O Teatro da Vida
Li em algum lugar que "a vida é como um teatro que não permite ensaios". Há muito de verdade nesta assertiva, pois somente temos à nossa disposição as experências dos que nos antecederam no palco e as incontáveis placas sinalizadoras que foram colocadas diante de nós, todas pretendendo indicar o melhor caminho, ou o mais conveniente, ou o mais vantajoso, ou o mais oportuno. Todas elas, porém, com exceção de uma, possuem algo em comum - foram escritas por atores como nós, que por não contarem com as prerrogativas do ensaio, estiveram sujeitos aos erros e aos acertos da vida; bem mais erros do que acertos, a julgar pelos alarmantes resultados que nos rodeiam tão de perto e tão de longe, sé é que podemos chamar de distantes as conturbações sociais que ocorrem do outro lado do nosso pequeno planeta.
Como você, querido e paciente leitor - já que conseguiu chegar até aqui! - faço parte desta peça. Até completar meus 27 anos, vivi ao sabor dos ventos, ou melhor, das placas, cometendo muitos erros, destruindo minha saúde pela escravidão dos vícios, seguindo os "out-doors" da vida, que me prometiam um mundo de prazeres e conveniências. Tudo, porém, me parecia tão inconsistente, tão instável, tão misturado com inquietude e incerteza! Não era isso o que eu queria. Queria formar uma família diferente da de meus pais, um lar de verdade, queria libertação de todos os maus hábitos cultivados durante a adolescência e juventude, enfim, queria alcançar algo que as placas sinalizadoras, que até então haviam orientado a minha vida, não podiam indicar.
Foi quando conheci a placa de exceção, a única que nenhum ser humano se atreve a atribuir para si a autoria, embora muitos insistam em atribuí-la a outros homens. Conheci a Palavra de Deus, a placa fincada neste mundo pelo Criador, a "Revelação de Jesus Cristo, a qual Deus lhe deu, para mostrar aos seus servos as coisas que brevemente devem acontecer" (Apoc. 1:1). Ela contém o selo da autoridade divina, que diz: "Este é o caminho, andai por ele".
E foi neste Caminho de Verdade que encontrei tudo aquilo que tanto anelava: o amor de uma esposa cristã, filhos maravilhosos, libertação da escravidão do pecado, êxito profissional, e as mais sublimes promessas de bênçãos nesta vida e, por fim, a vida eterna.
Foram treze anos de paz, daquela paz de Deus que "excede todo o entendimento" e que guarda os nossos "corações e mentes em Cristo Jesus" .
Aconteceu então uma tragédia, cujas consequências encheram a alma de aflição, dando origem a tamanha perplexidade e sofrimento, que somente através de uma poesia senti-me capaz de expressar a profunda dor que invadiu o coração, ao perceber que "o cão havia voltado ao seu vômito", que "a casa limpa" voltara a ser "habitada por demônios" e que "a luz que havia" em mim se tornara "em trevas"; e "quão grandes eram essas trevas"!
Não é esta poesia, contudo, para falar de um trágico fim, mas para exaltar a mão poderosa do Senhor, que, em Sua infinita miseriórdia e por Seu grande amor com que nos amou, buscou a ovelha perdida, já prestes a perecer, já muito ferida, que perdera o rumo, deixando o aprisco em pós das enganosas placas sinalizadoras deste mundo. Foram dezessete anos de perigosa vagueação pelo vale das sombras. Causa-me agora pavor o simples pensamento de que minha vida pudesse findar distante do Senhor.
Que estes versos sirvam de alento e de esperança aos que se desviaram do Caminho e que agora, já na beira do precipício, se dão conta de quão infelizes se tornaram e de quão desejosos estão de que o Senhor Jesus os venha resgatar, pois que, sózinhos, jamais encontrarão o caminho de volta!
(A Poesia "Uma Nova Chance" está inserida em "Poesias > Evangélicas").