LITURGIA DA PALAVRA (Missa do próximo domingo dia 24 Janeiro 2010

LEITURAS QUE SERÃO PROFERIDAS NO MUNDO TODO NAS CELEBRAÇÕES DAS SANTAS MISSAS NO PRÓXIMO DIA 24/01/2010

FONTE: www.arquidiocesedesaopaulo.org.br

Irmãos e irmãs, bem-vindos para a Eucaristia dominical. Hoje, na Sinagoga de Nazaré Jesus se proclamou Messias e anunciou a libertação para todos os que jazem nas trevas da morte, vivendo na pobreza, no cativeiro da injustiça ou de qualquer tipo de exclusão. Preparemo-nos também para celebrar amanhã o Patrono da nossa Arquidiocese, São Paulo, o Apóstolo missionário dos povos. Cantando, iniciemos nossa celebração.

O ministério que Jesus inicia na Sinagoga de Nazaré define toda a sua obra de libertação. Ouçamos com atenção:

PRIMEIRA LEITURA (Ne 8,2-4a.5-6.8-10)

Leitura do Livro de Neemias

Naqueles dias,

2 o sacerdote Esdras apresentou a Lei diante da assembléia de

homens, de mulheres e de todos os que eram capazes de

compreender. Era o primeiro dia do sétimo mês.

3 Assim, na praça que fica defronte da porta das águas,

Esdras fez a leitura do livro, desde o amanhecer até o

meio-dia, na presença dos homens, das mulheres e de todos os

que eram capazes de compreender. E todo o povo escutava com

atenção a leitura do livro da Lei.

4 Esdras, o escriba, estava de pé sobre um estrado de madeira,

erguido para esse fim. 5Estando num lugar mais alto, ele abriu o

livro à vista de todo o povo. E, quando o abriu, todo o povo ficou

de pé. 6Esdras bendisse o Senhor, o grande Deus, e todo o povo

respondeu, levantando as mãos: “Amém! Amém!” Depois

inclinaram-se e prostraram-se diante do Senhor, com o rosto em

terra. 8E leram clara e distintamente o livro da Lei de Deus e

explicaram seu sentido, de maneira que se pudesse compreender a

leitura.

9 O governador Neemias e Esdras, sacerdote e escriba, e os levitas

que instruíam o povo, disseram a todos: “Este é um dia consagrado

ao Senhor, vosso Deus! Não fiqueis tristes nem choreis”, pois todo

o povo chorava ao ouvir as palavras da Lei.

10 E Neemias disse-lhes: “Ide para vossas casas e comei carnes

gordas, tomai bebidas doces e reparti com aqueles que nada

prepararam, pois este dia é santo para o nosso Senhor.

Não fiqueis tristes, porque a alegria do Senhor será a vossa força”.

– Palavra do Senhor.

T. Graças a Deus.

SEGUNDA LEITURA (1Cor 12,12-14.27) Mais breve

Leitura da Primeira Carta de São Paulo aos Coríntios

Irmãos:

12 Como o corpo é um, embora tenha muitos membros, e como todos

os membros do corpo, embora sejam muitos, formam um só corpo,

assim também acontece com Cristo.

13 De fato, todos nós, judeus ou gregos, escravos ou livres, fomos

batizados num único Espírito, para formarmos um único corpo, e

todos nós bebemos de um único Espírito.

14 Com efeito, o corpo não é feito de um membro apenas, mas de

muitos membros.

27 Vós, todos juntos, sois o corpo de Cristo e, individualmente, sois

membros desse corpo.

- Palavra do Senhor.

T. Graças a Deus.

ACLAMAÇÃO AO EVANGELHO (HL3 p.231) (Lit XI Fx. 2)

Aleluia, aleluia, aleluia, aleluia.

Foi o Senhor quem me mandou boas notícias anunciar; ao pobre, a quem está no cativeiro, libertação eu vou proclamar!

EVANGELHO (Lc 1,1-4;4,14-21)

P. O Senhor esteja convosco.

T. Ele está no meio de nós.

P. Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Lucas

T. Glória a vós, Senhor.

1 Muitas pessoas já tentaram escrever a história dos

acontecimentos que se realizaram entre nós,

2 como nos foram transmitidos por aqueles que, desde o princípio,

foram testemunhas oculares e ministros da palavra.

3 Assim sendo, após fazer um estudo cuidadoso de tudo o que

aconteceu desde o princípio, também eu decidi escrever de modo

ordenado para ti, excelentíssimo Teófilo.

