INSTRUMENTOS DO AMOR DE DEUS
UMA REFLEXÃO SOBRE A SANTIDADE E O SERVIÇO CRISTÃO
Texto Básico: I Reis 17.8-24
INTRODUÇÃO
Todos nós temos a necessidade de ver as manifestações do amor de Deus. Sentir o toque especial do seu poder sobre nossas vidas, auxiliando-nos a caminhar em paz e em segurança pelo “vale da sombra da morte”.
Em nosso redor, pessoas, de todas as idades e de todos os lugares, desejam ter saciado sua fome e sede de “relacionamentos profundos”. Pessoas que desejam ser ouvidas, entendidas e ajudadas. Pessoas que buscam nossa Igreja com a finalidade de encontrar um espaço “terapêutico” para a cura de suas feridas emocionais. Alguém que lhes indique possibilidades e Caminho.
Por qual razão? Porque os olhos dessa gente não conseguem ver, que apesar da tribulação e da dificuldade, que Deus cuida de nós. Falta-lhes fé para ver além das aparências, especialmente nos tempos de provação, de privação, de angústia, quando têm-se a dificuldade de perceber que, embora tudo pareça difícil, Deus está no controle da situação.
Sim! Aquele que por sua voz fez os céus, o mar, a terra e tudo o que nele há. Aquele por cuja palavra todas as coisas foram criadas: animais, aves, peixes, tendo coroado a sua criação formando o homem, ainda hoje, por seu amor e misericórdia, cuida de nós.
Um Deus tão grande e tão perto, que olha cada um de nós como alvos do seu amor, razão pela qual está sempre a nos dizer: “não temas, nem te atemorize, porque eu sou contigo e te sustento com a minha destra (mão direita) fiel”.
Que extraordinária notícia: Deus cuida de nós! Assim, como o salmista, podemos afirmar: “Deus é o nosso refúgio e fortaleza, socorro bem presente na tribulação. Portanto não temeremos ainda que a terra se transtorne e que os montes se abalem nos seios dos mares, ainda que as águas tumultuem e espumejem e na sua fúria os montes se estremeçam”.
E EU COM ISSO...
Talvez você não tenha notado ainda a importância do seu testemunho e trabalho no contexto da Igreja, da Família e da Sociedade em geral. Talvez você não tenha se dado conta de que somos instrumentos do amor de Deus, e necessitamos sinalizar para aqueles e aquelas que vêm em busca de “colo” que Deus é quem cuida de nós! E se, por acaso, alguém perguntar, “como Deus cuida de mim?” precisaremos estar preparados para demostrar por palavras, gestos e atos, a mão de Deus estendida em auxílio de todos.
FALANDO DO TEXTO
Essa foi a experiência do profeta Elias, que tem muito a nos ensinar como ser “Instrumentos do Amor de Deus”, sendo fieis ao seu chamado. Basta perceber a vida de Elias, um homem que:
1) Andava com Deus – para qualquer lugar e em qualquer direção, o homem e a mulher de Deus precisam ser como Elias foi. Um servo que andava com Deus em todos os seus caminhos. Num mundo transtornado pela dor e violência; num mundo egoísta e discriminador, opressor e injusto, andar com Deus será a única alternativa para “atravessar o vale da sombra da morte”.
2) Vivia com Deus – Não é redundância. Conheci muitas pessoas que diziam andar com Deus, mas não compreenderam o que é viver com Ele. Viver com Deus indica dependência; viver com Deus indica fidelidade; viver com Deus implica em ter atitude de perseverança.
3) Buscava Intimidade com Deus – apenas aqueles que andam e vivem com Deus são capazes de compreender o “conhecer” de Deus. Intimidade em oração, intimidade em palavras, intimidade em sentimento, intimidade de intenção, intimidade de ação. Intimidade - conhecimento de Deus.
Esse modo de viver do profeta Elias, indica algumas atitudes que o cristão deve ter para ser, como já dissemos anteriormente, “instrumento do amor de Deus”.
Convido você para juntos compreendermos isso à luz do texto lido.
• Ouvir a voz de Deus
Algo extraordinário aconteceu nesse texto, que muitas vezes não nos damos conta. Por estarmos ocupados demais com nossos próprios interesses não temos a sensibilidade necessária para ouvirmos a voz de Deus.
Elias ouviu claramente a voz de Deus e soube muito bem identificá-la, a qual lhe ordenava ir para Sarepta, uma cidade entre Tiro e Sidom, destinada a fundição de instrumentos de corte.
Isso faz-nos pensar sobre a nossa vida hoje. Será que estamos ouvindo a voz de Deus claramente, sem ruídos, ou estamos enganando a nós mesmos, fingindo ouvir Deus, quando na realidade somos nós mesmos falando?
