Cremação e Transplantes
1) Que prejuízos pode trazer a cremação para o Espírito?
A cremação, nada tem de prejudicial ao Espírito, pois apenas o corpo é consumido pelo fogo, depois de observados todos os trâmites legais para o ato e o tempo de espera, que varia de 24 a 72 horas, em média.
Certamente alguns Espíritos ficam, mais "ligados" ao corpo que deixaram, muitas vezes acompanhando até mesmo o processo de sua decomposição. No entanto, o liame é apenas mental e não físico, de sorte que qualquer sensação que lhes advenha daí, só pode ser moral ou psíquica.
Assim, é fundamental a preparação para a morte. É necessário um esforço de auto-renovação, assim como a prática desinteressada do bem. Além disso, um certo arrebatamento psíquico e um decidido desapego antecipado dos laços materiais serão essenciais no momento da opção pela cremação, não deixando dúvidas quanto ao que se deve fazer do corpo após a morte.
2) O que significa a morte encefálica para a Ciência?
Do ponto de vista científico, é a morte encefálica que define o quadro de irreversibilidade de uma enfermidade, levando em pouco tempo à falência múltiplas dos órgãos do indivíduo. Nesse caso, não há qualquer esperança de retorno à vida. E a possibilidade de erro de diagnóstico é remotíssima, em face do progresso da Ciência Médica, que tem por meta aplicar todos os meios ao seu alcance para dilatar a vida.
No momento em que é dianosticada a morte encefálica, faz-se necessária a retirada dos órgãos passíveis de aproveitamento no processo de transplante, pois "no estágio atual da Ciência, a cessação irreversível de todas as funções vitais torna inviável o aproveitamento de órgãos para transplante, principalmente no que diz respeito a órgãos vitais", até porque é o encéfalo quem comanda as demais funções do organismo.
3) Como a Doutrina Espírita avalia a questão da doação e transplantes de órgãos?
A Doutrina Espírita define a causa da morte (LE, 68). E a morte, propriamente dita, bem definida por Kardec, "é apenas a destruição do corpo" (LE, 155a). Contudo, enquanto o corpo puder servir aos fins para os quais foi criado, é sempre louvável a doação e o transplante, até porque não acarreta nenhum dano ao perispírito do doador, que passa para o mundo espiritual íntegro. Aliás, só benefícios lhe traz o ato, mormente pela alegria e pela gratidão de receptor e de seus familiares, em relação ao prolongamento de sua vida. Trata-se de um ato de caridade: um gesto de amor ao próximo, acima de tudo.
A Ciência busca continuamente a melhoria da vida do homem na Terra. E os transplantes de órgãos são um exemplo disso. Assim é que nos cabe fazer a nossa parte no auxílio ao próximo, à luz do Evangelho de nosso Divino Mestre Jesus.