LITURGIA DA PALAVRA (Missa do dia 28 Março 2010 domingo de Ramos
LEITURAS QUE SERÃO PROFERIDAS NO MUNDO TODO NAS CELEBRAÇÕES DAS SANTAS MISSAS NO PRÓXIMO DIA 28/03/2010
FONTE: www.arquidiocesedesaopaulo.org.br
DOMINGO DE RAMOS
Irmãos e irmãs, com ramos verdes nas mãos, iniciemos a liturgia deste Domingo, fazendo memória da entrada triunfal de Jesus em Jerusalém. Desta forma, aclamemos o Cristo como Rei e Salvador e acolhamos o seu Reino de fraternidade, onde a partilha tem um lugar central. Na Missa de hoje isso é ressaltado com o gesto concreto da coleta em favor da Campanha da Fraternidade. Preparemo-nos para celebrar o Tríduo Pascal, que é o “coração” da Semana Santa. Seu início se dá na Missa Vespertina da Ceia do Senhor, na Quinta-feira Santa, e seu encerramento, no Domingo da Ressurreição. Vivamos cada celebração litúrgica desta semana com todo o nosso coração, a fim exultarmos na festa da ressurreição.
***
Jesus é o servo sofredor que triunfou na cruz. Ouçamos com atenção:
PRIMEIRA LEITURA (Is 50, 4-7)
Leitura do Livro do Profeta Isaías.
4 O Senhor Deus deu-me língua adestrada, para que eu saiba dizer
palavras de conforto à pessoa abatida; ele me desperta cada
manhã e me excita o ouvido, para prestar atenção como um
discípulo.
5 O Senhor abriu-me os ouvidos; não lhe resisti nem voltei atrás.
6 Ofereci as costas para me baterem e as faces para me
arrancarem a barba; não desviei o rosto de bofetões e
cusparadas.
7 Mas o Senhor Deus é meu auxiliador, por isso não me deixei
abater o ânimo, conservei o rosto impassível como pedra,
porque sei que não sairei humilhado.
- Palavra do Senhor.
T. Graças a Deus.
SEGUNDA LEITURA (Fl 2, 6-11)
Leitura da Carta de São Paulo aos Filipenses
6 Jesus Cristo, existindo em condição divina, não fez do ser
igual a Deus uma usurpação, (7) mas ele esvaziou-se a si mesmo,
assumindo a condição de escravo e tornando-se igual aos
homens. Encontrado com aspecto humano, (8) humilhou-se a si
mesmo, fazendo-se obediente até a morte, e morte de cruz.
9 Por isso, Deus o exaltou acima de tudo e lhe deu o Nome que
está acima de todo nome.
10 Assim, ao nome de Jesus, todo joelho se dobre no céu,
na terra e abaixo da terra, (11 e toda língua proclame:
“Jesus Cristo é o Senhor”, para a glória de Deus Pai.
- Palavra do Senhor.
T. Graças a Deus.
ACLAMAÇÃO AO ANÚNCIO DA PAIXÃO (CD XIII Fx 17)
Salve, ó Cristo obediente! * Salve, amor onipotente, * que se entregou à cruz * e nos recebeu na luz!
1. O Cristo obedeceu até a morte, * humilhou-se e obedeceu o bom Jesus, * humilhou-se e obedeceu, sereno e forte, * humilhou-se e obedeceu até a cruz.
2. Por isso o Pai do céu o exaltou, * exaltou-o e lhe deu um grande nome, * exaltou-o e lhe deu poder e glória, * diante dele céus e terra se ajoelhem!
PAIXÃO de nosso senhor jesus crito segundo lucas
(Lc 23, 1-49) – mais breve
NARRADOR: Paixão de nosso Senhor Jesus Cristo segundo Lucas – Naquele tempo,
1 toda a multidão se levantou e levou Jesus a Pilatos.
2 Começaram então a acusá-lo, dizendo:
TODOS:
Achamos este homem fazendo subversão entre o nosso povo, proibindo pagar impostos a César e afirmando ser ele mesmo Cristo, o rei.
NARRADOR: 3 Pilatos o interrogou:
LEITOR 1: Tu és o rei dos judeus?
NARRADOR: Jesus respondeu, declarando:
PRESIDENTE: Tu o dizes!
NARRADOR: 4 Então Pilatos disse aos sumos sacerdotes e à multidão:
LEITOR 1: Não encontro neste homem nenhum crime.
NARRADOR: 5 Eles, porém, insistiam:
TODOS: Ele agita o povo, ensinando por toda a Judéia, desde a
Galiléia, onde começou, até aqui.
NARRADOR: 6 Quando ouviu isto, Pilatos perguntou:
LEITOR1: Este homem é galileu?
