“Entendes tu o que lês?”
É interessante notarmos que a descida do Espírito Santo na festa do Pentecostes na cidade de Jerusalém, marcou uma nova etapa na vida dos discípulos de Jesus, como se lê no livro de Atos dos Apóstolos. Cheios de poder, saíram a proclamar o evangelho de Jesus em toda a Jerusalém. Esta operação do Espírito foi o cumprimento da predição de João Batista registrada em Lucas 3.16 e da promessa de Jesus (Lucas 24.49).
No entanto, a ordem dada era para que testificassem tanto em Jerusalém, como na Judéia e Samaria e alcançassem os confins da terra (Atos 1.8). Mas os messiânicos limitaram suas influências aos irmãos judeus. Uma súbita perseguição mudou o curso da história. Esse acontecimento não esfriou os ânimos dos seguidores de Jesus que passaram a anunciar sua mensagem em outras partes, alcançando as áreas demarcadas pelo Mestre.
A passagem de Filipe por Samaria, região habitada por uma população de origem mista, inaugurou uma nova campanha de pregações. A atuação do evangelista resultou na conversão de muitos samaritanos. Foram modificados conceitos religiosos conforme nos mostra o episódio com Cornélio registrado no livro de Atos 10.
Impelido pelo Espírito a seguir pelo caminho ao sul de Jerusalém, Filipe encontrou um homem, funcionário da corte etíope, lendo o livro de Isaías. Ao iniciar a conversa perguntou: Entendes tu o que lês? A resposta foi óbvia: “como poderei entender, se alguém me não ensinar?”
O texto do livro de Atos 8, nos desperta para três atitudes importantes nos dias atuais: Primeira, para a obediência a voz do Espírito de Deus que constantemente nos ordena a levantar e seguir. Em todo o Antigo Testamento observamos os profetas sendo convocados por Deus a falar ao povo de Israel. Segunda, para a urgência de se anunciar as Verdades bíblicas. Terceira, para a confirmação dos efeitos causados pelo poder, que a Palavra de Deus tem de mudar o curso das vidas.
Comprometidos com a Verdade
Observamos que os dois primeiros itens mencionados têm sido alvos das pregações modernas: obedecer e urgência. Temos consciência que a Palavra de Deus (AT e NT) precisa ser anunciada. Ela regenera, instrui e corrige o caminho do homem natural, convertendo-os em homem espiritual, pois “a fé é pelo ouvir e o ouvir pela Palavra de Deus” (Romanos 10.17).
E é exatamente o que podemos observar no texto de Atos, que, após receber o entendimento da mensagem exposta em Isaías e que seu cumprimento seria pela vinda de Jesus Cristo, o eunuco creu (decisão consciente) e confirmou o arrependimento através da imersão nas águas (At 8.36). Ritual inaugurado por João, o Imersor, que agora é conhecido como batismo em águas.
O que nos leva ao segundo passo desse artigo. Para que surjam os efeitos, deve haver primeiro um compromisso com a Verdade. Por quê? A urgência de se anunciá-la, o entusiasmo de alguns pregadores e muitas vezes, a carência espiritual do homem e seus problemas emocionais, vem distorcendo o verdadeiro sentido do termo conversão. Sem contar com a ajuda daquelas mensagens fantasiosas, que invadem os lares apelando para a emoção puramente humana, levando seus ouvintes a mudanças superficiais.
Como conseqüência disso, centenas de pessoas engrossam as filas de orações em cultos de libertação nas diversas reuniões que acontecem em várias igrejas, em virtude da falta de uma conversão genuína e do entendimento dos textos bíblicos.
A ineficácia está na Palavra? Não! Mas na ausência dela nos sermões diários que se ouvem.
Quando a palavra anunciada é bíblica, há mudanças e vidas são transformadas. Independentes das condições porque “onde abundou o pecado, sobrepuja a Graça de Deus “(Rm 5.20). Porque Deus é infinitamente maior dos que qualquer opinião ou sentimento de exclusão.
A declaração no livro de Atos 1.8 “e ser-me-eis testemunha, tanto em Jerusalém, como na Judéia e Samaria e até os confins da terra”, tornou-se uma visão global para a expansão do Cristianismo. Mas eu pergunto: Entendes tu o que lês? Ou a Bíblia continua sendo um “mistério” a ser revelado?