De um 15 de outubro de 1889 II

Não perdemos o amor. Houveram lacunas, houveram momentos que pareciam eternidade de silêncio, mas não perdemos. Podíamos ter vivido mais, mas penso que vivemos. Não sei se tem alguém que já viveu tão intensamente os sentimentos e fez isso de uma forma que nossa história ficará para sempre e pode contagiar o mundo com cada lacuna vivida. As folhas secas, as pétalas amaciadas das figueiras que voam e se partem ao vento, são nossas pegadas que vamos deixando no caminho e podem ser tapetes de amor para que outros andarilhos as colha e as faça suas e com a sua dor, com o seu sofrimento, com o amor e a paixão cure sua própria alma como curamos a nossa. Eu imaginei que a noite deve ter sido enevoada com minha própria voz, (eu percebi), e que bom que perguntou. Talvez eu jamais falaria se não tivesse acordado com sua pergunta em minhas mãos. Obrigada pelo meio minuto de um abraço, pelo olhar profundo em meus olhos me falando. Eu tinha medo que você não levantasse da cadeira... eu não saberia o que fazer...