NARRADOR: 7 Ao saber que Jesus estava sob a autoridade de
Herodes, Pilatos enviou-o a este, pois também Herodes
estava em Jerusalém naqueles dias. (8) Herodes ficou
muito contente ao ver Jesus, pois havia muito tempo
desejava vê-lo. Já ouvira falar a seu respeito e esperava
vê-lo fazer algum milagre. (9) Ele interrogou-o com muitas
perguntas. Jesus, porém, nada lhe
respondeu.
10 Os sumos sacerdotes e os mestres da Lei estavam
presentes e o acusavam com insistência.
11 Herodes, com seus soldados, tratou Jesus com
desprezo, zombou dele, vestiu-o com uma roupa vistosa e
mandou-o de volta a Pilatos.
12 Naquele dia Herodes e Pilatos ficaram amigos um do
outro, pois antes eram inimigos
13 Então. Pilatos convocou os sumos sacerdotes, os chefes
e o povo, e lhes disse:
LEITOR 1: 14 Vós me trouxestes este homem como se fosse um
agitador do povo. Pois bem! Já o interroguei diante de vós e
não encontrei nele nenhum dos crimes de que o acusais;
15 nem Herodes, pois o mandou de volta para nós. Como
podeis ver, ele nada fez para merecer a morte.
16 Portanto, vou castigá-lo e o soltarei.
NARRADOR: 18 Toda a multidão começou a gritar:
TODOS: Fora com ele! Solta-nos Barrabás!
NARRADOR: 19 Barrabás tinha sido preso por causa de uma revolta
na cidade e por homicídio.
20 Pilatos falou outra vez à multidão, pois queria libertar
Jesus.
21 Mas eles gritavam:
TODOS: Crucifica-o! Crucifica-o!
NARRADOR: 22 E Pilatos falou pela terceira vez:
LEITOR1: Que mal fez este homem? Não encontrei nele nenhum crime
que mereça a morte. Portanto, vou castigá-lo e o soltarei. NARRADOR: 23 Eles, porém, continuaram a gritar com toda a força,
pedindo que fosse crucificado. E a gritaria deles aumentava
sempre mais.
24 Então Pilatos decidiu que fosse feito o que eles pediam.
25 Soltou o homem que eles queriam - aquele que fora preso
por revolta e homicídio - e entregou Jesus à vontade deles.
26 Enquanto levavam Jesus, pegaram um certo Simão, de
Cirene, que voltava do campo, e impuseram-lhe a cruz para
carregá-la atrás de Jesus.
27 Seguia-o uma grande multidão do povo e de mulheres que
batiam no peito e choravam por ele.
28 Jesus, porém, voltou-se e disse:
PRESIDENTE: Filhas de Jerusalém, não choreis por mim! Chorai
por vós mesmas e por vossos filhos!
29 Porque dias virão em que se dirá: “Felizes as mulheres
que nunca tiveram filhos, os ventres que nunca deram à
luz e os seios que nunca amamentaram”.
30 Então começarão a pedir às montanhas: “Caí sobre
nós!” e às colinas: “Escondei-nos!”
31 Porque, se fazem assim com a árvore verde, o que não
farão com a árvore seca?
NARRADOR: 32 Levavam também outros dois malfeitores para serem
mortos junto com Jesus.
33 Quando chegaram ao lugar chamado “Calvário”, ali
crucificaram Jesus e os malfeitores: um à sua direita e
outro à sua esquerda.
34 Jesus dizia:
PRESIDENTE: Pai, perdoa-lhes! Eles não sabem o que fazem!
NARRADOR: Depois fizeram um sorteio, repartindo entre si as roupas
de Jesus.
35 O povo permanecia lá, olhando. E até os chefes
zombavam, dizendo:
TODOS: A outros ele salvou. Salve-se a si mesmo, se, de fato, é o
Cristo de Deus, o escolhido!
NARRADOR: 36 Os soldados também caçoavam dele; aproximavam-se,
ofereciam-lhe vinagre,
37 e diziam:
TODOS: Se és o rei dos judeus, salva-te a ti mesmo!
NARRADOR: 38 Acima dele havia um letreiro: “Este é o rei dos
judeus”.
NARRADOR: 39 Um dos malfeitores crucificados o insultava, dizendo:
LEITOR 2: Tu não és o Cristo? Salva-te a ti mesmo e a nós!
NARRADOR: 40 Mas o outro o repreendeu, dizendo:
LEITOR 2: Nem sequer temes a Deus, tu que sofres a mesma
condenação?
41 Para nós, é justo, porque estamos recebendo o que
merecemos; mas ele não fez nada de mal.
NARRADOR: 42 E acrescentou:
LEITOR 2: Jesus, lembra-te de mim, quando entrares no teu reinado.
NARRADOR: 43 Jesus lhe respondeu:
PRESIDENTE: Em verdade eu te digo: ainda hoje estarás comigo no
Paraíso.
