A POESIA DA VIDA


A vida são tristezas e alegrias que nos fazem chorar e sorrir em nuances de momentos passageiros: a vida material não é eterna, e as nossas irreais vitalidades joviais e as nossas belezas esculturais em decomposição são indícios de que tão-somente a linguagem poética da existência tem a sua reconhecida validade histórica... Os poetas estão certos em registrar os seus momentos tristes e alegres em poemas, pois serão eternizados à sociedade humana... As mensagens poéticas dos grandes escritores humanizam a história da humanidade, à medida que os homens se identificam com as linguagens figuradas e metafóricas da poética... Os nossos sentimentos ficam mais esclarecidos e mais lapidados, no que tange ao fervoroso reconhecimento de nossas imperfeições, insinuando-se aos conceitos poéticos da existência... A vida é uma ingente pintura surrealista do Salvador Dali, com os seus desdobramentos, suas distorções e as suas poéticas deslumbrantes e ofuscantes... Depende de como a olhamos...
Sem poetizar a linguagem as artes ficam destituídas do teor artístico, e a vida das pessoas é poesia puríssima se incandescendo nos ritmos melódicos e dispersos na natureza íntima das coisas materiais e espirituais... Contratar artistas para embelezar as nossas festividades (ou para nos confraternizar com as nossas adversidades) é feliz manipulação edificante ao espírito jovial, que coabita em nossos corpos humanos em processo de decomposição: a poética melancólica nos adverte da precariedade da vida material, contracenando com as nossas desilusões cotidianas costumeiras e irremediáveis... Sendo a vida uma lubrificante e espantosa tragicomédia; podemos ser menos infelizes administrando as nossas vagas existências com os sabores perfumados e exuberantes das produções poéticas – os artistas (os grandes artistas) são os que mais sofrem de grandes males e de grandes paixões, e a poesia é sempre a eterna companheira das madrugadas insolentes...
A vida material é um poema inacabado que precisa de retoques através das reencarnações dos espíritos, pois a cada nova existência vamos aprimorando o fundo dos seus versos e a forma da sua estrutura molecular... Desde que estejamos totalmente depurados, estaremos aptos a viver como espírito por toda a Eternidade, nos mundos espirituais, munidos de relevantes obras poéticas reencarnatórias... O silêncio das estrelas nos fala das cintilações esmeradas das infinitas incandescências solares, onde os Espíritos Superiores se reúnem para confabular os desígnios de Deus... Mas a vida espiritual ainda é um grande tabu para muita gente que se julga importante, e é melhor mesmo que eu fique com a minha poética terrena subjugada aos caprichos humanos; ainda que eu tenha esta vil tendência de navegar pelas nebulosas, pelas galáxias e pelas Vias Lácteas dos Universos Infinitos... Solidões extraterrestres aportam nos espaços...
Tenham a consciência desperta à poética, que é uma linguagem conotativa universal, e nunca invadam os vossos subconscientes, com enlatados dos estrangeirismos; sem ter a devida paciência de analisar o teor das linguagens – se não houver boa poesia, dignificando a passagem rápida pela luzes codificadas e decodificadas do universo humano... Um sorriso lindo de uma incauta criancinha é a mais pura manifestação da poética universal, exercendo o poder supremo das verdejantes esperanças num futuro promissor, ainda que as nossas vidas se encontrem decepadas pelos desenganos – e os nossos espíritos estejam em devaneios... Haverá de surgir sempre, nos horizontes da poética universal, o brilho translúcido da poesia na vida humana, pois os humanos maus (que encorpam espíritos maus) podem tumultuar o equilíbrio da poética das coisas; mas o nosso Deus onipotente é o grande regente da poesia dos universos infinitos, e os seus versos são magníficos e sempre perfeitos em todas as suas perfeições...
Gostaria de dizer-lhes que a vida pode ser um mar de rosa, ainda que tenhamos que sofrer muitas dores, pois em todos os nossos momentos mais difíceis a poesia da vida nos embala carinhosamente, fluidificando o nosso corpo, a nossa mente e o nosso espírito... Como disse o grande poeta Fernando Pessoa: “tudo vale a pena se a alma não é pequena”... Portanto, é de se pensar e de se deduzir que a poética da vida é o conjunto de tristezas e de alegrias – que canta harmoniosamente os suspiros dos ventos... A vida deve ser vivida intensamente na pobreza e na riqueza, no amor e no desamor; pois os nossos filhos precisam de nós... E nós precisaremos de nossos filhos, antes do último adeus... Sejamos justos com a vida debulhando as nossas lágrimas prematuras às expectativas das emoções mais intensas, pois é mais perto do fim que a poética da vida anuncia à sua orquestra a taciturna sinfonia da morte que não existe...

FERNANDO PELLISOLI
Enviado por FERNANDO PELLISOLI em 24/09/2010
Código do texto: T2518616