fruto de nossas ações e Deus não nos priva dos resultados, sejam eles bons ou maus, do que fazemos, pois isto não seria justo, pois justa é a liberdade.
Sendo assim, Jesus viveu a vida humana como nós, não produziu Sua morte por Sua desobediência a Lei do Pai, tampouco a morte da natureza e a da espécie, mas mesmo assim morreu em pagamento pelos pecados da humanidade. Sendo assim, pôde voltar da morte por não merecê-la (sendo que por obedecer a venceu), pois merecia a vida que preservou por Suas atitudes, por isso também poderá fazer voltar da morte (na ressurreição que se dará em Sua vinda) todo aquele que em vida se arrepender de seus pecados e valer-se do custo que o próprio Deus na pessoa de Seu Filho pagou na cruz por eles.
Na verdade, a intenção de Deus pagando por nossos pecados é reconciliar-nos com Ele pelo reconhecimento, arrependimento e abandono do pecado. Todavia, sem ter como pagar por nossas dívidas, nossa reação natural é ressentir-se mais e mais contra nosso Credor, evitando por isto cada dia mais Sua presença.
Ora, se o Credor nos perdoa a dívida que reconhecemos que temos, pois sabemos muito bem onde e quando nos endividamos e admitimos que pecamos, logo voltamos a nos aproximar dEle, mas procurando manter-nos sempre em dia com o crédito que nos dá. Aí é onde Jesus disse a mulher que lhE trouxeram para julgar por adultério: “Nem eu te condeno, vai e não peques mais”.
Pois bem. Nesse contexto de pecar (que conduz à morte individual e à eterna final), reconhecer que pecou, arrepender-se e ser perdoado, é imperativo o conhecimento de onde se errou. Como condenar-se a punição alguém que não tem consciência de quando, onde e em que errou? Somente pais sem coração e senso de justiça fariam assim.
E você acha justo estar no banco dos réus de um tribunal onde apenas o promotor de justiça sabe em que você errou, onde e quando você cometeu os delitos dos quais ele lhe acusa, mas você não se lembra de coisa nenhuma? Ora, você diria logo que ele está mentindo.
Sendo que erramos e nossos erros passaram a produzir nossa morte, mas temporariamente a evitávamos sacrificando cordeirinhos, não querendo que errássemos por falta de informação, Deus nos redigiu Sua Lei com Seu próprio dedo algum tempo depois e se de lá para cá tivéssemos usado essa Lei como guia os sofrimentos atualmente seriam muito menores.
Todavia, Deus intervirá no caos que hora produzimos e recomeçará este planeta com Seus filhos, os de espírito transformado e também os ressurretos e transformados, aqueles que tiverem aceitado de Deus de graça o pagamento do custo por seus pecados – o sacrifício de Jesus para o perdão dos pecados, aqueles pecados que eles reconheceram que eram pecados e dos quais se arrependeram, foram perdoados e abandonaram.
Portanto, a reencarnação não pode resolver o problema da culpa e tampouco do crescimento humano, pois se é possível reencarnar, o reencarnado precisa de um padrão de conduta perfeito pelo qual guiar seus atos para alcançar a perfeição e galgar a esfera superior e esse padrão é somente Jesus e Ele mesmo é que deu testemunho da Lei do Pai cumprindo-a a risca. Logo, o reencarnado que persegue a perfeição deve também cumpri-la e se não conseguir, na outra encarnação terá que cumpri-la, mas em qualquer uma dessas reencarnações ele não precisaria reencarnar, pois Jesus cumpriu a Lei de Seu Pai, mas mesmo assim morreu para que onde falharmos a falha pudesse ser perdoada se eu reconhecesse a falha, me arrependesse e pedisse perdão.
Portanto, se a reencarnação existe, é preciso então ensinar aos reencarnados a manterem-se sempre amigos de Jesus, procurando sempre copiá-lo e, copiando-O em tudo, pois Ele cumpriu e cumpre a Lei de Seu Pai, indo assim acertando sempre mais, até chegar perto da perfeição.
Todavia, como na vida no mundo atual é certo que nunca conseguiremos ser perfeitos, mas estaremos sempre aprimorando, sempre fazendo um pouquinho melhor, sempre precisamos a morte de Cristo na cruz para pagar o custo de nossos pecados. E Deus não espera mesmo perfeição como a dEle enquanto estivermos neste mundo corrompido, deseja que busquemos pela melhoria e perfeição tendo a Ele como parâmetro. E só tomamos gosto pela melhoria de nossa conduta quando somos influenciados por alguém que amamos e essa pessoa possui uma conduta mais elevada. Existem muitos amigos de boa conduta, mas nenhum tem a conduta tão elevada e incorruptível quanto a de Cristo.
Diante disso, torna-se óbvio que o caminho da reencarnação, se existisse, não poderia nos melhorar porque nosso guia seria sempre nosso próprio conceito de certo, que em regra, tem por certo só o que é bom para nós mesmos. Portanto, cumpre que vejamos na Lei de Êxodo 20 em que temos errado, aceitar que é errado e reconhecer que nisso erramos, arrependendo-nos por isso e pedindo perdão em nome de Jesus Cristo e não teremos que fazer nada para sermos perdoados. Todavia, para não termos que nos arrepender e pedir perdão novamente, cumpre que ”não pequemos mais”.
O reconhecer que se errou e o pedir perdão não são pagamento pelo perdão, tampouco o não mais pecar dali para á frente o é. Os dois primeiros atos são necessário simplesmente por que para haver o perdão é imperativo que haja desejo de ser perdoado e o desejo só haverá se a pessoa ver que errou, reconhecer que é errado e se arrepender. E quem quererá ser perdoado do erro que não cometeu? Você acha justo isso?
Portanto, como vou nascer um bebezinho e pessoas que eu jamais vi me dirão em que pequei, se nem tenho conhecimento de quem fui e tampouco do que fiz?
Que Deus tirano seria esse se assim procedesse?
Não, o Deus que requer arrependimento esclarece nitidamente em que erramos, pois Ele “amou o mundo de tal maneira que deu o Seu Filho Unigênito para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna”. – João 3: 16.
Portanto, somente Jesus é o caminho, a verdade e a vida. Ninguém vai ao Pai senão por Ele”. – João 14:6.
Muito obrigado por sua atenção e que Deus lhe proteja e realize todos os seus sonhos.
Wilson do Amaral
Autor de Os Meninos da Guerra, 2003, e Os Sonhos Não Conhecem Obstáculos, 2004.