NARRADOR: 44 Já era mais ou menos meio-dia e uma escuridão cobriu
toda a terra até às três horas da tarde,
45 pois o sol parou de brilhar. A cortina do santuário
rasgou-se pelo meio, 46 e Jesus deu um forte grito:
PRESIDENTE: Pai, em tuas mãos entrego o meu espírito.
NARRADOR: Dizendo isso, expirou.
(Todos se ajoelham por um instante).
NARRADOR: 47 O oficial do exército romano viu o que acontecera e
glorificou a Deus dizendo:
LEITOR 2: De fato! Este homem era justo!
NARRADOR: 48 E as multidões, que tinham acorrido para assistir, viram
o que havia acontecido, e voltaram para casa, batendo no
peito.
49 Todos os conhecidos de Jesus, bem como as mulheres
que o acompanhavam desde a Galiléia, ficaram à distância,
olhando essas coisas.
– Palavra da Salvação.
T. Glória a vós, Senhor.
COMENTÁRIO
Hoje iniciamos a Semana Santa. Na liturgia do Domingo de Ramos temos dois Evangelhos. Optamos por comentar o primeiro, o da bênção dos ramos, onde vemos que uma grande multidão se apresenta vibrante e empunhando ramos de oliveira. Gritam hosanas e aclamam Jesus: “Bendito o Rei, que vem em nome do Senhor! Paz no céu e glória nas alturas!”
Jesus é um Rei manso, humilde e pacífico, ao contrário dos outros reis que andavam em carros de guerra ou montados em cavalos. Mas ao mesmo tempo ele é forte e firme. Faz justiça devolvendo vida ao povo. E o povo o reconhece como seu Rei, seu Salvador. Por isso, estende seus mantos à sua passagem.:
Enquanto o povo gritava “Hosana!” - “Viva! Salva-nos!” os poderosos ficaram preocupados e agitados. A presença de Jesus é sempre uma ameaça para aqueles que vivem às custas do suor do povo. A simples presença de Jesus traz liberdade. Onde Jesus está presente, a opressão está ausente.
As atividades libertadoras realizadas por aquele chamado de: o Profeta Jesus de Nazaré da Galiléia, desafiam o poder opressor. A vinda do Rei-pobre exige opção, exige uma definição; ou o recusamos ou o aceitamos, não existe meio termo. Esse é o grande desafio. Ficar com o verdadeiro ou com o falso, ficar com o antigo ou aceitar a Nova Aliança.
Jesus, ao mesmo tempo, é como um sapato confortável e também como aquela pedrinha incômoda que aparece não sabemos de onde. Para estar com ele é preciso abrir mão do poder e assumir o serviço. Não é fácil aceitar e cumprir a proposta do Salvador.
É dificílima essa decisão, por isso até hoje essa dúvida nos incomoda. Todos aguardavam um rei vingador, e com um enorme número de soldados para exterminar os inimigos do povo. Mas, a decepção é geral, esse Rei se apresenta exigente, sem armas e com propostas de mudanças.
Mudanças radicais que se trouxermos para os dias de hoje significam abrir mão dos grandes lucros e pensar com mais seriedade nos desempregados, nos aposentados, nos idosos e menores abandonados. O Rei exige preocupação com os enfermos e com os preços abusivos dos remédios.
Todas essas mudanças exigem muito de cada um de nós. Exigem desprendimento e renúncia; exigem humildade, solidariedade e amor ao próximo. Aderir ao Cristo significa mudar.
Quem não muda e não assume o compromisso batismal, é como aquele que estende o seu manto e grita “Hosana! Hosana!” e que, em menos de uma semana depois, lá está, no meio da multidão e gritando: “Crucifica-o! Crucifica-o!”
Os fariseus queriam que os discípulos de Jesus se calassem, pois aquela manifestação atrapalhava seus projetos. Jesus pregava justiça e fraternidade, pregava amor e partilha e isso fazia dele um inimigo mortal. Jesus era uma ameaça para os que viviam às custas dos pobres e oprimidos.
Quase nada mudou de lá para cá, a opressão, a injustiça e a exclusão continuam presentes, e querem tapar nossas bocas. Por isso, não se cale! O mundo precisa conhecer a liberdade que só o Verdadeiro Rei pode trazer. Coragem, grite forte! Não permita que o nome de Jesus seja abafado! Essa verdade precisa ser divulgada. Lembre-se de que se nos calarmos, as pedras gritarão!
jorgelorente@ig.com.br – 28/março/2010
* * *
ENTREVISTA COM SIMÃO CIRENEU. Aquele que ajudou Jesus a carregar a cruz.