4 Deste modo, poderás verificar a solidez dos ensinamentos que

recebeste. Naquele tempo,

4,14 Jesus voltou para a Galiléia, com a força do Espírito, e sua fama

espalhou-se por toda a redondeza.

15 Ele ensinava nas suas sinagogas e todos o elogiavam.

16 E veio à cidade de Nazaré, onde se tinha criado. Conforme seu

costume, entrou na sinagoga no sábado, e levantou-se para

fazer a leitura.

17 Deram-lhe o livro do profeta Isaías. Abrindo o livro, Jesus achou

a passagem em que está escrito:

18 “O Espírito do Senhor está sobre mim, porque ele me consagrou

com a unção para anunciar a Boa-nova aos pobres; enviou-me

para proclamar a libertação aos cativos e aos cegos a

recuperação da vista; para libertar os oprimidos

19 e para proclamar um ano da graça do Senhor”.

20 Depois fechou o livro, entregou-o ao ajudante, e sentou-se.

Todos os que estavam na sinagoga tinham os olhos fixos

nele.

21 Então começou a dizer-lhes: “Hoje se cumpriu esta passagem

da Escritura que acabastes de ouvir”.

- Palavra da Salvação.

T. Glória a vós, Senhor.

COMENTÁRIO

Mais uma vez nos encontramos para falar de paz e das lutas por liberdade, por justiça e contra todo tipo de opressão. O evangelho de hoje fala exatamente sobre essas coisas. Podemos dizer que Jesus iniciou sua vida pública neste evangelho.

Jesus entra na sinagoga, lê um trecho da Sagrada Escritura, escrito pelo profeta Isaias (61,1-2) e ao terminar a leitura diz: "Hoje cumpriu-se esta passagem da Escritura". Com essas palavras, Ele afirma que veio para libertar. A salvação se torna presente, através de Jesus.

Durante a celebração religiosa, na sinagoga, faziam-se duas leituras: uma da lei e outra dos profetas. Qualquer um dos participantes poderia oferecer-se para fazer uma leitura. Jesus ofereceu-se, levantou-se, escolheu esta passagem do profeta Isaias e fez a leitura.

Jesus iniciou a leitura, com estas palavras: "O Espírito do Senhor me consagrou para anunciar a Boa Nova aos pobres". Já pensou, boa nova para os pobres? O que pode ser uma boa notícia para os pobres? Anunciar o que para esses marginalizados, sem alimentos, sem saúde, sem dignidade, sem nada?

Realmente, será que Jesus teria algo de bom para anunciar aos indigentes das praças e viadutos, aos idosos e menores abandonados? Que boa notícia poderia ter para os favelados, aposentados e desempregados?

A Boa Notícia para todos os excluídos chama-se inclusão, aceitação, amor, libertação. Jesus é a própria Liberdade, Ele veio para libertar-nos de tudo que nos separa de Deus e dos irmãos. Libertar-nos do egoísmo e da ganância que geram pobreza, divisão, opressão e violência.

Muitos ficaram entusiasmados com Jesus, porém poucos acreditaram em suas palavras e se escandalizaram com tudo que viam e ouviam. Era muito difícil acreditar no carpinteiro que se transformara no Messias. Se fosse hoje, acreditaríamos?

Imagine aquele amigo de infância, que freqüentou a mesma escola e que dividiu conosco os mesmos brinquedos. De repente cresceu e agora se apresenta como o libertador dos oprimidos, aquele que tem o poder de devolver aos cegos a visão. Dá para acreditar?

Para aquelas pessoas, certamente foi uma prova muito difícil. Nós somos privilegiados, nossa geração é privilegiada, pois não fomos submetidos a esse teste. Já encontramos tudo pronto.

Nascemos dois mil anos depois. Nesse intervalo, Jesus já nos deu milhares de provas do seu amor e do seu poder, por isso, só não vive suas Palavras e não acredita, quem não quer.

Nós temos provas evidentes, por isso seremos também mais cobrados. Mesmo assim, apesar de tantas provas, milhares e milhares não acolhem Jesus, não vão ao seu encontro, não vivem suas Palavras, não lutam por dignidade e justiça, não promovem a paz.

Jesus identificou sua missão através da Palavra de Deus. Nós também precisamos fazer o mesmo. Evangelizar os pobres de espírito, libertar os oprimidos pela sociedade, remir os prisioneiros das superstições e tradições, recuperar as vistas daqueles que não querem enxergar e proclamar a Boa Nova a todos os povos.

