O ESPÍRITO SANTO, SANTIFICADOR
Nos primeiros tempos, Deus ungia seus escolhidos e, somente estes recebiam a assistência do alto para conduzir o povo ao encontro e reconciliação com o Criador. Assim procedeu ao ungir patriarcas, reis, sacerdotes e profetas consagrados para uma missão vinda de Deus. Embora conhecessem a profecia de Joel:”derramarei o meu Espírito sobre todo servo e serva” ... os povos antigos não tinham pleno conhecimento do Espírito Santo como pessoa da Santíssima Trindade. Foi Jesus que ao enviar seus discípulos nos deu este conhecimento: “Ide, pois, e ensinai a todas as nações; batizai-as em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo” ( Mt 28,19). O Espírito Santo é o Deus que realiza todas as obras na Igreja, por isso, a melhor forma de conhecê-lo é contemplando suas obras. Ele estava em ação desde o princípio da criação, e depois de haver falado pela boca dos profetas, está agora com os discípulos e neles, a fim de ensiná-los e conduzi-los à verdade! (Mt 28,19;At 2,1-13; CIC $ 243). “Ninguém diz:‘Jesus Cristo é o Senhor’, senão movido pela ação do Espírito Santo”.(I Cor 12,3; Mt 16,15-17)
Os ministérios são diversos, mas um só é o Senhor. Há também diversas operações, mas é o mesmo Deus que opera tudo em todos. A cada um é dada a manifestação do Espírito para proveito comum. A um é dada pelo Espírito uma palavra de sabedoria; a outro, uma palavra de ciência, por esse mesmo Espírito; e a outro, a fé, pelo mesmo Espírito; a outro, a graça de curar as doenças, no mesmo Espírito; a outro, o dom de milagres; a outro, a profecia; a outro, o discernimento dos espíritos; a outro, a variedade de línguas; a outro, por fim a interpretação das línguas.Mas um e o mesmo Espírito distribui todos estes dons, repartindo a cada um como lhe apraz”. (I Cor 12,5-11)
Durante toda a história do cristianismo, a manifestação mais evidente do Espírito Santo aconteceu quando os primeiros cristãos se achavam reunidos em oração, no Cenáculo: “De repente, veio do céu um ruído, como se soprasse um vento impetuoso, e encheu toda a casa (At 2,2). Achavam-se, então, em Jerusalém judeus piedosos de todas as nações que há debaixo do céu... E todos ouviram publicar as maravilhas de Deus em sua própria língua”. (At.2,5-11). A certeza de que a Igreja de Cristo nasceu sob o impulso do Espírito Santo no dia de Pentecostes, levou o Papa João XXIII a pedir, em oração com a Igreja de todas as partes do mundo, o derramamento do Espírito Santo, para que as maravilhas de Pentecostes realizadas nas primeiras comunidades cristãs, se repetissem:
‘Renova em nossos dias os prodígios como em um novo Pentecostes e concede que a Santa Igreja, reunida em unânime e mais intensa oração em torno de Maria, Mãe de Jesus e guiada por Pedro, propague o reino do divino Salvador, que é reino de verdade, de justiça, de amor e de paz. Assim seja”.
Já na Constituição Apostólica de 25 de dezembro de 1961 João XXIII convoca o Concílio Vaticano II e pede um Novo Pentecostes na Igreja: “Repita-se, pois agora, na família cristã, o espetáculo dos apóstolos reunidos em Jerusalém depois da ascensão de Jesus ao céu, quando a Igreja nascente se encontrou toda reunida em comunhão de pensamento e oração, com Pedro e em redor de Pedro, Pastor dos cordeiros e das ovelhas. Digne-se o Espírito divino escutar, da maneira mais consoladora, a oração que todos os dias sobe até Ele de todos os recantos da Terra".
Em fevereiro de 1967, numa casa de retiros, nos Estados Unidos, 30 pessoas estavam reunidas durante um final de semana, (17/19), No dia 18 ficam em estudo e oração, à noite pedem o Batismo do Espírito Santo e um novo derramamento do Espírito Santo acontece. Essa notícia se espalhou pelo mundo inteiro e os dons espirituais são derramados em muitas partes do mundo.