AUTOR: Vicente Abreu. (Revista Brasil Cristão)
ADAPTAÇÃO: Antônio Oliveira. (folhetim2007@gmail.com)
SE ALGUMA PARÓQUIA OU COMUNIDADE QUISEREM USAR ESTE TEXTO PARA ILUSTRAR A SEMANA SANTA, PODERÃO FAZÊ-LO.
SUGIRO A TODOS (AS) QUE TOMAREM CONHECIMENTO DESTE TRABALHO QUE INDIQUEM PARA SEUS CONTATOS.
CENÁRIO
Uma sala humilde, contendo uma mesa rústica forrada com uma toalha de renda branca.
Sobre a mesa, uma Bíblia aberta, uma moringa com água e alguma canecas.
Encostada à uma parede, um banco de madeira.
No canto da sala, uma talha de barro, tendo no seu interior alguns ramos de trigo.
CENA 1 :- João evangelista trajando roupas da época, sentado à
mesa, escrevendo em um pergaminho com uma pena de ave.
CENA 2 :- Alguém batendo à porta. João levanta-se para atender. É
um repórter querendo falar com a Virgem Maria. O mesmo é
informado que ela está orando. Ele se propõe esperar.
CENA 3 :- Uma Segunda pessoa batendo à porta. João levanta-se
para atender. Manda que essa pessoa entre, informa que
Maria está orando e que já existe uma pessoa para falar com
ela.
A Segunda pessoa também se propõe esperar sentando-se no
banco ao lado do repórter.
O repórter procura estabelecer um diálogo com o segundo
visitante, apresentando-se e se identificando.
REPÓRTER:- Estendendo a mão para o visitante diz: Muito prazer,
sou repórter e estou aqui com a missão de entrevistar
a Mãe de Jesus, a Virgem Maria. O senhor também é
repórter?
VISITANTE:- Não senhor. Eu sou apenas amigo da família.
REPÓRTER:- Como lhe falei, minha missão aqui na cidade é
entrevistar as pessoas que conviveram com Jesus.
Hoje pretendo entrevistar a Virgem Maria. Por ser a
nossa conversa um pouco demorada; o senhor querendo
poderá conversar com ela antes da entrevista.
VISITANTE:- Não, não! O senhor poderá entrevistá-la, depois eu
conversarei com ela. Gostaria de presenciar esta entre-
vista, até porque, eu também convivi com o Mestre.
REPÓRTER:- O senhor! Como se chama?
VISITANTE:- O meu nome é Simão
REPÓRTER:- Simão?
VISITANTE:- Sim, Simão de Cirene
REPÓRTER:- Então foi o senhor que ajudou Cristo a carregar a Cruz no
Caminho do Calvário? O senhor é o cireneu?
VISITANTE:- Sim senhor, sou eu mesmo
REPÓRTER:- Enquanto a Virgem Maria não vem, o senhor poderia me
responder algumas perguntas?
SIMÃO:- Claro que sim. Fique à vontade.
REPÓRTER:- O senhor tem uma maneira bonita de falar. De onde vem
esse sotaque?
SIMÃO:- Bem, como eu já lhe disse, sou judeu de Cirene; uma cidade
grega que hoje é província romana e que fica na costa da
África. Acho que é por toda essa mistura que meu
sotaque é meio indefinido. Por ser cidadão romano, a mim
são conferidos alguns direitos especiais dentro do
império.
Mas não me vanglorio por isso. Considero-me igual a todos.
REPÓRTER:- Gostei da sua sinceridade. Posso tratá-lo de você?
SIMÃO:- Claro que sim. Fique à vontade.
REPÓRTER:- Você não mora mais em Cirene?
SIMÃO:- Não. Há dois anos que eu vim para Jerusalém. Aqui herdei
algumas terras de minha família, formei uma boa
plantação
de olivas; adquiri uma prensa e estou produzindo azeite.
Como não tinha ninguém para administrar o negócio,
resolvi mudar para cá. Foi a melhor coisa que fiz durante
toda a minha vida.
REPÓRTER:- Entendo. Foi a melhor coisa porque seus negócios
prosperaram!
SIMÃO:- Não, não foi por isso, foi melhor que isso. Foi aqui que eu
conheci Jesus. Foi aqui que me encontrei com a verdadeira
paz.
REPÓRTER:- Que maravilha ouvilo-lo falar assim! Como foi o seu
encontro com Jesus.
SIMÃO:- Foi maravilhoso, apesar de ter começado da pior maneira
possível. Parecia que eu estava no lugar errado, na hora
errada. Veja bem: eu estava voltando do campo, das
terras que herdei da minha família. Cheguei a Jerusalém
antes do meio dia, meus filhos estavam comigo. - Ah!
Deixe-me apresentá-los: este é o Alexandre com 10 anos
e este outro é Rufo que tem 8 anos - como eu dizia,
faltavam algumas horas para o Sábado de Páscoa.