Essa tarefa é nossa, esta é a missão dos seguidores de Jesus.

jorgelorente@ig.com.br- 24/janeiro/2010

HOMILIA PROFERIDA PELO PADRE WAGNER PORTUGAL REFERENTES AS LEITURAS E O EVANGELHO DO DIA 24 JANEIRO 2010

FONTE: http://www.catequisar.com.br/texto/liturgia/2010/13.htm

Cantai ao Senhor um canto novo, cantai ao Senhor, ó terra inteira; esplendor, majestade e beleza brilham no seu templo santo”. (cf. Sl. 95, 1.6)

Meus queridos Irmãos,

A liturgia deste terceiro domingo do Tempo Comum está toda centrada na pessoa e na missão de Nosso Senhor Jesus Cristo. Cristo é apresentado como Aquele que veio para proclamar um tempo novo, marcado pela Libertação (que refletiremos no Evangelho) e pela unidade que nos é brindada pela Primeira Leitura paulina enviada os Coríntios.

Este domingo salienta a pregação inaugural da vida pública do Senhor Jesus. Lucas narra a atividade de Jesus como uma história escrita por um historiador. Lucas é o evangelista considerado homem da crônica, ou seja, o cronista, aquele que hoje poderia ser considerado o colunista social, aquele que relata as coisas dos homens. Lucas, a seu termo, narra o início da pregação inaugural de Jesus, o Senhor. Lucas vai contando as coisas de Jesus do modo em que a gente possa ter presente e voar no túnel do tempo para estar caminhando com Jesus e degustando de sua vida pública, de seu ensinamento, de sua palavra, de seu ministério.

Lucas colecionou os dados a respeito de Jesus lá pelos anos 80 d.C. para mostrar-lhes melhor quem foi e o que fez Jesus de Nazaré. Como todo bom cronista Lucas imagina Jesus iniciando a sua pregação lá na sua terra, em Nazaré, na reunião de sábado da sinagoga. Os adultos podiam comentar a Lei a partir de um texto profético. Jesus abriu o rolo do profeta Isaías, no texto que fala da missão do mensageiro de Deus para instaurar a verdadeira Justiça e a profunda libertação, pelo fim da opressão e com a finalidade da realização de um ano sabático ou jubilar, para a restituição dos bens alienados, em vistas a um novo início de uma sociedade fraterna, como convém ao povo de Deus.

Irmãos e Irmãs,

O Evangelho deste domingo(cf. Lc. 1,1-4;4,14-21) pode ser dividido em duas partes: a primeira é o prólogo de São Lucas em que o Evangelista garante a solidez das fontes da história de Nosso Senhor Jesus Cristo. A segunda parte do Evangelho nos relata a primeira parte da chamada “Perícope de Nazaré”, ou seja, será refletida no domingo próximo. Lucas inicia a vida pública de Jesus com uma pregação em que é evidenciado que Jesus não age como um santo profeta humano, que fala em nome de Deus, mas como alguém que fala como Deus, “com força do Espírito de Deus”.

Lucas diz que Jesus freqüentava a sinagoga aos sábados. Isso demonstra que Jesus era um homem de oração. Junto com a oração Lucas sublinha que Jesus era um homem profundamente MISERICORDIOSO. Jesus é a encarnação da misericórdia divina, já anunciada no trecho de hoje. Lucas, por fim, anuncia em seu Evangelho a UNIVERSALIZAÇAO DA SALVAÇÀO QUE VEM ANUNCIADA POR JESUS. Jesus não veio para os homens do sistema religioso vigente, para os homens de poder, de posses. Ao contrário, Jesus veio para os pobres, para os excluídos, para aqueles que estão à margem da sociedade. A salvação vem para todos, para todos que aderem ao projeto de vida de Jesus Cristo.

Lucas fala da genealogia e da vida de Jesus: ele ressalta que Jesus tem família, um emprego, amigos, ressalta a geografia, a cultura, a sociedade e de então, e como não poderia deixar de ser, fala da vida dos homens de oração do tempo de Jesus e da própria vida de fé do Senhor.

Meus queridos Irmãos,

Lucas demonstra que desde o seu Batismo Jesus é o homem repleto do Espírito Santo de Deus: “O Espírito Santo descerá sobre ti e a força do Altíssimo te cobrirá com sua sombra”(cf. Lc 1,35).

