TEMOS UMA MÃE NO CÉU
Muitas pessoas não aceitam a maternidade da virgem Maria, criam bloqueio ao seu amor misericordioso de mãe, porque tiveram algum desentendimento com a mãe biológica, ou não amam a mãe biológica, porque recusam o amor de Maria, a mãe espiritual. A mesma coisa acontece quando temos alguma desinteligência com nosso pai biológico, logo surge um vazio que ocupa nosso mundo interior e aos poucos nos desligamos também de Deus. E se não estamos na intimidade com Deus, abrimos uma brecha através da qual o inimigo pode introduzir a fumaça do mal.
O relacionamento entre marido e mulher, e entre pais e filhos, às vezes apresenta algumas cruzes que sem a graça de Deus, não somos capazes de suportá-las.Precisamos aprender com Maria a ficar de pé diante de nossas cruzes. Amar a nossa cruz como Jesus amou o madeiro que carregou sobre seus ombros, porque a cruz é o caminho da salvação. “Quem quiser vir a mim, tome sua cruz e siga-me”. Os irmãos apartados alegam que os católicos atribuímos a Maria mais requisitos que a ela foram dados por Deus. Não seria o contrário?
Quando Deus disse a Maria, pela boca do anjo Gabriel. “Ave cheia de graças...” Seríamos nós capazes de compreender a abrangência do ‘cheia de graças’ na dimensão divina? (Lc1,28) O que nos une aos cristãos não católicos é o Evangelho. O que nos separa deles é interpretação do mesmo Evangelho, principalmente em relação à Maria, mãe de Jesus, que eles não veneram e não a aceitam como mãe. Este é o princípio da divisão da família cristão. É esta uma das linhas que separa o católico do não católico.
Jesus quis nascer numa família, a família de Nazaré. Mas enquanto os católicos têm uma família completa, pai, mãe e filho; os não católicos têm uma família sem mãe. Aliás, não é uma família sem mãe. É uma família que rejeita a mãe, portanto, dividida. A casa dividida torna-se alvo fácil do ataque inimigo. “O ramo não pode dar frutos por si mesmo, se não permanecer na videira” ( Jo15,4). Por mais fino que seja o fio de lá, entrelaçado entre outros fica forte, ocupa espaços, toma forma, e pode cobrir a nudez da pele.Cada membro da família é como fios de lã entrelaçados entre si, adquirem forma, ocupam o espaço e fortalecem a fragilidade da fé.
Em 1998 participávamos de um Cenáculo com Maria, na cidade de Montes Claros. Aproximando-se a hora do encerramento, aconteceu um momento mariano muito intenso e algumas pessoas sentiram o cheiro de um perfume desconhecido. O pregador, dirigindo-se à assembléia, perguntou se alguém queria dar um testemunho da Virgem Maria. Celeste então, contou um fato ocorrido em sua vida:
Meu nome é Maria Celeste, há vinte anos, saía do Santuário do Bom Jesus, quando atravessava o Largo em frente, em direção à rua Padre Augusto, um veículo freou bruscamente a poucos metros de mim. Foi um susto enorme e por pouco não fui atropelada. Um rapaz dirigia o automóvel e uma senhora no banco de passageiros fora arremessada contra o pára-brisa. Tentando acomodar-se novamente no banco do a mulher me perguntou:
- Você se machucou?
-Não Senhora!
-Onde você mora?
-No bairro Todos os Santos!
-Vamos te levar em casa. Podemos?
Avaliei as possibilidades de perigo e não vi nenhuma. O rapaz parecia educado, além do mais, estava acompanhado por uma senhora de aproximadamente 60 anos. Aceitei a carona porque o susto me tinha deixado nervosa e também quebrado o salto da sandália. Tomamos a Padre Augusto e mais adiante a Rua Santa Maria na direção do bairro Todos os Santos. No final da Santa Maria eu disse: ‘ Podem parar.Eu moro aqui. Muito obrigada pela carona!’
-Meu nome é Marinho, esta é minha mãe. Disse o rapaz. E você?
-Meu nome é Maria. Maria Celeste.
-Você é bonita, mas tem o nome daquela Mulher que os católicos endeusam.
-Senti meu rosto empalidecer. Nunca alguém falara com tanto desdém a respeito de meu nome.Não tive tempo para lhe dar nenhuma resposta adequada, porque logo o rapaz se despediu e foi embora.
-Até outro dia, desculpe-me pelo susto que lhe dei. Depois passarei aqui para conversarmos melhor.
Tchau! Respondi desejando que ele se afastasse logo.