Resolvemos dar umas voltas pela cidade, até porque tinha
por ali um movimento meio estranho. Passamos pela
Fortaleza que fica colado ao Templo e soubemos que o
Rabi tinha sido condenado a morte.
REPÓRTER:- Você já conhecia Jesus?
SIMÃO:- Só de ouvir falar. Nunca O tinha visto pessoalmente.
Confesso que fiquei curioso e queria saber porque O
condenaram. Até então só tinha ouvido falar coisas boas a
Seu respeito. Eu tinha ouvido inclusive, que Ele
ressuscitara Lázaro que havia morrido há quatro dias em
Betânia e que entrara na cidade montado em um
jumento. Eu sabia que alguns chefes do povo não O
aprovavam, mas daí ao fato de Ele ter sido cruelmente
condenado a morte, sinceramente falando foi uma
surpresa para mim.
REPÓRTER:- O que aconteceu em seguida?
SIMÃO:- Aconteceu que, movido pela curiosidade aproximei-me da
saída da Fortaleza e fiquei num lugar estratégico para vê-
lo passar. O tumulto era grande. Mulheres choravam,
homens gritavam palavras contra Ele e eu não entendia a
razão daquele alvoroço todo. Então Jesus veio carregando
a Cruz, passou perto de mim, eu O vi todo
ensangüentado, seu corpo
estava todo em carne viva. Tinha sido esfolado pelos
golpes dos flagrus (flagrus eram pequenos chicotes com
três tiras de couro e ossos de carneiro nas pontas,
utilizados pelos romanos para esfolar a pele dos
condenados). Não sei como Jesus conseguiu carregar
aquela Cruz até ali.
REPÓRTER: Você falou que se colocou em um ponto estratégico para
ver Jesus passar. Você conseguiu vê-Lo de perto?
SIMÃO:- Sem dúvida. Como já lhe disse anteriormente, Ele passou
por mim, caminhou mais ou menos uns cem metros, eu O
seguia juntamente com meus filhos. De repente, porém,
Ele caiu sob o peso da Cruz. Os soldados O chicotearam.
Ele não tinha mais forças para prosseguir. Então não sei
porque o centurião que comandava o cortejo olhou para
mim e, sem perguntar, mandou-me levar a Cruz.
REPÓRTER:- Qual foi a sua reação?
SIMÃO:- Sinceramente falando, a vontade que eu tinha era sair
correndo dali. A Páscoa já estava para começar. Se eu
tocasse no sangue de quem quer que seja, ficaria impuro
para celebrar a Páscoa. Imagine! Eu tocar no sangue de
um condenado! E aquela Cruz estava toda manchada de
sangue.
REPóRTER:- E o que você fez?
SIMÃO:- Eu me neguei, disse a ele que não dava, que já estava de
saída, que não podia. Porém, ele rudemente colocou a
espada na minha garganta. Não tive outra saída a não ser
obedecer-lhe.
REPÓRTER:- Por que você não alegou ser cidadão romano?
SIMÃO:- Pois é, na hora nem me ocorreu! Se eu tivesse dito,
certamente o centurião procuraria outro, mas graças a
Deus não me lembrei.
REPÓRTER:- A partir daí, qual foi o seu procedimento?
SIMÃO:- Acompanhado pelo centurião, fui até Jesus. Quando
chegamos, notei que Maria, Sua Mãe, acabara de falar
alguma coisa em Seu ouvido. Ele ganhou forças e levantou
a Cruz, foi uma surpresa para todos. Ninguém, naquelas
condições, teria forças e nem vontade para levantar
aquela Cruz tão pesada. Mas Ele teve. Mesmo assim, o
centurião mandou que eu a carregasse. Entrei debaixo
dela, pois Jesus já a tinha levantada, toquei em todo
aquele sangue, fiquei impuro e comecei a carregá-la.
Jesus não queria deixar a Cruz, mas o centurião O obrigou
a caminhar na minha frente.
REPÓRTER:- Esse momento deve ter sido marcante em sua vida
SIMÃO:- É claro que sim, jamais esquecerei esse momento. Veja
bem: o povo zombava, as mulheres choravam, os homens
cuspiam em mim pensando que eu também era um
condenado, até porque, logo atrás vinham outros dois que
também seriam condenados à morte.
REPÓRTER:- Qual foi a reação de Jesus?
SIMÃO:- Ele sofria muito por não poder carregar a sua Cruz (nesse
momento Simão se emociona) Ele olhava para trás com um
olhar de quem dizia "deixe-me leva-la".
Mas o centurião não permitia, Jesus estava muito
machucado.
REPÓRTER:- Responda-me Simão: A Cruz era muito pesada?
SIMÃO:- Sem dúvida, pesava mais ou menos uns 50 quilos e
estava amarrada aos dois bandidos que vinham atrás.
