Espiritualidade e Fé III: Judaísmo - Sucot ou Festa dos Tabernáculos
Disse o Senhor a Moisés: Diz aos filhos de Israel: “Aos quinze dias deste mês sétimo, será a Festa dos Tabernáculos ao Eterno, vosso Deus, (...) quando tiverdes recolhido os produtos da terra, celebrareis a festa do Eterno por sete dias; ao primeiro dia, e também ao oitavo. Haverá descanso solene. No primeiro dia tomareis para vós outros frutos de árvores formosas, ramos de palmeiras, e salgueiros de ribeiras; e, por sete dias, vos alegrareis perante o Eterno, vosso Deus. Celebrareis esta como festa ao Eterno por sete dias cada ano; é estatuto perpétuo pelas vossas gerações; no mês sétimo a celebrareis. Sete dias habitareis em tendas de ramos; todos os naturais em Israel habitarão em tendas; para que saibam que eu fiz habitar os filhos de Israel em tendas, quando os tirei da terra do Egito: Eu sou o Senhor vosso Deus.” (Levítico 23.33-43)
Sucot, Festa dos Tabernáculos, Festa das Cabanas ou ainda Festa das Colheitas, é uma festa judaica que se inicia no dia 15 de Tishrei de acordo com o calendário judaico (corresponde ao período de 23 a 29/09 do corrente ano) e está narrada em Levíticos. Acontece cinco dias após a festa de Iom Kipur, com duração de sete dias.
O que realmente significa esta festa, que se trata de um período alegre, compensando o solene período de Rosh Hashaná e Yom Kipur:
. Sucot significa "Cabanas" e Hag Sucot "Festa dos Tabernáculos". Dentre as três grandes festas ordenadas por Deus, Sucot é a de maior significado profético.
. Também é conhecida como Festa das Colheitas visto que coincide com a estação das colheitas em Israel, no começo do Outono.
. É uma festa de ação de graças pela colheita dos últimos frutos do outono, antes das grandes chuvas do inverno (Lev. 23:39);
. É uma lembrança da libertação de Israel do cativeiro do Egito, e dos quarenta anos morando em tendas (sucot), acontecimento que não deveriam esquecer;
. Tabernáculos é uma festa de alegria, onde Deus ordena que seu povo festeje o resultado da colheita (Lev. 23:40).
A Festa dos Tabernáculos ou Sucot, reveste-se de um significado muito especial. Significa a habitação do Senhor no meio do homem. Na verdade, Deus habitou em nosso meio na pessoa de seu filho, Yeshua (Jesus).
Em João 1:14, podemos ler: "E o verbo se fez carne, e habitou entre nós", a palavra no original não é habitou, mas "tabernaculou" entre nós. Isto demonstra que Ele tabernaculou conosco.
O Nascimento de Yeshua
Temos visto os estudiosos afirmarem que Yeshua não nasceu no dia 25 de dezembro, mas durante a Festa dos Tabernáculos. Isto é óbvio, se pensarmos que no dia em que Yeshua nasceu "pastores... guardavam o seu rebanho durante as vigílias da noite" (Lc 2:8). Se fosse na noite de 24 ou 25 de dezembro, isto não seria possível, devido ao frio que faz naquela região nessa época. Neste caso, os rebanhos estariam bem guardados em seus apriscos fechados, e não ao ar livre, como Lucas relata. Pode-se provar que Yeshua nasceu em setembro ou outubro, estudando-se em profundidade a dada do nascimento de João Batista, 6 meses antes do seu nascimento (Lc 1:36), se considerarmos que Zacarias, pai de João, era do turno de Abias (Lc 1:5).
Verificando-se a época em que esse turno funcionava no tabernáculo, conclui-se que (I Cr 24:10), somando-se o tempo necessário para o nascimento de Yeshua caiu durante a Festa dos Tabernáculos.
Mais uma evidência: sabemos por Lucas, que Maria e José, os pais terrenos de Yeshua, deslocaram-se para Belém para atender ao censo de Herodes, que, embora ordenado pelos romanos, mantinha o costume local de fazê-lo na cidade do patriarca de cada família. José era de Belém. (Bem, se não fosse por essa razão prática, outra apareceria, porque era necessário que o Messias nascesse em Belém, para cumprimento das profecias). Por que este evento, ao qual se seguia a cobrança de impostos, se daria no meio do inverno e não após a colheita? A safra que antecede o inverno, a última do ano, é colhida no outono local e é seguida imediatamente pela Festa de Tabernáculos.
