19/03 - Dia de São José

Quando o sol ainda não havia cessado seu brilho,
Quando a tarde engolia aos poucos
As cores do dia e despejava sobre a terra
Os primeiros retalhos de sombra
Eu vi que Deus veio assentar-se
Perto do fogão de lenha da minha casa.

Chegou sem alarde, retirou o chapéu da cabeça
E buscou um copo de água no pote de barro
Que ficava num lugar de sombra constante.

Ele tinha feições de homem feliz, realizado
Parecia imerso na alegria que é própria
De quem cumpriu a sina do dia e que agora
Recolhe a alegria cotidiana que lhe cabe.

Eu o olhava e pensava:

Como é bom ter Deus dentro de casa!
Como é bom viver essa hora da vida
Em que tenho direito de ter um Deus só pra mim.

Cair nos seus braços, bagunçar-lhe os cabelos,
Puxar a caneta do seu bolso
E pedir que ele desenhasse um relógio
Bem bonito no meu braço.

Mas aquele homem não era Deus,
Aquele homem era meu pai
E foi assim que eu descobri...

           Que meu pai com o seu jeito finito de ser Deus
                    Revela-me Deus com seu
                                       Jeito infinito de ser homem.


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Texto: Padre Fábio de Melo

Monet Carmo
Enviado por Monet Carmo em 19/03/2009
Reeditado em 20/03/2011
Código do texto: T1494309
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