REPÓRTER:- Qual era o procedimento dos bandidos que vinham atrás?
SIMÃO:- Um deles xingava e maldizia o tempo todo, enquanto que o
outro permanecia calado.
REPÓRTER:- E você, como estava se comportando?
SIMÃO:- Eu também maldizia por estar carregando aquela Cruz. Por
estar passando por aquela vergonha diante de meus
filhos, por ter ficado impuro e ter estragado a minha
Páscoa.
Sinceramente, eu não entendia porque Jesus fazia
questão de carregar aquela Cruz, mesmo sem forças.
REPÓRTER:- Foi longo o percurso que você carregou a Cruz?
SIMÃO:- Eu carreguei a Cruz por uns trezentos metros mais ou
menos; foi quando Jesus caiu novamente. Nesse momento
presenciei uma coisa terrível. Alguns homens e vários
moleques aproximaram-se dEle e começaram a chutá-Lo.
Revoltei-me e comecei a gritar com aqueles vândalos, mas
eles não me ouviam. Então pedi ao centurião que fizesse
alguma coisa.
REPÓRTER:- O que fez o centurião?
SIMÃO:- Ele espantou aquele bando de delinqüentes. Mas, Jesus
continuou no chão certamente com muita dor. Nesse
momento aproximou-se uma mulher com uma toalha na
mão e enxugou-Lhe o rosto. Ele agradeceu. Depois ela
lhe deu água e com isso um pouco das suas forças foram
recuperadas.
REPÓRTER:- Como você percebeu isso?
SIMÃO:- É que Ele, mesmo com dificuldade levantou-se, e decidido
entrou debaixo da Cruz com a intenção de me ajudar a
levá-la. Olha, meu amigo, eu fiquei impressionado; os
soldados também ficaram pasmos ao ver que depois de
tudo o que Ele vinha sofrendo, não fugiu da Cruz,
carregando-a com muito amor até o último momento.
REPÓRTER:- Imagino como você estava se sentindo nesse momento.
SIMÃO:- Pode crer, meu amigo, a partir desse momento parei de
maldizer e murmurar contra Deus por estar naquela
situação e comecei a respeitá-Lo.
REPÓRTER:- Quer dizer que você mudou o seu conceito com relação a
Jesus?
SIMÃO:- Totalmente. Até aquele momento para mim Jesus era um
homem comum; de valor é claro, um rabi que estava
sendo condenado injustamente. Mas depois que nossos
braços se cruzaram sobre aquela Cruz percebi que Ele
queria ajudar-me a carregar a mesma Cruz que eu
carregava em seu lugar. Caminhamos juntos sob aquela
Cruz. Foi ai que percebi a Sua pureza de coração, o
amor que Ele sentia pelo próximo.
Como podia um homem naquela situação, querer ajudar
alguém?
REPÓRTER:- Qual foi o percurso que vocês caminharam juntos
carregando a Cruz?
SIMÃO:- Caminhamos juntos sob aquela Cruz mais ou menos uns
quatrocentos metros pelas ruas de Jerusalém, entre 0
vielas e escadarias apinhadas de gente gritando,
zombando, cuspindo. Jesus, porém, continuou sem
desanimar. Certamente estava sentindo muita dor, mas
não desistiu por nenhum momento sequer de amar a sua
Cruz. Veja só que impressionante, quando eu me
cansava Ele sustentava o peso sozinho.
Nessa caminhada, algo dentro de mim foi se
transformando.
Além de respeito passei a ter admiração por aquEle
homem que amava a sua Cruz e não fugia da morte.
REPÓRTER:- Você estava ao lado de Jesus durante toda a sua
caminhada, portanto, ouvia tudo o que Ele falava. Podia
nos contar?
SIMÃO:- Muitas vezes Jesus proferia palavras de perdão àqueles
que cuspiam em seu rosto, que zombavam ou que O
ofendiam de alguma maneira. De repente comecei a
perceber que o que eu estava presenciando não era
simplesmente um condenado levando a Cruz, mas
alguém que amava profundamente as
pessoas, independentemente do que faziam. Eu me
perguntava: "Meu Deus! O que está acontecendo?"
Como resposta eu só ouvia Jesus dizendo:
"Pai, perdoa-lhes, eles não sabem o que fazem!" O amor
dEle mexeu tanto comigo que eu lhe disse: "Mestre,
perdoa a minha revolta por ter sido obrigado a te ajudar!
Tu não mereces este sofrimento, Senhor, no entanto,
estás dando o maior exemplo de amor e dignidade que já
vi na minha vida!"
REPÓRTER:- O que Jesus respondeu para você?
