A ALEGRIA E A TRISTEZA


As emoções humanas são constituídas de alegrias e tristezas: em todas as épocas da nossa humanidade, o Homem tem convivido com estes dois sentimentos opostos. E não é de se duvidar que as alegrias sejam mais procuradas do que as tristezas... Faz parte da normalidade das pessoas buscarem, em todos os momentos vividos, as alegrias sempre muito bem vindas por todos... Mas, em todos os tempos, o Homem encontra-se envolvido nas teias do sofrimento e, por conseguinte, não consegue desvencilhar-se das tristezas... Se as alegrias são relevantes ao desenvolvimento intelectual e moral dos indivíduos; as tristezas o são muito mais, pois se as alegrias são translúcidas e sociáveis; as tristezas são introspectivas, levando o Homem para dentro de si mesmo. E é neste conflito interno das tristezas, que as pessoas costumam repensar os seus conceitos, amadurecerem o espírito e aprimorar as suas condutas humanas...
Se tivéssemos nascido somente para vivenciar os momentos de alegria, não teríamos, em nossas vidas, os nossos períodos de tristeza... Quando estamos alegres é porque estamos nos sentindo felizes, e sendo felizes; acabamos por nos tornarmos egoístas, pensando tão-somente em nossos interesses particulares – e a solidariedade que é necessária para alcançarmos o Bem-Comum, fica quase sempre nos sonhos ideológicos... Ser alegre tem sido exatamente isto: esquecer do próximo é ser feliz! E quando vem a tristeza e a solidão, ficamos revoltados com tudo, até mesmo com o nosso criador... É importante que saibamos compreender a tristeza do mesmo modo que sempre compreendemos a alegria... A tristeza deve ser absorvida do mesmo modo que absorvemos a alegria... Temos que ir fundo na tristeza tanto quanto vamos fundo na alegria... E poderia até afirmar que a tristeza é muito mais relevante do que a alegria, no que tange à evolução dos seres humanos. Estamos na Terra para evoluirmos os nossos espíritos imperfeitos; sabidamente, é através do sofrimento que depuramos as nossas imperfeições: se precisamos sofrer para aperfeiçoar os nossos espíritos, é de se pensar que a tristeza deva ser muito mais relevante ao nosso crescimento espiritual do que a alegria... Portanto, meu irmão, aproveite os teus momentos de tristezas para refletir e rever os teus preconceitos sobre todas as coisas da vida material e da vida espiritual... Não é preciso que se amem mais a tristeza do que a alegria; mas é preciso que se tenha consciência da grande oportunidade que temos de crescer os nossos espíritos, quando estamos convivendo com os nossos momentos de tristezas... Se você é daqueles que acredita não ter nenhum espírito dentro do teu corpo material; evidentemente que somente os momentos alegres é que lhe interessam... Desacreditar na espiritualidade é uma demonstração da inferioridade dos seres humanos, ainda desprovidos da luz divina: e é justamente o sofrimento que os farão despertar à consciência cósmica...
Eu sou portador de Transtorno Bipolar (Distúrbio do Humor) e alegrias e tristezas, no meu caso, são muito mais acentuadas do que nas pessoas normais... As minhas alegrias são, na minha realidade, grandes euforias: contentamentos inimagináveis que me fazem ser muito criativo e muito dinâmico; podendo, às vezes, me levar a um surto psicótico... E as minhas tristezas, na minha realidade, são crises depressivas intensas e profundas... Tendo o privilégio de viver grandes euforias, sendo um artista criativo, tenho, também, o estigma de vivenciar ingentes sofrimentos, ou extremadas tristezas, que têm me feito crescer muito como ser humano (como artista) e como espírito...
Encontro-me numa posição confortável para afirmar que as tristezas são muito mais relevantes ao nosso crescimento espiritual... É fundamental perceber as mensagens espirituais que recebemos nos nossos momentos melancólicos; tendo a capacidade de digerir as tristezas em benefício do aperfeiçoamento dos nossos defeitos... Não devemos nos preocupar com as alegrias que não estamos vivendo; mas aprofundar os sentimentos de tristezas, pois é no âmago do Ser que estão as nossas respostas: temos que responder as nossas perguntas no interior da nossa esquecida essência... Sofrer pode ser desagradável; mas quando vencemos as etapas mais difíceis, percebemos que nos tornamos seres humanos mais elevados, mais espiritualizados – e é justamente o que Deus quer de nós...
Meu amigo, minha amiga, viva intensamente as vossas vidas; mas não se esqueçam de brindar aos momentos de tristezas... Eu penso que as pessoas que ainda são movidas por uma fé cega estejam sempre procurando o caminho das grandes alegrias, ainda que os seus sofrimentos sejam predominantes em suas vidas; Eu, que sou movido pela fé científica, não me deixo mais enganar pelas fantasias das alegrias momentâneas: estou sempre sintonizado com o ritmo da minha mediunidade – e tenho descoberto as minhas grandes revelações mediúnicas, psíquicas e espirituais nas minhas ingentes tragédias melancólicas... Concluo, portanto, que tenho sido muito feliz na minha infelicidade...








FERNANDO PELLISOLI
Enviado por FERNANDO PELLISOLI em 21/09/2010
Código do texto: T2511266