Jesus inicia a sua vida pública com a fala do v. 18: “O Espírito do Senhor está sobre mim”(v. 18). Lucas sublinha o início da pregação com a ação do Espírito Santo. A salvação trazida por Jesus se mostra como poderosa força do Espírito Santo, que opera nele. A mesma coisa dirá os Atos: “Deus ungiu Jesus de Nazaré com o Espírito Santo e com seu poder, e ele andou fazendo o bem e curando todos os oprimidos pelo diabo, porque Deus estava com ele”(cf. At 10,38).

O Evangelho anuncia os preferidos de Jesus: os pobres, os presos e os cegos. Cabe uma reflexão pessoal: será que nós nos preocupamos com os pobres, com os presos e com os cegos? Será que nós nos preocupamos com os que estão à margem da sociedade. Pobres e excluídos no sentido material, mas, sobretudo, no sentido espiritual, na carência de Deus e da sua fé salvadora. Os presos não somente dos cadeiões, mas os presos aos bens do mundo, a alienação do poder, do ter, do ser, do estar, do fazer, do humilhar. Os cegos da auto-suficiência, da arrogância, da ganância, da falta de fé.

A libertação cantada e encantada pela pena literária de Isaías é realizada por Jesus, o Redentor do Gênero Humano. Por isso Lucas solenizou o poder e o gesto do início da vida pública de Jesus: enrolou o livro, devolveu-o ao assistente e sentou-se.(cf. Lc 1,20). Agora já não seria mais o livro a dizer as coisas, mas ele, Jesus, o novo Mestre, e o faz como mestre, sentado, isto é, com toda a autoridade, porque não falava apenas com a força profética, mas com a força do “Espírito do Senhor que estava com ele”.

Meus caros irmãos,

A Primeira Leitura(cf. Neemias 8,2-6.8-10) fornece um pouco de cultura bíblica, necessária para imaginar os costumes e sentimentos do judaísmo pós-exílico referentes à leitura da Lei. O episódio é praticamente o protótipo do culto sinagogal e a figura central, Esdras, pode ser considerado como o “pai do judaísmo”(antes do Exílio não se pode falar em judaísmo, no sentido estrito; é só depois do Exílio que o “povo de Deus” se identifica praticamente com a tribo de Judá, única que ficou mais ou menos intacta e livre de contaminação.

Uma mensagem própria traz a Segunda Leitura(cf. 1 Coríntios 12,12-30): a alegoria do corpo e dos membros. É uma alegoria que Paulo aprendeu na escola: pertence plenamente à cultura romana e devia ser conhecida por todos os homens cultos da sociedade helenística. Seja como for, Paulo a aplica à Igreja: nenhum membro do corpo pode dizer a outro que não precisa dele. E, com um sadio naturalismo (que desaparece quando se segue a versão abreviada da leitura), fala também dos membros mais frágeis, que são circundados com cuidados maiores – alusão aos capítulos iniciais da Primeira Carta aos Coríntios, onde Paulo critica os partidarismos e ambições que dividem a Igreja de Corinto, lembrando que Deus escolheu o que é fraco e pequeno neste mundo.

Irmãos e Irmãs,

Jesus veio para salvar a alma e o corpo, ou seja, toda a pessoa humana. Ainda hoje a Palavra de Deus gera a Igreja, o Corpo de Cristo. Esta palavra transforma-se em dons diversos, conforme o carisma de cada um para a edificação do Corpo de Cristo que a segunda Leitura nos ensina. Em cada Missa dominical realiza-se o que aconteceu na sinagoga de Nazaré. É Deus que faz a proposta. Estabelece-se o confronto com a Palavra, facilitada pela homilia. E deve seguir-se uma resposta de conversão, de louvor, de ação de graças e de sacrifício.

Nós, o povo de Deus caminhante, a Igreja de Cristo, recriada por Sua Palavra, há de transformar-se em boa-nova de libertação para os pobres e os oprimidos. A Palavra terá como fruto uma evangélica opção preferencial pelos pobres e pelos oprimidos. Despertará e animará o carisma próprio de cada cristão a serviço do bem da nossa comunidade de fiel, tudo com o auxílio e a graça santificante do Espírito de Deus.

Muitos são os dons, inumeráveis são os carismas de nossa fé: tudo na unidade em Cristo para que com Ele uma só Igreja, caminho ordinário de salvação. Assim seja

Antônio Oliveira
Enviado por Antônio Oliveira em 17/01/2010
Reeditado em 26/01/2010
Código do texto: T2035477