SIMÃO:- Olhando-me com ternura, Ele me disse: "Se tu recebes o
meu amor, tu acalmas os meus sofrimentos. Se tu aceitas
o meu amor, tu acalmas a minha dor. Obrigado, meu
irmão!
Foi para isso que Eu vim; para mostrar a todos que o Pai
ama, que o Pai é amor; que todos são amados por meu
Pai".
REPÓRTER:- O que essas palavras causaram para você?
SIMÃO:- Essas palavras marcaram-me para sempre, conforme minha
compreensão permitia. Naquele momento eu entendi que
estava diante de um legítimo enviado de Deus. Um profeta.
Hoje sei perfeitamente que estava ao lado do Filho de
Deus.
REPÓRTER:- Para chegar ao Gólgota vocês teriam que atravessar
quase toda a cidade de Jerusalém. Sabemos que
aconteceu algo de inédito nesse mesmo momento: O que
foi que aconteceu?
SIMÃO:- Quando saímos da cidade e já podíamos avistar o Gólgota,
faltava mais ou menos uns duzentos metros para o
término da caminhada, Jesus tropeçou e caiu pela
terceira vez. Os soldados vieram para chicoteá-Lo, mas
eu gritei: "Não façam isso!"
REPÓRTER:- E os soldados obedeceram a sua voz de comando?
SIMÃO:- Não, um deles voltou-se para mim furioso, ia dar-me uma
chicotada, foi quando eu disse: "Sou um cidadão romano!"
REPÓRTER:- Qual foi a reação desse soldado?
SIMÃO:- Ele recuou. O centurião mais que depressa aproximou-se
de mim. Expliquei minha cidadania. Ele me pediu desculpas
e arrumou outro para carregar a Cruz.
REPÓRTER:- Então você foi substituído?
SIMÃO:- Não, eu não permiti que isso acontecesse; falei a ele que
eu queria continuar, porém, que ele proibisse os seus
soldados de maltratarem aquele homem.
REPÓRTER:- Ele deve ter achado estranho você, um cidadão romano,
estar protegendo um judeu condenado a morte.
SIMÃO:- Realmente. Foi isso mesmo que ele falou. Porém,
segurando a Cruz eu lhe disse: " Eu O protejo porque este
homem é um profeta; um enviado de Deus".
Ouvindo isso, o centurião balançou a cabeça, mesmo não
entendendo, permitiu que eu continuasse a ajudar Jesus.
Nesse momento Jesus se levantou, olhou nos meus olhos
e me disse: "Obrigado, meu irmão. Obrigado por não ter
fugido da Cruz. Mas agora, por favor, permita-me levar a
minha cruz sozinho. Tenho que levá-la até o fim".
REPÓRTER:- E você, como reagiu com relação a esse pedido de Jesus?
SIMÃO:- Ameacei negar, mas Ele colocou delicadamente seu dedo
em minha boca. Entendi Seu gesto e tive que aceitar.
Comecei a chorar e pedi perdão a Ele por ter eu fugido da
Cruz. Ele colocou a sua mão ensangüentada sobre a minha
fronte e me disse: "Este sangue é o sangue do perdão de
Deus. Receba o perdão e, de agora em diante, tome a
a sua cruz sem medo e me siga. Eu estarei sempre com
você. Sua cruz será mais leve". E tomando a sua Cruz,
Jesus foi caminhando para morrer.
REPÓRTER:- Sua missão já estava cumprida. Você então voltou para
casa?
SIMÃO:- Não, não voltei para casa. Chorando continuei seguindo a
Jesus e tomando cuidado para que os ladrões que
estavam amarrados a Ele, não caíssem e o ferissem mais
ainda. Ele conseguiu chegar até o monte carregando
aquela pesada Cruz que tanto amou. Eu chorava muito em
ver o sofrimento daquEle homem. Não tive coragem de ver
os soldados crucificarem-nO.
REPÓRTER:- Quer dizer que aquilo que parecia uma maldição,
transformou-se numa bênção?
SIMÃO:- Sem dúvida. Foi a maior bênção que recebi em toda a
minha vida.
REPÓRTER:- O que aconteceu quando Jesus chegou ao local onde
seria crucificado?
SIMÃO:- Quando Jesus chegou ao Gólgota, eu não consegui
permanecer mais ali. Sai de perto porque não tive
coragem de vê-Lo morrer de forma tão dolorosa,
vergonhosa e ultrajante. Porém, em meu coração, eu me
sentia purificado.
Embora eu tivesse tocado no sangue de um condenado, a
sensação dentro de mim era de pureza de alma, de graça,
de paz. Encontrei meus filhos, abracei-os sem receio de
tocá-los e de torná-los impuros por causa do meu toque.
Era estranho, mas, mesmo depois de presenciar todo
aquele sofrimento, minha Páscoa foi cheia de paz.
REPÓRTER:- O que aconteceu depois da morte de Jesus?
