Mileide ( Tributo)
Mileide ( Tributo)
Delasnieve daspet
Foi em novembro de 1.996 que o Werner, meu filho caçula, apareceu com a novidade;
-"Mãe, ganhei uma cocker. Nasceu no dia 8 de outubro passado, e, vou traze-la em dezembro" .
_ " Dia oito?!" - nossa! - respondi - no dia do aniversário do teu pai...
Ficou nisso - mas antes do Natal ela chegou.
Eu já não queria mais cachorros - me envolvo muito com eles - eu os amo - e, tem vez que nem saio de casa para
não dexa-los a sós.
Vocês entendem do que falo, tenho certeza. Porque os filhos trazem os animaiszinhos - mas quem os cuida, somos
nós, os pais.
Ela chegou. Pelagem preta e branca. Um toquinho de cachorro. Tinha apenas dois meses..
Brava que só.
E, surpresa! a cocker se revelou a mais queridas das vira-latas. Era uma cruza de cocker com fox. Herdou do cocker as patas peludas, as orelhas caidas, olhos cor de mel e o peito peludo e o porte elegante no andar. Do fox, o genio iráscivel e barulhento.
Eu amo cachorros.
Me entrego, a eles, de coração. Totalmente. E, eles, a mim.
Temos, eu e os meus cachorros o mais profundo amor e espeito um pelo outro - como criaturas que habitamos este planeta e filhos de Deus - que somos.
Aquele tequinho de cachorro chegou e tomou conta.Briguenta -rosnava e arrumava encrenca com quem chegava ou passasse pelo portão de casa.
Criava caso com todos - imaginem aquela " trainha " de nada chamou o Killer
para uma briga. O Killer - é o Boxer do Marcel - hoje , com 10 anos. Meu lindo, adorável brasino, crianção, um doce babão. Quem tem Boxer sabe do que falo.
E como a chamariamos?
Veio uma lista de nomes... Werner optou por Mileide.
Mileide era a própria " ladie" - reinava absoluta e serena. Era comilona, suave, doce, uma amiga amorosa. Acima de tudo era uma companheira inseparável. Enquanto eu estivesse de pé - ela estaria ao meu lado - com beijinhos ( lambidinhas ) e seu não ligasse uma pequena mordida na perna, como que me dizendo: "eii! tou aqui!" .
Se eu estivesse escrevendo ou no pc ela estaria deitada ao meu lado.
E quando achava que já bastava de escrever, ler ou trabalhar ela vinha me dava uma focinhada e um doce grunhido e, me mandava a bolinha de borracha para jogarmos... não importa a hora que fosse... vez ou outra me pegava jogando bola 01 hora da manhã...
Aí eu parava tudo e olhava dentro do seu olhar cor de mel e me entregava a um convivio de amor gentil.
Falar de amigo é complicado. Muito dificil.
Ainda mais quando o amigo em questão é aquele que sempre esteve ao teu lado em todos os momentos da vida.... Chovendo ou fazendo sol - lá estava ela!
Pois - de novo - chegou dezembro. 2005.Nove anos da chegada de Mileide... e, eis que de repente percebo que ela esta quieta, sem brincar num canto - com leve tremor pelo corpo... não achei que fosse nada sério...
Só na semana do Natal é que me dei conta que minha amiga estava enferma.
Veterinários. Remédios. Comidinha especial... nada ajudou.
Os chamegos e os carinhos já não eram retribuidos com a alegria de sempre.
Somente seu olhar continuou intenso - docemente dolorido!
Ela esta internada agora. Passamos a noite em claro - ela nos meus braços, eu a ninando - como ela me ninou tantas vezes com sua companhia, a sua maneira.
Falei com ela.Li trechos de A Última Grande Lição - O Sentido da Vida - de Mitvh Albom.
Sei que ela entendeu minhas ponderações. Pedi a ela que se desapegasse da vida.
Que eu nunca a tiraria da cabeça pois ela vive em meu coração. Que viveria em mim nas saudades do que não fizemos.
Cochichei em seu ouvido - para que ninguem me ouvisse e me chamasse de louca: " Vá, querida!
Abra tuas asas e alce seu vôo. Solo. Lá no infinito te espera um céu de bolinhas azuis, nuvens brancas, água limpa e tigelinha verde de ração...
Deve existir um céu de cachorros... Lá um dia eu irei te abraçar e beijar e agradecer estes 9 anos de puro e verdadeiro amor que partilhamos".
Olhei-a mais uma vez nos olhos. Dei-lhe um beijo e a ajeitei nos braços, encorajando-a com suavidade:
- " Vá, querida! Deixe-nos. Somos teus e és nossa. Assim será sempre" .
" Vá! " .
" Va na frente e nos espere - um dia chegaremos - para o nosso reencontro, tão logo o Livro da Vida se feche".
Escrevo este tributo triste e o dedico a mais doce das " vira-latas" do planeta: MILEIDE!
...A frase da veterinária rebimboa em minha mente: " Está dificil a
recuperação" ...
Em Campo Grande MS - 21,56 hs do dia 9 de janeiro de 2006.
**Mileide foi a óbito no dia 10.01.2006 às 18:30 hs - não antes de se despedir com um abanar de rabo e um doce olhar.