Um homem que andava, vivia e mantinha intimidade com Deus, deveria portanto, ser sensível à sua voz, ouvindo-a com clareza em seu coração e mente.
Assim, hoje também, nós somos chamados pela voz de Deus e necessitamos de ter as mesmas atitudes que houveram em Elias – caminhar, viver e manter intimidade com Deus, dando-lhe ouvidos à sua voz.
• Obedecer a voz de Deus
O grande problema das pessoas está nesse ponto. Muitas ouvem-lhe a voz, mas são incapazes do segundo passo: obedecer à voz do que fala/chama. Quando Elias ouviu a voz de Deus, ele compreendeu que sua vida não mais lhe pertenceria. Como servo do Senhor, ele obedece e caminha em direção a Serepta, com a firme convicção de ser essa a vontade de Deus.
Como Elias, no passado, Deus também busca pessoas que estejam dispostas a, não apenas ouvir a sua voz, mas a obedecer/atender ao seu chamado/envio.
Conforme podemos lembrar, Deus não está interessado em sacrifícios e ofertas de manjares. Deus requer de nós “obediência”. Somente quem se coloca na condição de servo do Senhor pode entender isso, e pela fé vislumbrar o dia em que Ele “não nos chamará mais de servo, e sim de amigo”.
• Seguir as instruções de Deus
Será que Deus dá detalhes da sua vontade aos homens? Será que Ele está interessado em pormenores? Creio, sinceramente, que Deus instrui seu povo pelo poder do seu Santo Espírito, e dirige nossas vidas, dando-nos orientações sobre o que falar, fazer, e até mesmo calar, diante das situações mais inusitadas possíveis. Não pelo detalhe em si, mas para demostrar a cada um de nós (homens de pequena fé) como Ele está no controle de tudo. Afinal, como poderia Deus saber isso ou aquilo. Como poderia Deus saber que seria desse ou daquele jeito? E a Bíblia e o testemunho de muitas gerações comprovam exatamente isso: Deus sabe todas as coisas. Foi assim que ele olhou para cima e viu Zaqueu. Foi assim que ele curou o cego Bartimeu. Foi assim que ele transformou água em vinho. Foi assim que Ele ressuscitou a Lázaro dentre os mortos. Foi assim que ele viveu. Seguindo as instruções de Deus.
Assim também fez Elias. Não apenas ouviu e obedeceu a voz de Deus, mas seguiu todas as suas instruções. Assim, ele procurou por uma mulher a quem Deus, de antemão, havia designado para serví-lo.
Muitos cristãos não obtém os resultados que deseja da sua fé, porque não compreendem que “seguir as instruções de Deus” é condição básica para alcançar a Bênção! Então dizem: “Eu ouvi Deus falando comigo e obedeci a sua voz, mas “acho” que para fazer isso, o melhor seria do meu jeito”. Ledo engano, pois como nos afirma a Palavra de Deus: “O homem pode fazer planos, mas a resposta certa vêm dos lábios do Senhor”.
• Ser Instrumento da Bênção de Deus
Chegando aqui, já observamos que existe uma seqüência experimentada por Elias, que deve servir de modelo para as nossas vidas hoje: ouvir, obedecer, seguir as instruções. Quem cumpre essas etapas, e anda, vive e busca intimidade com Deus como Elias, tem tudo para se tornar num “instrumento da Bênção de Deus”.
A situação na palestina nos dias de Elias era terrível. O povo estava distante de Deus. Não caía chuva, tendo como conseqüência, uma grande seca. Havia fome, dor e morte e ainda o perigo da perseguição por parte de Jezabel e de Acabe. Diante de tudo isso, Elias chega com uma promessa de Bênção na vida da viúva e de seu filho: “A farinha da panela não se acabará; e o azeite da botija não faltará”.
Como Cristãos e cristãs precisamos ser como Elias. Em meio a dor, a angústia, ao sofirmento, à morte, anunciarmos a vida, sendo instrumentos do amor de Deus junto às pessoas, famílias, Igreja e sociedade.
• Ensinar a servir
A ordem de Elias à viúva (sem nome) é inusitada: faze-me um bolo do trigo e do azeite”. Para a viúva, aquele seria o seu último e único alimento. Depois esperaria a morte, juntamente com seu filho. Quem olha de fora a atitude de Elias e a resposta da mulher, poderiam pensar, a primeira vista, que um pedido desse era uma crueldade e atendê-lo, uma sandice.
Todavia, o Profeta quis ensiná-la como compartilhar, não apenas um pedaço, mas o que era seu, confiando na misericórdia e providência de Deus. As vezes, fico pensando se fosse eu, o que faria se soubesse que o último pedaço de pão que poderia dar para minha filha teria que ser dado a um estranho. Então, me lembro das palavras de Jesus: “mais vale dar, do que receber”; “eu vim para servir, não para ser servido”. Só pela fé! Não é atoa que a Palavra de Deus nos ensina: “O justo vive por fé”.