SIMÃO:- Depois que Jesus morreu, José de Arimatéia obteve ordens
das autoridades para sepultar o corpo de Jesus.
Como estava surgindo rumores sobre a Sua Ressurreição,
resolvi procurar Maria.
"Nesse momento Maria adentra a sala.
Cumprimenta-os e senta-se no banco
ao lado deles. Quando então o repórter fala":
REPÓRTER:- Que bom. Com a presença da Virgem Maria, agora
poderemos conversar os três. Tudo bem?
MARIA e SIMÃO:- Tudo bem. Estamos de acordo.
REPÓRTER:- Acredito, Simão, que muitos gostariam de ter a
graça que você teve.
SIMÃO:- É o que todos dizem, meu amigo. Para eles eu tenho sempre
uma resposta.
REPÓRTER:- Que resposta?
SIMÃO:- É que todos podem ter esta graça
REPÓRTER:- Como assim?
SIMÃO:- É só descobrir o que Jesus sempre dizia: "Quem quer me
seguir tome a sua cruz e me siga."
Para mim isso foi fácil. Peguei uma cruz de madeira e a
carreguei durante alguns metros. Claro, foi uma graça que
transformou a minha vida. Porém, o que Ele nos pede é muito
mais do que isso.
REPÓRTER:- Ele nos pede mais do que isso? O que por exemplo?
SIMÃO:- Quando Ele diz para tomarmos a nossa cruz e seguí-lo, Ele
quer dizer para que assumamos os nossos sofrimentos sem
medo. Isto é: que não fujamos dos sofrimentos que nos
perseguem. Que nós respeitemos as vontades do Pai sem
jamais blasfemar. Que nós agradeçamos a Deus por tudo o
que acontece em nossas vidas, tanto as coisas boas como
as más. Que façamos dos nossos sofrimentos instrumentos
para a nossa santificação.
REPÓRTER:- Simão disse que, após o sepultamento de Jesus, surgiram
rumores sobre a Ressurreição; motivo pelo qual ele foi
procurá-la. O que vocês conversaram?
MARIA:- Foi justamente sobre isso que nós conversávamos. A
Ressurreição de meu Filho fora profetizada há séculos e
naquele momento, estava se concretizando tudo o que o
Criador prometera.
Falei a Simão sobre a vida do meu Filho. Pois ele não O
conhecia pessoalmente por não haver convivido com meu
Filho ao longo do tempo. Contei a ele fatos pitorescos que
aconteceram na sua infância. Falei da Sua juventude quando
Ele ajudava meu esposo José nos serviços de carpintaria.
Como Ele amava aquele pai que o criou!
Falei do respeito que meu Filho tinha para com as
pessoas, principalmente as mais humildes. Falei da sua
obediência e do amor que Ele tinha por mim, por meu esposo
José que foi para Ele um referencial.
Falamos da suas aparições após a morte. Primeiro Ele
apareceu à Maria madalena, depois a Pedro, duas vezes aos
discípulos para que Tomé também presenciasse a sua
aparição e acreditasse. Falamos da sua aparição aos
discípulos de Emaús e de sua aparição às quinhentas
pessoas, dentre elas Simao que aqui está. Falamos da
incredulidade de Tomé e de sua conversão após presenciar a
aparição de meu Filho - quando estava junto aos colegas -
e tocar em seus ferimentos.
REPÓRTER:- Finalizando, qual mensagem vocês deixariam a todos?
SIMÃO:- Eu diria a todos que nós devemos assumir a nossa cruz,
porque quando nós louvamos a Deus, ela se torna mais leve
pelas bênçãos que nos purificam.
Cada um sabe da sua cruz. Ninguém vive sem ela; e foi
para todos nós que Jesus disse:
"Vinde a mim vós todos que estais cansados e sobrecarrega-
dos sob o peso do fardo, que eu vos aliviarei."
MARIA:- Eu gostaria de enviar uma mensagem a todas as mulheres.
Àquelas que são mães e àquelas que ainda não são.
Àquelas que são mães eu diria para não se desesperarem
diante de alguma necessidade, pois, o amor supera tudo.
Diria à elas para serem perseverantes em sua fé quando
pedirem a Deus proteção aos seus filhos.
Para as mães que foram por Deus escolhidas para serem
genitoras de crianças excepcionais eu diria: Se o Pai celeste
as escolheu para essa missão, é porque Ele sabe do amor que
existe em seus corações. Razão pela qual confiou aos seus
cuidados essas criaturinhas que Ele tanto ama.
Àquelas mulheres que ainda não constituíram família eu
tenho o seguinte recado:
Unam se através do matrimônio à uma pessoa que vocês
amem e sintam se amadas por ele. Saibam que a base de uma
família está no amor recíproco do casal.
FIM