Mente Imperturbável: Elogio e Crítica
“A Prática do Autocontrole”


Ao ser elogiado e criticado :

Em geral nos alegramos com elogios, até mesmo os imerecidos, e em contra partida, tendemos a repudiar as críticas recebidas.

Quando elogiados, precisamos preservar a mente, não permitindo que a ilusão de importância pessoal surja e nos contamine a mente. Se isto não acontecer ficaremos dependentes do reconhecimento alheio e perderemos o verdadeiro foco de nossas ações, que é o agir correto, apenas por ser o correto. Se dependermos de reconhecimento para praticarmos virtudes, elas serão plantadas na ilusão, germinarão frágeis e não serão duradoras.
Por outro lado, algumas pessoas, ao perceberem que somos suscetíveis ao elogio, podem recorrer a palavras elogiosas na tentativa de obterem vantagens pessoas, caso consigam nos manipular.

Buda Shakyamuni ensina que não devemos nos apegar aos “Oito Ventos”. Os “ventos” aos quais Buda refere-se são: Lucro e Prejuízo, Fama e Difamação, Elogio e Crítica, Alegria e Tristeza. São comparados aos ventos por que tão logo surgem, desaparecem. Sendo impermanentes, não podem trazer mais que alguns momentos de satisfação e descontentamento

Esperar a aprovação ou temer a desaprovação traz ainda outro prejuízo: a transferência do comando de nossas vidas. Os outros vão administrar nossas emoções e decisões.

O Buda disse que “paciência sob insultos” (proteger a mente da fúria) é a maior das virtudes, ele a vivenciou ensinando que esse tipo de paciência gera grande força interior e imensuráveis benefícios, não permitindo que os insultos arrastem-nos para o inferno da raiva, como quase sempre ocorre.

Não digo para sermos “surdos” ao que dizem ao nosso respeito, já que as críticas recebidas podem ser úteis em dois aspectos: se justas, oferecem a oportunidade da correção; se injustas, oferecem a oportunidade de praticarmos a “não- raiva”. Muitas pessoas se sentem bem ao nos elogiarem, eventualmente recusar um elogio pode soar falta de compaixão. Não devemos perder de vista que nossa prioridade é levar bem estar aos seres, não aceitar o que dizem pode ser crueldade. Em quaisquer aspectos as criticas são boas oportunidades para o autoconhecimento.

Ao elogiar e criticar:

Nem todas as críticas que fazemos são justas. As opiniões excessivas sobre tudo e todos são perigosas fermentações da mente que geram todo tipo de falatório vazio e pernicioso.

Criticar a título de aconselhamento pode até vir de boas intenções, mas como diz o ditado popular “o inferno está cheio de boas intenções”. Cheios de boas intenções e sem “meios hábeis”, teremos pouca consciência do que ocorrerá a partir da intenção de ajudar.

Para sermos bem sucedidos na crítica construtiva, além das alegadas boas intenções, devemos dispor de profundo discernimento, grande versatilidade e mantermos a mente livre da “criticite aguda”, que é o vício da abrir a boca para criticar tudo e todos a esmo.

Há momentos em que elogiar as pessoas pode auxiliá-las a recuperar a fé, a motivação e a força de vontade e noutros podemos afundá-las ainda mais na ilusão da importância pessoal.

Se conseguirmos manter a mente calma e clara ao sermos elogiados e criticados e por nossa vez, elogiando e criticando com compaixão e sabedoria, percorreremos o caminho da prática budista, protegidos dos perigos das perigosas armadilhas cármicas da Fala Incorreta que causam muitas aflições ...