Sim! Pela fé somos ensinados a ser solidários! Dividimos o que temos e o que não temos, pois no servir a fé é exercita o nosso amor e exorciza o egoísmo das nossas vida, e somos capazes de ver com bondade e misericórdia, pessoas que, muitas vezes, mais do que nós, carecem da manifestação do amor de Deus num gesto solidário.
Como a mulher foi desafiado por Elias a servir, como Igreja hoje, também somos desafiados por Deus a servir: “dando pão, dando água, vestindo o nu, hospedando o forasteiro, visitando a viúva e o preso”, conforme as palavras do Mestre. E, ainda assim, a não fazer isso por “temor do castigo” mas por “amor a virtude”, para que, então, um dia possamos também ouvir: “vinde benditos de meu Pai, para o lugar que vos estava preparado desde a fundação do mundo”.
• Interceder pelos necessitados
Como se não bastasse todo infortúnio daquela família, uma grande dor aflige aquela viúva: a morte de seu único filho. Mulher, mãe, viúva, pobre, desprezada, e agora, sozinha, ela clama ao homem de Deus: que fiz eu para merecer tudo isso? Por que tanta dor e sofrimento? Será que Deus se esqueceu de mim?
Se olharmos bem, vamos ver ainda hoje, muitas pessoas como que “viúvas e sozinhas” batendo em nossas portas e nas portas da nossas igrejas, também a perguntar: o que é que eu fiz para sofrer tanto assim? Pessoas que vêm ao nosso encontro para encontrar alento e paz para os seus corações entristecidos e espírito despedaçado. Diante de tanta dor no mundo, o que podemos fazer? Se observamos a atitude de Elias, encontraremos a resposta que necessitamos.
Elias vê a dor daquela mãe viúva pela perda do seu filho. Ele ouve o seu lamento, o seu choro e sensibiliza-se com sua dor e sofrimento. Assim, levanta sua voz de profeta, e clama a Deus pela vida do menino.
A Igreja é a voz profética de nossos dias. Então, levante a sua voz, Igreja, e clama a plenos pulmões pelos desfavorecidos da terra! Clame a Deus, para que contemple com misericórdia e amor todos aqueles que têm fome e sede de Justiça, fome e sede de Deus.
• Trazer vida
Elias não fica de longe diante do desespero causado pela morte. Elias envolve-se no dilema daquela família. Ele estende à mão em serviço e solidariedade. Elias toma a atitude de abraçar o que estava morto para, em nome de Deus, restaurar a vida. Assim ele devolve a esperança, a segurança e a alegria para aquela família.
Assim também a Igreja é desafiada a trazer a novidade da vida manifestada em Jesus Cristo, a fim de que todos encontrem, no abraço do Pai, o abrigo seguro para o seu futuro, para a suas vidas.
• Despertar nas pessoas o temor e amor a Deus
Não foi farinha e nem azeite aumentado, muito menos a barriga cheia que fizeram a mulher compreender o amor de Deus. Somente quando seu filho lhe foi devolvido com vida ela foi capaz de ver e declarar: “agora eu conheço que tu és homem de Deus e que a palavra do Senhor na tua boca é a verdade”.
Através da atitude de Elias, que envolvendo-se com aquela família, tornou-se instrumento do amor de Deus, foi que aquela mulher, viúva e mãe, foi capaz de declarar a sua fé e ser despertada para temer ao Deus verdadeiro, Deus que restaura a vida, que abençoa e cuida de nós como um pai/mãe que cuida de um filho.
Assim também, aprendemos com Elias, que como testemunhas do Senhor Jesus, precisamos despertar nas pessoas um coração cheio de temor e amor a Deus.
CONCLUSÃO
O texto da experiência do profeta Elias indica-nos um bom exemplo a seguir. Quer caminhando em verdes pastos ou pelo vale da sombra da morte, como Elias, devemos andar, viver e manter intimidade com Deus, para que nos tornemos instrumentos do seu amor para todas as pessoas que o Senhor colocar em nosso caminho.
Para isso, é necessário, ouvir a sua voz, obedecer-lhe, seguir suas instruções, ser instrumento de sua bênção, ensinar as pessoas a servir, interceder em favor dos necessitados, trazer palavras de vida e despertar pelo nosso testemunho, o temor e o amor a Deus na vidas das pessoas.
Como Cristãos e cristãs temos esse chamado especial. Que possamos estar sensíveis à exortação da Palavra de Deus que ainda hoje nos diz: “tudo o que vier às mãos para fazer, faze-o conforme as tuas forças”. Que Deus nos abençoe. Amém,