PAI ETERNO
Com a força de Sua Palavra, o Pai criou tudo a partir do nada. Mas, para formar o homem, quis usar as próprias mãos! Não criou o homem para aumentar sua glória, mas para que sua glória se manifestasse no homem.” (São Boaventura)
A história da criação traça o perfil de um Deus amoroso que, no final da tarde, vinha visitar o homem. Encontrava-se com ele para amá-lo e enchê-lo com a plenitude de Sua glória. Mas o homem despiu-se da graça recebida do Criador e, envergonhado, sentiu-se nu. Então, escondeu-se de Deus.
“O Senhor Deus chamou o homem e disse-lhe: ‘Onde estás?’ O homem estava escondido no meio das árvores; quando saiu dali, escondeu-se atrás da mulher: ‘A mulher que me deste induziu-me a pecar.’ ( Gn 3,8-9)”
E se Deus nos perguntar onde estamos? Será que poderemos dizer a Ele, realmente, onde estamos? Será que teremos coragem de chamar o Senhor para ir conosco a todos os lugares a que vamos? Ou nos esconderemos para ocultar nossa vergonha? Atrás de quê me escondo de Deus? Atrás de quê te escondes d’Ele? Qual será nossa desculpa para fugirmos da presença do Senhor? Será que O acusaremos de não nos ter dado uma boa companheira? A mulher que me deste induziu-me a... Será que O acusaremos de não nos ter cumulado de bens materiais e, por isso, tivemos de roubar para obtê-los?
Todo o desejo de Deus está gravado em nosso coração. Ele colocou no coração do homem os preceitos da lei, depois deu por escrito os dez mandamentos, para que o homem sempre se recordasse desses preceitos. ( Irineu de Lião)
Em que parte dos preceitos da lei rompeste a aliança com Deus? Que fizeste? Diz o Senhor: “Volta a mim e eu voltarei para ti.” (Ml 3,7)
Foi Tua, Senhor, a iniciativa de nos propor uma nova aliança! Tu te alegras quando retornamos a Ti e vens ao nosso encontro para nos abraçar, não Te importando se estamos malcheirosos, se convivemos com os porcos ou se sujamos a veste real que nos deste. Quando arrependidos, voltamos a Teus braços. Dizes a Teu servo:
‘Lava este meu filho de todas as imundícies e põe sobre ele uma veste real.’ Como um pai amoroso, regozijas com o filho que estava morto, e reviveu; estava perdido e foi achado. (Lc 15,11-32)
Nenhuma palavra humana é capaz de definir Deus, pois Seu próprio ser é um mistério indizível. Toda medida é limitada e infinitamente incapaz de estabelecer um parâmetro entre o Criador e a criação. Mas Deus não faz alarde, não é espalhafatoso; é como o ouro guardado no cofre: só quem o conhece sabe o tesouro que tem. É como o construtor que edifica uma casa, mas que, depois de concluída a obra, não entra nela se não for convidado.
“O Deus de nossa fé revelou-se como Aquele que é; deu-se a conhecer como ‘cheio de amor e fidelidade’. O seu próprio ser é Verdade e Amor.” (Ex. 34,6; CIC. § 231) Ele declara Seu amor de Pai, através de Si mesmo e das obras de suas mãos, criadas e oferecidas gratuitamente ao homem. Deus fala a nós pela boca dos profetas e declara Seu imenso amor pelas obras de Sua criação:
Eu sou como o curso de água imensa de um rio, sou como o canal de uma ribeira, e como um aqueduto saindo do paraíso. Regarei as plantas do meu jardim, darei de beber aos frutos de meu prado e eis que meu curso de água tornou-se abundante, e meu rio tornou-se mar. Penetrarei em todas as profundezas da terra, visitarei todos aqueles que dormem, e alumiarei todos os que confiam em mim. Pois a luz da ciência que eu derramo sobre todos é como a luz da manhã... Continuarei a espalhar minha doutrina como uma profecia. Considerai que não trabalhei só para mim, mas para todos aqueles que buscam a verdade. ( Eclo 24,41-47)
Eu sou o Senhor teu Deus, o Santo de Israel, teu o Salvador. Dou o Egito por teu resgate, a Etiópia e Sabá em compensação, porque eu te aprecio e te amo, permuto reinos por ti, entrego nações em troca de ti. Vai e traz meus filhos de volta para mim, e minhas filhas dos confins das terras, e todos aqueles que guardam meu nome, e que criei para minha glória. Fazei comparecer o povo cego apesar de ter olhos, e os surdos que têm ouvidos! Vós sois minhas testemunhas e meus servos que escolhi. Nenhum deus foi formado antes de mim, e não haverá outros depois de mim. Sou eu, sou eu o Senhor e não há outro salvador a não ser eu. Fui eu quem predisse e salvei, e não um deus estranho. (Isa. 43, 3–13)
“Sião dizia: ‘O Senhor abandonou-me, o Senhor esqueceu-me.’ Pode uma mulher esquecer-se daquele que amamenta? Não ter ternura pelo fruto de suas entranhas? E, mesmo que o esquecesse, eu não te esqueceria nunca.” (Isa 49,14)
“Olhai as aves do céu: não semeiam, nem ceifam, nem recolhem nos celeiros, e vosso Pai celeste as alimenta. Não valeis muito mais que elas? Considerai como crescem os lírios do campo. Não trabalham, nem fiam. Entretanto, eu vos digo que o próprio Salomão, no auge de sua glória, não se vestiu como eles.” (Mt 6,26-30)