O CARONEIRO ILUSTRE
Um motorista, calmo e calculista, mestre em andar pelas pistas com
seu caminhão possante a transportar o progresso de cidade em cidade,
Profissional experiente, porém, incrédulo de berço, sem religião
definida, ia ele certa vez, com o seu veículo cargueiro vazio em busca de uma carga para transportar.
Era de manhãzinha, cinco horas da manhã, chovia de leve e o chuvisco
fino embassava o parabrisas e mau se via os olhos de gato que sinalizavam a estrada.
E foi, quando, de súbito, ele avistou um vulto, parecia ser um mendigo
que transitava pelo acostamento com um saco ou sacola nas costas,
que aparentava ter peso, do modo que era carregado.
Bruscamente, o motorista, mesmo desconfiado, não hesitou em reduzir a marcha, frear, parar e aguardar pelo suposto desconhecido e,
gentilmente, dar-lhe carona.
Quando o vulto fronteou o caminhão, ele abriu a porta do veículo,
e, num gesto cordial, com certa dose de pena e dó do pobre homem,
ofereceu-lhe abrigo na cabine quentinha e confortável do seu bruto.
Se cumprimentaram com gestos de mãos, e o motorista, fechou a porta, deu partida e seguiu viagem.
Por momento longo ficaram calados e, o caminhão, que estava usando força leve de tração, o seu motor começou a pedir marcha pesada,
e o seu condutor, assustado, pois poderia ser falha mecânica,
exclama baixo consigo:
- Mas o que será que está havendo?
Foi quando ele resolve quebrar o gelo do silêncio que pairava no ar
naquele instante, até então, fantasmagórico, diante às circunstâncias
momentâneamente vividas, perguntou ao homem quem ele era e o
que de importante carregava na bagagem.
O farrapo de homem balbuciou, dizendo-lhe:
- Neste saco de bagagem que carrego comigo, não fazes idéia de
o que contém dentro dele, o seu caminhão sente o peso, pois
desliza devagar e usando força máxima da turbina do seu motor.
Pois bem, companheiro, aqui dentro deste saco carrego todo o pecado
deste mau e grotesco mundo, inclusive, os seus, para jogá-los no
fogo e queimá-los, enfim.
Essa é a minha difícil missão que tenho a cumprir, desde depois de
que morri na cruz em prol da salvação da humanidade, e você,
conseguiu garantir a sua, dando carona gentilmente a mim,
seu mister senhor ''JESUS CRISTO''.
O caroneiro ilustre pediu que o motorista, atônito, parasse, para que o mesmo desembarcasse, e, assim que o caroneiro desceu, o caminhão
voltou a andar normalmente.