No Brasil, padres jesuítas fazem retiros chamados Experiências do Espírito Santo, e surge então em 1970, no Brasil, a Renovação Carismática Católica (RCC). No início, tivemos que lutar contra nossa própria incredulidade e enfrentar a oposição conservadora dos que não aceitavam a RCC como um dom gratuito de Deus para a Igreja.Essa resistência conservadora durou décadas. Ainda nos anos noventa, mais precisamente, em 11de junho de l997, um Padre de outra diocese celebrava na capela do Asilo de S. Vicente em Montes Claros, Minas Gerais e vendo um convite para uma palestra sobre Maria, oferecida pela Renovação Carismática, resolveu, durante a homilia, dar umas “pinceladas” de desafeto: Não tenho nada contra a RCC, mas pode vir alguma coisa boa dos Estados Unidos?Este questionamento gerou uma dúvida perturbadora em muitas que participavam daquela celebração. Vem de Deus a Renovação Carismática?
Até certo ponto, a prudência do sacerdote em relação à manifestação de fé provinda dos Estados Unidos, era pertinente, porque, o maior número de seitas satânicas do mundo encontra-se naquele país. Mas uma voz interior me dizia: Veja os frutos da Renovação Carismática (Mt 7,18). Olhe o zelo e apego que os carismáticos têm à Palavra de Deus, o amor à Eucaristia... Eles oram em línguas, pregam com renovado ardor missionário, amam Maria, a mãe de Jesus. Também não sofreram afronta os discípulos por causa do nome de Jesus?
Convém que tudo seja examinado com cautela, para não acontecer que venhamos a pisar em campo minado. Mas será que sabemos discernir entre o bem e o mal? Não abraçar sem antes examinar? Muitos curiosos examinando a literatura espírita apreciaram-na de tal modo, que se tornaram um deles.
Sejamos cautelosos como Gamaliel: Não se metam com estes homens. Se o seu projeto ou sua obra provém de homens, por si mesma se destruirá, mas se provém de Deus, não podes desfazê-la, pois te arriscarias entrar em luta contra o próprio Deus”(At 5,38). Então, um certo sacerdote de nome Ribamar, apresentou sua acusação: Os carismáticos cometem heresia em relação ao Pai e o Filho, por adorarem o Espírito Santo. Mas Nazianzeno retrucou: “Se o Espírito Santo não deve ser adorado, como é que ele me diviniza pelo batismo? E se ele deve ser adorado, não deve ser objeto de um culto particular?” (CIC § 2670). Paulo relembrando sua missão apostólica acrescentou:
“Enquanto houver entre vós ciúmes e contendas, não será porque sois carnais e procedeis de modo totalmente humano? Quando entre vós um diz: ‘Eu sou das Comunidades Eclesiais de Bases (CEBs)’ o outro: ‘Eu sou da Renovação Carismática Católica (RCC)’,não é isto modo de pensar totalmente humano? Pois, que é a CEBs ? E que é a RCC? Senão simples instrumentos com os quais trabalhamos para o Reino de Deus, e isto conforme a medida que o Senhor repartiu a cada um deles.Que é Apolo? E que é Paulo? Simples servos por cujo intermédio abraçastes a fé.Eu plantei, Apolo regou, mas Deus é quem fez crescer.(Cf ICor 3,2-7)
João, pediu a palavra para narrar o encontro de Filipe com Natanael: “Jesus tinha a intenção de dirigir-se a Galiléia. Encontra Filipe e diz-lhe: Segue-me”.Filipe era natural de Betsaida, (cidade de André e Pedro.) Filipe encontra Natanael e diz-lhe: “Achamos aquele de quem Moisés escreveu na lei e que os profetas anunciaram: é Jesus de Nazaré, filho de José” Respondeu-lhe Natanael: ‘Pode, porventura, vir coisa boa de Nazaré? Filipe retrucou: “ Vem e vê.’ (João 1,43-46).
As palavras de Natanael ressoaram em minha mente com o questionamento daquele sacerdote: “ Pode , por ventura, vir coisa boa do Estados Unidos?”Mas Filipe prontamente responde : Vem e vê.