Eclesiastes: a ira e o mal da carne

“Afasta, pois, a ira do teu coração, e remove da tua carne o mal, por que a adolescência e a juventude são vaidade” (EC 11:10)

Esse versículo do Livro do Pregador, ou Eclesiastes, nos traz instruções valiosas a cerca da nossa conduta e que podem e devem ser aplicados em nosso dia a dia. Para fazermos uma análise literal, usemos as palavras “adolescência” e “juventude” para falarmos especialmente desse público.

O adolescente e o jovem são naturalmente, na maioria das vezes, predispostos à ousadia. São destemidos, radicais, alguns não pensam muito antes de agir e nem na conseqüência dos seus atos. Tomemos como um exemplo a gravidez na adolescência, as brigas nas portas da escola, o uso de drogas, etc. Salientando, é claro, que há exceções.

Pois bem, peguemos então, a primeira parte da instrução contida nesse versículo: “Afaste, pois, a ira do teu coração”. O adolescente é como já foi dito, predisposto a atitudes mais impetuosas, o que é explicado, inclusive, pelas altas taxas de hormônios e por todas as mudanças corporais e psicológicas, os conflitos da construção da identidade.

Mas o adolescente, o jovem, sobretudo o que está no caminho de Jesus, deve procurar afastar esses ímpetos e acalmar seu espírito. Quantas vezes a ira nos faz perder a cabeça e cometer desatinos, a magoar nosso próximo? Quantas vezes perdemos a cabeça e fazemos coisas que, depois, nem nós mesmos sabemos o motivo pelo qual agimos assim e, depois, ficamos prostrados como Josué, após perder a batalha contra o povo de Ai? E ficamos deprimidos, e nos sentimos culpados, e depois vamos pedir desculpa a quem magoamos, e nos sentimos a última pessoa do universo... Tudo por causa da ira. E o engraçado é o seguinte: aqueles que têm propensão a se irar, são aqueles que mais passam por situações que fazem com que eles tenham a oportunidade de perder o controle. Coincidência? Não, tentação mesmo, e eu explico. É muito mais cômodo estourarmos, chutarmos o pau da barraca, perdermos a paciência, por que ter auto controle, respirar fundo, sermos mansos e pacíficos dá trabalho, exige esforço e, além de tudo, significa engolir certos sapos. E no mundo de hoje, principalmente no mundo dos jovens, engolir sapo é sinônimo de ser idiota. Para você ser macho, não se pode levar desaforo para casa. E é desse pensamento, dessa filosofia, que muitas vezes saem os crimes. Cabe, então, fazermos uma reflexão: não é melhor afastar do nosso coração a ira, como manda a palavra de Deus, perdoar, e levar o desaforo para casa, sob as bênçãos de Deus por seguir os seus estatutos, ou compensa mais nos irarmos perante as situações e voltarmos para casa tendo decepcionado a Deus e com o nosso espírito perturbado?

Passemos, então, à segunda máxima: “remove da tua carne o mal”. Esse dito por si só encerra uma série de significamos que podemos abranger, afinal, são vários os males aos quais podemos submeter a nossa carne. Vários desses, sendo praticados pelos adolescentes e jovens em geral.

Por exemplo: quantos dos nossos jovens fumam? Quantos dos nossos jovens bebem muitos deles dentro de casa? Quantos dos nossos jovens se drogam? Quantos dos nossos jovens fazem uso do sexo descomprometido? Quantos dos nossos jovens se envolvem em briga, como já citamos a falar da ira, e machucam a própria carne e a carne do outro? Esses exemplos todos não são males infligidos à carne? Nós somos templos de Deus, e o espírito de Deus habita em nós. Não seria melhor que nós déssemos ao espírito do nosso Pai uma morada mais bem cuidada? Mais excelente? Mais pura?

Como podemos, em sã consciência, pedir a Deus algo melhor e maior, se não conseguimos cuidar com zelo da nossa própria carne? Como podemos pedir a Deus um lar abençoado, se não cuidamos da morada Dele, que ele nos emprestou e que um dia teremos de prestar contas de seu uso?

Pensemos nisso, tanto à juventude a que se refere Eclesiastes, quantos todos os outros, por que com toda a sua misericórdia e bondade, o mínimo que Deus merece é um tempo agradável à Seus olhos.