O MAL QUE PRA TI NÃO QUERES – Oitavo Mandamento aplicado
Eis o mais delicado dos oráculos. Lamento, filho, por tocar neste assunto. Não mereces, mas preciso deixar-te também esta mensagem. Poderás transmiti-la a teus amigos.
Existem muitos tipos de furto. Você por certo já foi vítima de algum roubo, o que afronta à soberania da pessoa que se sente impotente, desprotegida, desrespeitada e humilhada.
Pessoas roubam confiantes que não sofrerão conseqüências. Alguns encontram brechas na lei com que legitimam seus roubos. Outros cobram preços altos e juros abusivos, enquanto alguns outros subavaliam o que pessoas em aperto lhes oferecem. Isto é comum. Basta ver os salários de fome (esta forma descarada e criminosa de escravismo apoiada pelas autoridades). Isto sem falar na escravidão propriamente dita, que existe em muitos lugares. Outro exemplo é o mercado de usados de todos os tipos. Um carro bom, por exemplo, na mão de alguém em aperto não vale quase nada, mas na mão de um revendedor qualquer sucata vale ouro. Isto é abuso de poder econômico, falta de misericórdia.
Atos assim bem poderiam ser enquadrados em muitos artigos de lei. Extorsão, por exemplo, quando se tira vantagem da situação desfavorável do outro. Entretanto, explorar os mais fracos ou em condições desfavoráveis não é crime. Ao contrário, os poderosos, que determinam o que é e o que não é crime, chamam o abuso de poder econômico, a exploração do menos favorecido, a exploração do pobre, etc., de lei de oferta e procura. Entretanto, não é. Seria se as partes envolvidas nos negócios gozassem de oportunidades iguais.
Entrementes, existem muitos tipos de roubo. Pessoas desviam produtos e dinheiro nos cargos de confiança. Alguns tomam dos cófres públicos salários extorsivos. Pessoas encontram coisas que sabem que pertencem a outros, mas retêm para si, embora existam seções de achados e perdido. Tomar posse do que se sabe que é de outro é roubo. Roubam-se também a dignidade ao oprimir outra pessoa, desrespeitar sua soberania e liberdade; roubam-se a paz, a esperança e inúmeros valores morais com críticas, calúnias e tudo o mais.
No princípio a terra era para todos. Não tinha dono, pois não passei escritura para ninguém, tampouco cobrei alguma coisa por qualquer pedaço de chão. Uns, porém, resolveram vender por muito dinheiro as porções que tomaram posse. Daí surgiu o comércio da terra e veja a miséria que o mundo se encontra. Uns com muita terra (a maior parte sem utilidade) e outros sem ter onde pousar a planta do pé. Resulta que de um lado existem pessoas que não têm o que comer, enquanto do outro há indivíduos a viver enjaulados com medo daqueles.
Portanto, querido filho, “não furtarás”.
Inspirado em Êxodo 20:15.
Wilson do Amaral