De fato, muitas pessoas não fazem a menor idéia do porquê da comemoração do nascimento de Yeshua em 25 de dezembro. No quarto século depois de Cristo, quando o cristianismo se tornou institucionalizado com Constantino, havia uma celebração de inverno chamada “Solstício de Inverno”. Nessa festa, os pagãos comemoravam a volta do sol. O cristianismo uniu o útil ao agradável e começou a celebrar o nascimento de Jesus. Contudo, nunca poderia ter nascido nesta data.
Além disto, a Festa dos Tabernáculos é uma Festa Profética. A sua mensagem nos fala da nossa herança, isto é, "da medida da plenitude da estatura de Yeshua", a que a Palavra de Deus nos promete que chegaremos em breve (Ef 4:11-16). Fala da glória de Deus a ser manifestada nesta "ultima casa" (Ag. 2:8). Fala não apenas do milagre da provisão de Deus no meio do deserto, mas de uma provisão superabundante na terra que é nossa herança, onde teremos não apenas as "primícias", "o penhor da nossa herança" (Rm 8:23; Ef 1:13,14), teremos a plenitude da herança, a posse de tudo o que o Senhor tem reservado para os seus filhos.
A Festa dos Tabernáculos não é apenas algo que é comemorado uma vez por ano, em setembro/outubro, relembrando o passado, mas significa, sobretudo, uma experiência de obediência e de fé . Neste mês de festas, os crentes se reúnem para estudar a Palavra, e adorar ao Senhor. Mas a Festa não termina depois desta Santa Convocação. Ela continua em seus corações, que anseiam pelo seu cumprimento, pela manifestação dos seus frutos, dia após dias.
Significado Histórico
A Festa dos Tabernáculos ou Festa das Colheitas era originalmente uma festa agrícola. Apesar disso Deus lhe atribui um significado histórico: a lembrança da peregrinação pelo deserto e o sustento pelo Senhor. A fragilidade das tendas que o povo construía era uma lembrança da fragilidade do povo quando peregrinava os 40 anos no deserto a caminho da Terra Prometida.
A palavra “tabernáculo” tem origina na palavra latina “tabernaculum” que significa “cabana, abrigo temporário”. No original hebraico a palavra equivalente é sucá, cujo plural é sucot.
A Festa dos Tabernáculos também é chamada no calendário judaico de Festa de Peregrinos, porque era exigido que todo homem judeu fizesse uma peregrinação até o Templo, em Jerusalém. Nestas ocasiões o povo trazia os primeiros frutos da colheita da estação ao Templo, onde uma parte era apresentada como oferta a Deus e o restante usado pelas famílias dos sacerdotes.
A sucá ensina o homem a confiar no Eterno
A sucá é definida como "uma morada temporária" que, durante os sete dias de Sucot, torna-se o lar do judeu. A sucá deve lembrar ao homem que deve confiar em Deus para sua proteção, e também que a vida nesta terra é apenas temporária.
Refletir sobre a sucá dá ao homem uma ampla visão do significado de fé em Deus e da extensão de Sua Divina Providência. Ele habita na sucá durante a Festa da Colheita depois de haver colhido o fruto dos campos.
Se alguém recebeu a bênção Divina e sua terra produziu com fartura, seu celeiro e sua adega estão repletos, alegria e confiança preenchem seu espírito - aí a Torá o leva a abandonar a casa e residir em uma frágil sucá, para ensina-lo que nem riquezas, nem posses, nem terras são proteções na vida; somente Deus é que sustenta, mesmo os que habitam em tendas e cabanas e oferece uma proteção de confiança.
E se alguém está empobrecido e seu trabalho não conheceu a bênção Divina; se a terra não deu o seu produto, se o fruto da árvore não foi armazenado em celeiros e se está incerto e temeroso ao encarar o perigo da fome nos dias de inverno que se aproximam, também encontrará repouso para seu espírito na sucá, onde lembrará como Deus hospedou seu povo em Sucot no deserto; o sustentou e o abasteceu, não lhe deixando faltar nada.
A sucá ensina que a Divina Providência é segurança melhor do que qualquer bem material, pois não abandona os que verdadeiramente creem em Deus. A sucá ensina a ser forte e corajoso, feliz e tranqüilo, mesmo na aflição e na dificuldade.
“As festas bíblicas são ordens sagradas do Senhor. Elas não são apenas judaicas; são, antes de mais nada, do Senhor, declaradas como estatuto eterno (Lv. 23:1-44).
“Para que saibam as vossas gerações que eu fiz habitar os filhos de Israel em tendas, quando os tirei da terra do Egito” (Lv 23.43).
Não sejamos indiferentes mais um ano. Na Fé, devemos preparar-nos para a grande colheita de nosso semear.
Hag Semeach Sukot!
Feliz Festa dos Tabernáculos!
Ana Flor do Lácio (23/09/2010)