A arte retórica de Antonio Veira

Para um homem se ver a si mesmo, são necessárias três coisas: olhos, espelho e luz.

Se tem espelho e é cego, não se pode ver por falta de olhos; se tem espelho e olhos, e é de noite, não se pode ver por falta de luz.

Logo, há mister luz, há mister espelho e há mister olhos.

Que coisa é a conversão de uma alma, senão entrar um homem dentro em si e ver-se a si mesmo?

Para essa vista são necessários olhos, é necessário luz e é necessário espelho.

O pregador concorre com o espelho, que é a doutrina;

Deus concorre com a luz, que é a graça;

o homem concorre com os olhos, que é o conhecimento.

Ora suposto que a conversão das almas por meio da pregação depende destes três concursos: de Deus, do pregador e do ouvinte, por qual deles devemos entender que falta? Por parte do ouvinte, ou por parte do pregador, ou por parte de Deus?

De: Pe Antonio Vieira,

Sermão da Sexagésima, pregado na Capela Real, no ano de 1655.

Nele Vieira discute o significado da palavra de Deus:

"Se a palavra de Deus é tão eficaz e poderosa, como vemos tampouco fruto da palavra de Deus ?"

espuletah
Enviado por espuletah em 22/09/2009
Reeditado em 25/07/2010
Código do texto: T1825796
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