Celeste calou-se por longo tempo enquanto refletia as palavras de Marinho o: ‘A mulher que os católicos endeusam?’ e texto bíblico que ela muito conhecia:
‘Porei ódio entre ti e a Mulher, entre a tua descendência e a dela. Esta te ferirá a cabeça, e tu lhe ferirás o calcanhar’ ( Gen 2,15). A serpente ferirá o calcanhar da Mulher, e esta lhe esmagará a cabeça... Porei ódio entre ti e a Mulher, entre a tua descendência e a dela... Então, ou somos descendentes da Mulher ou do inimigo dela?- pensou.
Só existem duas gerações: A geração da Mulher e a geração da serpente. A qual delas devemos amar? Como pode uma pessoa odiar Maria?! Aquele rapaz lhe pareceu simpático, mas não pudia gostar de uma pessoa que não aceitasse seu nome pelo fato de ser igual ao nome da mãe de Jesus. “Depois eu passo aí para conversarmos melhor”, foram as últimas palavras de Mário antes de dizer tchau!
Na semana seguinte, apareceu meio sem jeito, na casa de Celeste. Logo que o viu, Maria Celeste pensou: “Se ele vier fazer chacota com meu nome, vou também zombar dele.Vou perguntar se Marinho é um filho pequeno de Mário ou um bichinho do mar? Seu pensamento foi interrompido por uma saudação: “boa- note” - bem esticada.
- Boa nooote...!
Ficaram ali na calçada sem dizer nada durante alguns minutos, até que uma voz acanhada irrompeu o silêncio.
-Vim pedir desculpas pela brincadeira com seu nome.
Ela sorriu suavemente. Ele correspondeu com um sorriso largo e aliviado.
Celeste, porém, não conteve a curiosidade e perguntou:
-De onde vem o nome Marinho?
-Do nome meu pai. Meu pai é Mário. Meu nome também é Mario, mas desde pequeno me chamam de Marinho.
A conversa durou poucos minutos, depois despediu-se dela e saiu. Celeste entrou em casa pensativa: ”Ele não é católico, mas me pareceu interessante, e se voltar outra vez e me pedir em namoro? “
Mário voltou outras vezes “para conversar mais um pouco” e acertar as diferenças. Ele era evangélico e ela católica.
Tudo saiu conforme Celeste havia imaginado.... Veio o pedido de namoro e depois de casamento. No decurso desse tempo, ela perguntara a um sacerdote e ficou sabendo que não havia nenhum impedimento, na forma canônica, desde que prometessem educar os filhos na fé católica.
Casaram-se em 1980 e no ano seguinte, nasceu a primeira filha. O coração de Celeste desejava dar à menina o nome de Maria, mas essa parte não foi conversada, também o terço que ela rezava quando estava sozinha em casa, não foi colocado em discussão. A criança nasceu e foi batizada com o nome de Mariana - uma homenagem que Mário quis fazer a sua esposa, juntando ao nome dela o nome de Ana, avó paterna da menina. Celeste jamais colocara sua fé em confronto com os conceitos que seu esposo e sua sogra tinham a respeito da Virgem Maria. . Apenas se recordava de lhes ter contado o caso de dois sacerdotes que se tornaram prisioneiros de guerra...confinados num campo de concentração, um deles andava de um lado para o outro, enquanto dizia: “ Maria, saúda-me” O outro sem nada entender, perguntou:
- Por que Maria saúda-me?
- Ora, quando Maria saudou Isabel, Isabel ficou cheia do Espírito Santo. (Lc 1,41).Então, saúdo Maria para também ficar cheio do Espírito Santo e suportar o sofrimento desta prisão.
A lembrança dessas coisas trazia à sua mente as últimas palavras que lhe dirigiu D. Ana em seu leito de morte: “Minha filha! Obrigada por me ensinar que Maria não é o Caminho, mas é uma seta apontando para o Caminho. Ela não é deusa, mas leva o Espírito de Deus às pessoas. João foi batizado ainda no ventre da mãe, porque Maria levou Jesus até ele. (Lc 1,39-41). Como eu fui ingênua por tanto tempo, me fazendo órfã de mãe viva! Como foi bom ter-me encontrado com Maria”!
Apesar desta revelação que Ana fizera à nora, nunca contara como tinha sido seu encontro com a mãe de Jesus. Provavelmente, numa visita como Maria fizera a Isabel, porque D. Ana dava sinais de que estava cheia do Espírito Santo.
LIMA,Adalberto. Uma Luz na Escuridão